O futebol é assim mesmo.
Nuns dias fazem-se grandes exibições e não se ganham jogos ou então ganham-se à tangente.
Noutros fazem-se corresponder os golos ás exibições e ganha-se por três quando se merecia ganhar por cinco ou seis.
Noutros, ainda, sofrem-se derrotas pesadas sem nunca se chegar a perceber bem porquê.
E depois há os jogos como o de ontem.
Em que não se jogou quase nunca bem, em que o adversário nos consegue manietar durante grande parte do jogo, em que a equipa não consegue por no relvado o seu potencial e a sua forma habitual de jogar e em que quando tudo parece perdido aparece uma estrelinha que nos permite fazer em 10 minutos o que não tínhamos conseguido nos 80 anteriores e acabar por vencer um jogo extremamente complicado.
Noutros clubes chamam a essa estrelinha a estrelinha de campeão.
No Vitória é preferível chamar-lhe a estrelinha de quem tendo feito um jogo cinzento nunca desistiu de procurar a sorte e de tentar vencer o jogo.
Olhei sempre para este jogo em Arouca com muito respeito.
O adversário não é uma das melhores equipas da Liga mas é claramente superior a Gil Vicente, Boavista, Penafiel ou VFC para citar alguns adversários já defrontados.
É uma equipa que joga para o meio da tabela, bem treinada por Pedro Emanuel, consistente na forma como se dispõe em campo e que sabe jogar e impedir o adversário de fazer o mesmo.
Com uma ou outra excepção é uma equipa que vende caro as derrotas.
Ontem foi isso que aconteceu.
O Vitória entrou mal, teve dificuldades em impor o seu jogo e apostou excessivamente em Hernâni como a gazua para abrir a defensiva arouquense através de lances em velocidade e em que o extremo vitoriano acabou por se perder, na maioria das vezes, em dribles inconsequentes e em centros e remates com pouco nexo.
Podia ir pelo argumento simples, e simplista, de que a equipa sentiu a falta de Bernard e do seu futebol enleante e perturbador para qualquer defesa.
Mas isso seria injusto.
Para Bruno Alves, que o substituiu e rubricou uma exibição aceitável mas própria de quem não tem caracteristicas idênticas a Bernard, e para a restante equipa também ela responsável pelo cinzentismo da exibição.
E depois quem tem no grupo de trabalho jogadores com a qualidade de Crivellaro e Barrientos não pode encontrar na ausência de Bernard a desculpa para a palidez da exibição.
Em especial num primeiro tempo quase desesperante para os adeptos.
A verdade é que a equipa jogou os 94 minutos sem um número 10, alguém que pegasse no jogo ofensivo e isso tornou as coisas mais difíceis.
A segunda parte foi estranha.
O Vitória entrou melhor mas o Arouca entrou mais perigoso e embora os vitorianos tivessem mais posse de bola e mais controlo de jogo pressentia-se que a qualquer momento os locais podiam chegar ao golo.
Tiveram uma bola a na barra com mais espectacularidade do que perigo porque Assis tinha o lance controlado e pouco depois chegaram ao golo numa altura em que o (Rui)Vitória já tinha trocado Bruno Alves por...Ricardo Gomes numa tentativa de reforçar o ataque.
Isto quando 99,9999% dos vitorianos já "suspiravam" há muito por Álvez.
E por paradoxal que pareça (eu bem digo que a segunda parte foi estranha...) o golo chegou na hora certa.
Muito a tempo de permitir ao Vitória "acordar" e partir para a reviravolta no marcador e mesmo a tempo de impedir outra substituição estranhissima que RV se preparava para fazer metendo Gui (já estava com Flávio junto ao quarto árbitro)não sei para o lugar de quem e muito menos para quê.
Com o golo RV mandou( e bem) sentar Gui e entrar Álvez que que não tendo participação decisiva em nenhum lance ajudou, e muito, a baralhar as marcações da defesa local com a movimentação própria de um ponta de lança.
E o Vitória fez dois golos, teve ainda um remate perigosissimo a proporcionar a defesa da noite ao guarda redes adversário, e acabou por vencer com mérito um jogo que esteve muito perto de perder.
Digamos que uma vitória e um mérito muito mais assentes na transpiração do que na inspiração.
Mas com erros próprios que desta vez não impediram o triunfo mas que devem merecer séria reflexão de todos.
Treinadores e jogadores.
Porque o grupo vale bem mais, e tem um potencial bem maior, do que aquilo que mostrou no relvado de Arouca.
Duas notas finais.,
Uma para a excelente arbitragem de Jorge Sousa e seus auxiliares.
A outra para o facto de o Vitória ter jogado em casa porque a maioria dos espectadores eram vitorianos.
Mais de 1000 adeptos numa 6ª feira à noite em Arouca é extraordinário.
Digno de campeões.
Depois Falamos.
P.S. Não posso deixar de me interrogar sobre quantos vitorianos teriam ido a Arouca num sábado ou domingo.
Infelizmente a Sport-tv persiste em querer destruir o futebol.
2 comentários:
Boa crónica. Com concordo com tudo, Sr. Luís Cirilo. Embora já tivesse referido num post anterior as minhas impressões genuínas aftermatch cheias de adrenalina sobre o jogo de ontem, volto aqui porque ainda não estou satisfeito, sobretudo, por ter sofrido tanto. Parece que o jogo começou depois de um bacanal, sem a agressividade habitual inerente ao Vitória, quando tudo seria diferente com abstinência e dois cafés.
A situação mais gritante foi a tardia entrada de Alvez. Com o Vitória a perder por 1-0, e como diz e bem, o uruguaio serviu para baralhar as rígidas marcações dos defesas do Arouca aos nossos avançados e facilitar os golos vitorianos, como se constatou.
O que passou pela cabeça de Rui Vitória em arriscar uma espera tão longa? No fim tudo acabou bem, mas tive a noção que a corda foi esticada até ao limite e que se podia sair de lá com um prejuízo que não merecíamos, principalmente se quisermos ainda algo mais que os lugares europeus.
Depois, como já disse, Hernâni, o homem do jogo, precisa de rédea curta para se tornar melhor jogador e só deve usar a criatividade quando a equipa tiver o resultado seguro.
Rui Vitória não andou a dizer que queria estrelas para fazer o que lhe apetece? Pois, tem duas na frente, duas a meio campo, três na defesa e uma na baliza. OITO! Quantas mais estrelas ele precisa? Quer ser contratado por um dos três grandes quando pode chegar à imortalidade no Vitória com o orçamento que tem? Para mim, os três grandes são Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique. Qual é a dúvida? Será que Rui Vitória se está a esquecer que se está na corrida ao título de Campeão Nacional é porque tem uma equipa carregada de estrelas? Infelizmente ele ainda não se deu conta disso quando faz discurso directo.
Do jogo de ontem, certamente Hernani, o nosso "Ronaldo" e meio, percebeu que ele e a equipa ganham mais a soltar a bola mais cedo para o golo aparecer mais depressa e a evitar lesões que lhe podem dar cabo da carreira.
Um Parabéns vertical ao Vitória com champanhe e gambas para todos!
No dia 28 não há desculpas para somarmos mais três pontos com os nossos manos do Moreirense.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Olhei sempre para este jogo com apreensão. Por um lado pelo valor do adversário e por outro porque temia algum deslumbramento dos nossos rapazes. A convocatória de Rui Vitória apenas aumentou os meus receios. Deixar de fora Crivellaro para levar Gui, Caiado e Ricardo Gomes pareceu-me um erro. Ainda por cima sem Bernard. O jogo apenas confirmou os receios. Felizmente evitou-se a derrota que chegou a parecer o mais provável e com alguma estrelinha ainda ganhamos. Mas é como diz; a corda foi esticada até ao limite. Quanto ás estrelas estou totalmente de acordo. Talvez um dia o Rui Vitória ainda tenha saudades destas estrelas...
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