Já aqui referi o quanto aprecio o jornal on-line "Observador".
Pelo rigor nas noticias, pela valia dos colunistas e pela excelência das entrevistas e reportagens.
É hoje, de longe, o meu jornal favorito que tem como único defeito o não ser em papel.
Sinal dos tempos.
Pois numa dessas reportagens (da jornalista Rita Dinis) publicada no passado sábado é abordado o pós poder de alguns políticos como Manuel Monteiro, António José Seguro, Edite Estrela, Jorge Coelho, Rui Gomes da Silva entre outros que ocuparam diversos cargos relevantes e depois voltaram ás suas vidas profissionais.
E as diferenças que sentiram com a perda de poder, de protagonismo, de privilégios e regalias.
É um tema curioso.
Pelo menos desde a queda da cadeira de Oliveira Salazar e da encenação que foi feita até á sua morte para que não se apercebesse da perda do poder.
De lá para cá (tal como sempre ao longo da História) foram muitos os que "caíram" das respectivas cadeiras.
Uns com enorme dignidade, percebendo a temporalidade do exercício do poder em democracia, regressando ás suas vidas profissionais ou gozando reformas tranquilas e longe das luzes da ribalta,
Outros recusando-se a aceitar que o seu tempo tinha passado e exibindo uma permanente azia quer contra a perda do poder quer quanto aos que vieram ocupar os lugares que não conseguem entender que já não são seus.
Ramalho Eanes e Mário Soares são dois exemplos paradigmáticos de cada uma das atitudes perante o pós poder.
Mas há mais.
Francisco Balsemão que desde que deixou de ser primeiro ministro se dedicou à sua vida empresarial ou José Sócrates que anda por aí a exibir uma permanente raiva e frustração.
Também no poder local, especialmente desde a lei de limitação de mandatos, se verificaram casos diversos de reacção à perda do poder que nalguns casos levava décadas.
Uns foram embora discretamente considerando terminada uma fase das suas vidas dedicada ao serviço público.
Outros andam por aí.
Sonhando com regressos, "armadilhando" quanto podem o caminho dos seus sucessores (o serem do mesmo partido não é óbice), escutando com deleite a adulação dos fieis (mesmo daqueles que à cautela jogam em todos os campos), prometendo "amanhas que cantam".
Recusando admitir que há um tempo para tudo e que na esmagadora maioria dos casos o tempo não voltará para trás.
No fundo Salazar teve alguma sorte.
Porque o destino o terá impedido de fazer tristes figuras.
As que apesar de tudo fez deveram-se à doença, à idade e à corte que o rodeava.
Álibi que muitos dos ex autarcas zangados com a lei da limitação de mandatos não terão.
Andam a fazer tristes figuras por conta própria.
Depois Falamos.
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