A decisão de sete deputados do PSD ( e 28 do PS) de votarem contra o fim dos debates quinzenais com o primeiro ministro, nascida de uma absurda sugestão do PSD prontamente aproveitada pelo PS, mereceu um enorme relevo noticioso e político pela coragem e dignidade daqueles que ousaram afrontar os directórios partidários.
No caso específico do PSD, que lançou a sugestão e decidiu votá-la favoravelmente sem sequer a discutir no seio do seu grupo parlamentar(!!!), o assunto levantou enorme celeuma porque não só um partido de oposição quer o máximo de oportunidades de confrontar o governo (no tempo do primeiro ministro Pedro Passos Coelho nunca o PS apresentou semelhante proposta por razões óbvias) como considerar a ida do PM ao Parlamento uma perda de tempo,e não um momento nobre do seu trabalho, revela uma visão canhestra da democracia e uma enorme falta de respeito pela Assembleia da República que é a casa da democracia.
E por isso a atitude de Pedro Rodrigues, Margarida Balseiro Lopes, Emídio Guerreiro, Alexandre Poço, Pedro Pinto, Alvaro Almeida e Rui Silva mereceu o apoio e admiração de muita gente, dentro e fora do PSD, por considerarem que com o seu voto tinham honrado o cargo que ocupam, defendido o prestígio do Parlamento e mostrado que ainda há no PSD quem honre a história do partido e aquela que é a sua boa tradição parlamentar.
Claro que também incorreram na ira dos poucos "apparatchicks" que ainda se prestam a defender o indefensável e que na tarde de ontem não devem ter feito mais nada que não fosse andarem pelas redes sociais a vomitarem o seu desagrado, a sua intolerância, o seu sectarismo contra aqueles que tinham ousado desobedecer ao "querido líder".
E de caminho tentando exorcizar todos quantos, militantes ou não do partido, apoiaram publicamente os sete deputados.
Acontece que esta questão da imposição do fim dos debates quinzenais não é uma questão interna do PSD (ou do PS) como os "apparatchiks" radicais querem fazer crer e andam a propagandear por quem tem paciência para os aturar nas redes sociais.
Tem a ver com a qualidade da democracia, com o regular funcionamento das instituições, com a asfixia que se pretende fazer aos partidos que não concordaram com esta aberração , com o direito de a oposição fiscalizar e controlar a actividade do governo.
E por isso me sinto representado, enquanto cidadão, pelos 35 deputados que no Parlamento votaram contra este enfraquecimento propositado da qualidade da democracia perpetrado pelas direcções do PSD e do PS.
Depois Falamos.
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