Quando Bruno de Carvalho venceu as eleições para presidente do Sporting, depois de uma anterior derrota que deixou polémica a envolvê-las, encarei-o como alguém que poderia trazer um contributo muito positivo para o futebol português.
Vinha de fora do "sistema", não fazia parte das habituais "elites" de onde tradicionalmente (há excepções...mas poucas) saem os presidentes do SCP, tinha um percurso como adepto de bancada que o tornava diferente do que é comum ver-se por aí.
Discurso arejado, ideias novas, medidas eficazes(ao que se sabe) para redução do passivo leonino,limpeza no plantel de futebol profissional,pareciam reunidas as condições para uma nova era no clube de Alvalade que poderia depois repercutir-se noutros clubes.
Pareciam...
Porque duraram pouco.
O primeiro péssimo sinal foi a presença no banco dos suplentes que não é o lugar onde se deve sentar o presidente do clube.
Só um desejo exacerbado de protagonismo o pode justificar porque o futebol do século 21 já não é o do século 20 e a proximidade exagerada aos interpretes do jogo, a começar pelos próprios jogadores leoninos, tem muito mais inconvenientes do que vantagens.
E depois tudo o resto.
Declarações infelizes e de muito mau gosto, guerra permanente a tudo e a todos, ausência de lugares onde não podia deixar de estar e um egocentrismo e uma vaidade exacerbada impossíveis de esconder.
Para BdC o Sporting é ele e mais ninguém.
Por isso atacou ignobilmente Manuel Fernandes, meteu em tribunal a direcção anterior, atacou duramente Luís Duque via imprensa porque ir a uma reunião da liga cara a cara foi algo que não ousou fazer, criticou os jogadores das equipas A e B via facebook.
Um verdadeiro manual de tudo que um presidente não deve nem pode fazer.
Mas a vaidade , o egocentrismo, o culto da própria personalidade ainda o levaram mais longe.
Criou a televisão Bruno de Carvalho, a que eufemisticamente alguns chamam Sporting.tv, e faz dela uma caixa de ressonância quase diária das suas opiniões, pensamentos e teorias sobre o clube, o futebol português e o que mais lhe apetece.
Em tudo idêntico ao que Hugo Chávez fazia com a televisão pública venezuelana.
E um destes dias, porque a vaidade já não se satisfazia com o ser entrevistado por funcionários, foi mais longe.
E convocou os três diários desportivos para o irem entrevistar á "Bruno de Carvalho -tv".
Uma imprensa livre, isenta e independente tinha-o mandado dar a volta ao "bilhar grande" que ele merecia.
Mas como se sabe não é esse o caso.
E lá foram os três jornais, quais "rafeiros" a abanarem alegremente a cauda ao chamamento de um dos donos, participar nessa sessão de promoção do presidente do Sporting.
E fizeram-no enviando "jornalistas" de topo das respectivas redacções (directores adjuntos e afins) não fosse quem os tinha convocado ficar melindrado por ter "jornalistas menores" a participarem na paródia.
Durou duas horas e meia (!!!) a arenga de BdC (já nem sei se não teremos um misto de Chávez com Fidel...) perante a complacência e a cumplicidade dos "jornalistas" que ao arrepio de toda a deontologia profissional deram cobertura a esse simulacro de entrevista.
Do que lá foi dito não ficou memória nem "sumo" que se aproveitasse como vem sendo habitual nas aparições públicas do egocêntrico e vaidoso presidente do SCP.
Mas teve o mérito inegável de uma vez mais se provar (como se fosse preciso...) a subserviência e os fretes que a imprensa desportiva deste país(e esses jornais em particular) faz a três clubes do pobre e triste desporto que vamos tendo.
Ao menos pode creditar-se a BdC esse serviço.
Embora ele nem saiba que o fez.
Depois Falamos.
P.S. Ressalvo, por justo, todos aqueles jornalistas que nesses três jornais se esforçam por fazerem verdadeiro jornalismo.
Não são muitos...mas são bons!
4 comentários:
Faltou a referência ao programa mensal tipo "conversas em família" que ele protagoniza nesse canal! É o "estado novo" ou novo estado do sporting. No mínimo: Ridiculo!
Caro Francisco Guimarães:
O problema, dele, vai ser quando os adeptos perceberem que por trás de tanto folclore continua o vazio de títulos.
Como dizia alguém pode-se enganar muita gente durante muito tempo mas não se pode enganar toda a gente sempre.
E a capa do Jornal O Jogo de hoje??? No mínimo revoltante!
Quando o Vitoria ganha categoricamente em casa a um dos três grandes, nada de grandes parangonas! Hoje, lembraram-se de pôr o João Afonso a encher uma capa inteira!
Espero que isto só tenha sido uma (infeliz) coincidência!
Caro Rui:
Não há coincidências.
É o desporto e o jornalismo que temos
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