Não sei, sinceramente, se a maior ameaça para a paz mundial está hoje na Ucrânia ou no norte do Iraque e da Síria.
Num lado a Rússia imperialista, liderada por um Putin que se acha czar, retoma ambições territoriais do século 19 e vão tacteando o pulso ao Ocidente (leia-se EUA porque quanto à Europa estamos conversados...) para perceberem até onde os deixam ir.
A Crimeia...já era e o leste da Ucrânia vai pelo mesmo caminho caso o Ocidente (EUA) não descubram a melhor forma de travar o expansionismo russo.
Creio que nos massacrados estados bálticos (Lituânia, Letónia e Estónia) já se devem sentir uns arrepios frios e não é do Outono que está a chegar...
Na outra região citada assiste-se a um recrudescimento da barbárie e do terror, que parece mais próprio do século X ou XI do que do XXI, perpetrado por terroristas radicais (chamar-lhes islâmicos é ofender o Islão que nada tem a ver com aquelas práticas) sem qualquer respeito pela vida e pela dignidade da pessoa humana.
Autênticos selvagens.
Que tem como objectivo o regresso ao califado,com a abrangência territorial que a imagem demonstra, e dando-nos a duvidosa honra de Portugal ser uma das reconquistas.
Creio, apesar de tudo, que destes bando de loucos criminosos não virá uma ameaça tão substancial como da Rússia.
Porque , apesar dos apoios de que dispõe, não passam de um exército sem pátria e sem acesso ao armamento de uma super potência como a Rússia continua a ser.
Para além do facto de ter sido relativamente fácil reunir um conjunto de países, incluindo os da região, dispostos a fazerem-lhes frente e a exterminarem a ameaça.
Vai demorar tempo, custar vidas e haveres, mas acredito que o problema se resolverá.
Falta é saber as sequelas, nomeadamente ao nível de terrorismo urbano em cidades europeias, que vai deixar.
Na Ucrânia, isso sim, está um sério problema.
Porque reedita os tempos da "Guerra Fria"( embora hoje falar de "Pacto de Varsóvia" seja impossível) e coloca frente a frente os velhos adversários de sempre.
Os Estados Unidos da América e a Rússia "herdeira" da União Soviética.
E aqui convém, por todas as razões, que o assunto se resolva mesmo pela via diplomática.
Na qual a Nato, a União Europeia e os EUA deverão fazer uma séria reflexão sobre se todos os "sinais" que tem enviado para a Rússia nos ultímos anos serão os mais adequados e conducentes a ter o maior país do mundo numa posição de tranquilidade perante os que o rodeiam.
Ás vezes parece-me que não.
Depois Falamos
E aqui convém, por todas as razões, que o assunto se resolva mesmo pela via diplomática.
Na qual a Nato, a União Europeia e os EUA deverão fazer uma séria reflexão sobre se todos os "sinais" que tem enviado para a Rússia nos ultímos anos serão os mais adequados e conducentes a ter o maior país do mundo numa posição de tranquilidade perante os que o rodeiam.
Ás vezes parece-me que não.
Depois Falamos
15 comentários:
Não tenhamos medo da Rússia, tanto como ela foi a U.R.S.S, pois o que se verifica, hoje, quanto à diputa da Ucrânia - ou parte dela - deve-se ao medo de Putin ver instalados mísseis ofensivos tão perto de Moscovo.
A Rússia não tem o poderio dos EUA e, por isso, estamos bem protegidos.
O Estado Islâmico é fogo fátuo. Os jihadistas perdem a razão toda por causa dos métodos desumanos com que tratam as pessoas... são perigosos, devemos estar alerta; infelizmente, após eles, outros terroristas virão, por causas que a Sociedade a nível mundial vai ter que resolver - se ainda for a tempo! Oxalá.
Para mim, o maior perigo para a Europa e para o mundo inteiro será a vaga de nacionalismos que parece querer irromper por todo o lado: Escócia, Catalunha... eu sei lá!
A União é que faz a Força.
Cumprimentos.
Tenho uma opinião ligeiramente diferente da sua na questão russa, Sr. Luís Cirilo.
Segundo a informação que vamos recebendo, a Rússia age na defesa dos cidadãos que estão a residir teimosamente no território ucraniano porque tem fronteira a meias com o território em convulsão. No entanto, se isso implica a anexação russa de províncias como a Crimeia e Donetsk ou visa assegurar sua independência até à criação de novos estados, é uma questão que ainda está por definir.
No meu entender, Putin está a imitar Obama à maneira russa. Não quer guerra nem estará interessado em expandir território. Apenas a grangear respeito por si e pela Rússia.
Repare, o homem está a passar por uma fase complicada. Está divorciado desde o ano passado. Deve está passionalmente a viver com galdérias na pujança do início da terceira idade. É normal. Foi a própria Angela Merkel que lhe diagnosticou o mal de ele ter os testículos em conflito com a razão. Tem 61 anos. É o homem mais temido da Rússia e, acima de tudo, tem maturidade suficiente para não se atravessar à frente dos EUA que, de uma maneira geral, supervisionam e intervêm nos conflitos mundiais na procura da Paz. Até acho que os EUA, qualquer dia, merecem o prémio Nobel da Paz.
Quanto ao Estado Islâmico, o líder, Abu Bakr al-Baghdadi, tem de ser morto, assim como o número dois, Abu Hajr al-Suri, que parece que terá morrido na semana passada durante um ataque aéreo. Falou-se disto mas ainda ninguém confirmou o óbito.
Não se pode dialogar com esta gente do terrorismo. Matando os líderes, deixa de haver centro de comando e o discernimento hierárquico para prosseguir o plano de conquista.
Por isso, é uma questão de tempo até o EI esfumar-se. É uma guerra que convém aos EUA para testar a última geração de drones, sem ter que sacrificar a vida de soldados no terreno.
por outro lado, a euforia daqueles ocidentais que se juntaram ao Estado Islâmico tem os dias contados. São como aqueles jovens a jogar videojogos no computador com armas reais. Há-de chegar um dia que vão cansar-se e darem-se conta que o mundo não perdoa o crime, a intolerância e as faltas de respeito. Nesse dia ou se entregam e apanham perpétua ou deixam o último cartucho para eles próprios.
Quim Rolhas
No meio da sua cegueira derivada do seu ódio de estimação pela Russia, vejo finalmente uma frase que subscrevo: "... a Nato, a União Europeia e os EUA deverão fazer uma séria reflexão sobre se todos os "sinais" que tem enviado para a Rússia nos ultímos anos serão os mais adequados e conducentes a ter o maior país do mundo numa posição de tranquilidade perante os que o rodeiam."
Desculpem mas nesta questão vou ser egocêntrico, ou melhor, geocêntrico pois, por muita importância que tenham ou por alguma inquietação que levantem, as questões do Califado e da gerra na Ucrânia são, para mim, secundárias e um tanto ou quanto distantes, face ao que se passou no Domingo na Bancada Sul Inferior no Estádio D.A.H.
O País está, ainda está, mergulhado numa crise financeira em que cerca de 15% das pessoas não têm emprego, muitas, mesmo muitas já emigraram e também muitas passam por dificuldades grandes, o país tem estado a ferver e a tampa ainda não saltou, mas pode saltar!
Tal como nas ruas de Paris ou Madrid, tal como em Istambul ou numa pequena cidade americana, basta uma faísca para incendiar as pessoas.
E infelizmente essa faísca costuma ser a morte de um ou mais inocentes.
Tal como com as atitudes racistas na América ou em França ou as prepotências do poder na Turquia, a atitude das Forças Policiais no Domingo podia ter dado lugar à morte de alguma pessoa inocente e com isso fazer saltar para a rua, (as nossas ruas!) toda a insatisfação e raiva de um povo, que como já disse anda à uns anos a ferver.
Aqui não se trata de saber quem tem razão, nem como começou, trata-se, isso sim, de saber porque foi usada tamanha força, se foi ordem do comando ou apenas um momento de medo de um dos militares.
E enquanto a Força Policial não fizer "mea culpa" e apontar o responsável todos vão pensar que o ataque aos cidadãos vai ficar impune, como impunes têm ficado os que deram "conta" do país, como impunes ficaram os próprios agentes da Força Policial após, em manifestação própria, terem assaltado a escadaria de um dos nossos 3 orgãos de soberania.
É sim este "status quo" que me inquieta, pois não quero ver as pessoas a fazer a guerra aqui as portas da minha casa!
Qual é a diferença entre o Kosovo e a Criméia? O Ocidente, EUA-UE_e a NATO – consideraram a secessão do Kosovo da Sérvia legítima, pois que a autorização das autoridades centrais do pais não é necessária para uma declaração unilateral de independência, em acordo com o artigo 2 do artigo 1 da Carta das Nações Unidas.
Assim herdamos dum Estado mafioso, o Kosovo, largamente muçulmano, dirigido pelo UCK (Exército de Libertação do Kosovo), durante anos na lista dos estados terroristas dos EUA, RU e França, financiado, armado e treinado por Al – Qaïda, nos campos do Paquistão, que forneceu mesmo alguns membros que lutavam contra os Sérvios da Jugoslávia.
O UCK é hoje conhecido pelas torturas, o tráfego de mulheres, de heroína e mesmo de órgãos humanos. Um belo aliado do Império!
Na Ucrânia a situação é muito diferente. A secessão da Crimeia foi feita após um referendo onde 90% dos habitantes se declararam em favor da separação da Ucrânia. Normal, pois que eram Russos.
A situação na Ucrânia é o resultado dum golpe de Estado contra um governo democraticamente eleito, golpe perpetrado por elementos nazis, financiados, armados e apoiados pelos EUA e a UE, com a NATO na frente.
Em 9 de Setembro, NBC News mostra imagens da TV alemã, na qual membros ucranianos da praça Maidan, em Kiev, são equipados de capacetes com símbolos nazis, velha tendência dos Ucranianos, que incitam publicamente a "matar os Russos, os comunistas e os Judeus". "
Apesar disto, Putine, comparado a Hitler, é que é o imperialista e novo Tsar, que avança contra o Ocidente!!! Curioso que se esqueça o cerco da Rússia pela NATO. Imaginemos a Rússia instalando bases militares no Canada e no México, do Atlântico ao Pacifico. E recordemos o que uma base soviética em Cuba provocou como reacção de Kennedy.
No mundo ocidental existem muitos cidadãos bem intencionados que amam a América. E porque não: a América tem muitas facetas excepcionais. Só quem lá foi frequentemente pode falar. E mesmo sem lá ir, muitos sucumbem à propaganda do governo americano para justificar as suas acções militares, um pouco como Charlie Brown que sucumbe pela bola de Lucy!
Esta crença fundamental nas boas intenções da América está sempre ligada ao excepcionalíssimo americano. Mas vejamos de perto quem é imperialista, Caro Dr. Cirilo:
Desde o fim da segunda guerra mundial, os EUA :
- Tentaram de derrubar mais de 50 governos estrangeiros, muitos eleitos democraticamente.
- Largaram bombas sobre as populações de mais de 30 países.
- Tentaram assassinar mais de 50 dirigentes estrangeiros.
- Tentaram de suprimir um movimento populista ou nacionalista em 20 países.
- Interferiram grosseiramente nas eleições democráticas em pelo menos 30 países.
- Utilizaram a tortura, não somente aplicada directamente pelos Americanos sobre estrangeiros, mas também pelo fornecimento de material de tortura, de manuais de tortura, de listas de pessoas a torturar, trazendo-os em avião para países estrangeiros que colaboraram indirectamente na tortura, e de conselhos personalizados por formadores americanos em particular na América Latina.
Invadiram, destruíram e tentaram ocupar 15 países, entre os quais o Vietname, o Iraque, o Afeganistão, Cuba, Panamá, republica Dominicana etc.
Pode dizer-se que é de facto excepcional um tal balanço. Nenhum pais na História pode igualar os EUA.
Constato que lhe dei uma imagem muito negativa do que os EUA fizeram no mundo e é talvez um pouco difícil a engolir para alguns. Enquanto não se compreender que a política estrangeira dos EUA comporta , desde há muito, um objectivo nacional coerente, de dominação mundial, como antes sob outros nomes como o Manifest Destiny, o século americano, o "excepcionalíssimo americano", a mundialização, ou, como dizia Madeleine Albright : " a nação indispensável", os Ameericanos continuarao a impor-nos tudo.
Continuarei sobre o "Califado"" se me permite.
Freitas Pereira
Para compreender a situação actual criada pelos bandos islâmicos ( não são um Estado), voltemos a 1970. Nessa época , os países incriminados tinham governos laicos, que respeitavam as diversas religiões .
A partir desta data - 1970- e durante os dez anos até 1980, o Afeganistão teve um governo laico, relativamente progressista, com todos os direitos para as mulheres, o que parece incrível. Mesmo um relatório do Pentágono reconhecia a existência desses direitos das mulheres. Não esquecer isto cada vez que os Americanos dizem que estão lá para proteger os direitos das mulheres.
Os EUA decidiram então derrubar este governo, financiando e armando os Moujahedeen islâmicos ou guerreiros santos., que combatiam os Soviéticos. Os Taliban tiveram entao acesso ao poder em Cabul. Conhecemos o resultado.
Depois do Afeganistão veio o Iraque, outra sociedade laica, sob Saddam Hussein. Conhecemos todos a história desta invasão e a razão essencial : o petróleo. Os EUA derrubaram este governo, que sob uma ditadura, é certo, mantinha as três religiões essenciais em paz: shiitas, sunitas e cristãos. O povo Curdo , aspirava à independência, mas esta dependia de três países onde os Curdos estão disseminados.
Agora o Iraque foi invadido pelos djihadistas e fundamentalistas loucos e sanguinários, financiados pelo Catar e a Arábia Saudita, de religião sunita, aliados dos EUA, cujo objectivo é de combater os shiitas onde quer que estejam. Estes djihadistas eram aliados objectivos dos EUA na medida em que combatiam os Alaouitas, representados por Assad , na Síria. Só que agora, os EUA procuram combater os djihadistas , apoiando Assad, porque os djihadistas pretendem instaurar a Charia no resto do Iraque e, de facto, ameaçando os poços de petróleo iraquianos. Para já estes conquistaram os de Mossul em território Curdo.
Depois veio a Líbia, pais também laico, e rico em petróleo, onde sob uma ditadura existia um certo progresso social e económico, mas onde Washington e os djihadistas tinham um inimigo comum : Kadhafi. Os Americanos , através da NATO, bombardearam o povo líbio , todos os dias, durante seis meses o que permitiu aos djihadistas de controlar certas áreas do pais. Um pais que, tinha um "ranking" elevado no índice de desenvolvimento humano da ONU .
Estes aliados de guerra dos EUA mostraram a sua gratidão assassinando o embaixador americano e três outros americanos , da CIA, em Benghazi.
No fim dos anos 2000, os EUA apoiaram os militantes islâmicos do Cáucaso da Rússia, onde reinava o terror religiosos devido as acções dos Tchetchènes.
Enfim na Síria, e afim de derrubar Assad, os EUA combateram do mesmo lado que varias facções djihadistas islâmicas.
A Síria e o Iraque são agora um campo de jogo e um campo de batalha para toda a espécie de fundamentalistas ultra militantes, assassinos, que pariu o "Estado Islâmico".
A criação deste monstro deve muito ao que os EUA fizeram no Iraque, na Líbia e na Síria no decurso dos últimos anos.
Penso no que dizia Condoeeza Rice: " Os EUA não têm necessidade de ser guiados pelas noções de direito internacional e normas ou instituições tais que as Nações Unidas, porque os EUA estavam " do bom lado da história. "
Tudo lhes é permitido.
Só um comentário rápido à frase do Senhor Quim Rolhas : "Até acho que os EUA, qualquer dia, merecem o prémio Nobel da Paz. "
Parece que não contabilizou os 900.000 mortos do Vietname, os 750.000 mortos do Iraque, os 180.000 do Afeganistão, e todos os outros provocados pelos golpes de Estado da CIA no mundo, como os 4 000 no Chile de Pinochet.
Afim de respeitar a memória destes povos assassinados pelos EUA , o presidente Obama devia devolver o Prémio Nobel da Paz que recebeu , pois que as suas acções não são nada pacíficas neste momento na Ucrânia.
Utilizar o batalhão Azov do Partido Neo Nazi Pravy Sector em Kiev, cujos milicianos incorporados no exército regular ucraniano não hesitam a expor os símbolos nazis nos capacetes, não é nada glorioso nem digno dum prémio da Paz.
A solução que propõe para eliminar os djihadistas deve ser coerente com os nossos valores . Sim, porque os vídeos de soldados americanos urinando sobre os cadáveres de talibãs no Afeganistão, e as fotos de relíquias - bocados de cadáveres - trazidos como troféus pelos mesmos soldados, ou os gritos de alegria dos operadores de drones confortavelmente instalados numa base do Arizona, no momento em que o míssil que enviaram sobre civis na rua , matando mulheres, velhos e crianças e dois correspondentes da Reuters, só pede vingança. Operação " baratas esmagadas" chamam-lhes eles.
O Ocidente encontra-se hoje nesta espiral da violência que ele semeou desde há anos.
A solução para erradicar o "Califado" é simples:
- Secar as fontes de financiamento que conhecemos bem : : os países do Golfo , à cabeça dos quais estão a Arábia Saudita, o Catar, os EAU.. Uma decisão do Conselho de Segurança da ONU punindo estes financiamentos basta ...
Parar com o abastecimento em armas destes mercenários djihadistas. estas armas vêm de França, e dos países do Golfo que as compram aos EUA, fornecendo-as directamente aos "rebeldes moderados" ! da Síria que acabam entre as mãos dos terroristas. Viram os tanks dos djihadistas no Iraque? Donde vêm senão do exército iraquiano, isto é, dos EUA. Em vez de aplicar sanções à Rússia aplique-se sanções aos países ocidentais que infringirão esta decisão !
Eu sei, Senhor Quim Rolhas : sanções impossíveis, porque quem manda na ONU são os EUA.
Ao Senhor Karvalhovsky : Escrevi noutro blog" estas palavras, que espero o destinatàrio me perdoarà de as transcrever.
"Esta nação que nos deu Pouchkine e Guerra e Paz, Nijinsky e o Lago dos Cisnes, que tem uma das mais ricas tradições picturais do mundo, que classificou os elementos da natureza, que foi a primeira a enviar um homem no espaço, que é a única a poder levar hoje os homens , incluido americanos, para o Spacial Lab, que produziu carradas de génios do cinema, da poesia, da arquitectura, da teologia, das ciências, que venceu Napoleão e Hitler, que edita os melhores manuais de física, de matemáticas e de química, que construiu a mais longa linha de caminho de ferro no mundo e que ainda a utiliza, que reconstituiu uma classe média em quinze anos após a terço-mundializaçao gorbatcho-eltsiana, que governa o sexto das terras emersas, é tratada dum dia para o outro, como um bando de brutos, aos quais se deve fazer o favor de eliminar o seu ditador sangrento antes de os educar a servir a "nossa" , a "verdadeira" civilização !
Freitas Pereira
Caro Sr. Da Freitas,
Gostei muito do seu texto. Palavra d'honra! Da sua visão sobre os EUA, clarificando e apontando a responsabilidade deles nos conflitos do médio oriente. Mas se me permite, aproveitar para simplificar discurso.
Partilho alguns dos seus pontos de vista, alguns dos quais estão na génese de parte do terrorismo imposto pela maldita charia, claro, e sobretudo quanto à vocação dos Estados Unidos em assumir uma postura de policiamento mundial à força e com isso estarem a provocar danos colaterais imprevisíveis.
Mas para além dos Estados Unidos, não estou a ver outra nação confiável que os substituísse nessa nobre função que impõe, em certa medida, a Paz Mundial. Sejamos realistas, Sr. Da Freitas. O Sr. e eu, estaríamos muito preocupados, se um Putin estivesse no lugar de Obama e ainda mais se se tratasse de um louco como Abu Bakr al-Baghdadi à frente dos EUA. Nesse cenário, teríamos uma terceira guerra mundial à porta.
Eu acho que Putin, de uma forma ou doutra, deu a provar à Ucrânia, e até à União Europeia, o sofrimento por que passou a nação Russa quando se deu desfragmentação a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Por outro lado, o crescente domínio da União Europeia face à Rússia, intrometendo-se em questões que a Rússia encara como de política interna, obrigam Putin a utilizar argumentos que são válidos aos olhos dos EUA quando escuda a sua acção em defesa de cidadãos russos daquela região ucraniana que, como disse e bem, são maioritariamente russos. O que ele não entende é que a recente carga de sanções impostas pela UE e EUA são resultado do fornecimento de material bélico da Rússia a Donetsk e à Crimeia como se estas regiões passassem a províncias da Rússia depois do tal golpe de Estado, que o Sr. da Fretas fala, sem que ainda haja reconhecimento internacional para uma autodeterminação que também não será o desejo final do 'czar' Putin.
Para que fique claro, a minha admiração militar pelos EUA acaba com o fim da II Guerra Mundial e renasce com a sua participação sem tráguas contra o Estado Islâmico. Também quero que saiba que sou português. Não trocaria Portugal por nenhum outro País do Mundo e estaria disposto a lutar e dar a vida pelo meu País por todos os meios em qualquer altura.
Na conturbada relação entre os EUA e o médio oriente, quanto a mim, há um assunto sensível que nos estamos a esquecer e que mina toda a ação americana por mais bem intencionada que seja. A maldita forma de religião que eles querem impôr ao mundo! A charia. Não permite tolerância de qualquer outra religião senão a Islâmica, sendo as outras restantes chamadas de infiéis, por conseguinte são alvos a abater.
O Estado Islâmico é o exemplo vivo que política e religião islâmica não são compatíveis. Nem islâmica, nem qualquer outra. Enquanto os EUA se esquecerem deste pormenor, por mais que se faça secar as fontes de financiamento externas, de origens como o Qatar, Arábia saudita, etc, a ocidentalização daqueles territórios começa sempre do zero. Haverá sempre um novo Bin Laden a ressurgir das cinzas a cada ciclo geracional.
Quim Rolhas
Caro Senhor Quim Rolhas
Antes de mais, muito obrigado pelo interesse que concedeu aos meus escritos.
Mas antes de lhe responder gostaria de deixar aqui as minhas felicitações ao nosso amigo comum, Dr. Cirilo , pelo sucesso do blogue que criou e anima. Este espaço de liberdade no qual participo há já alguns anos, é para mim um meio de voltar à minha Terra, em pensamento, cada vez que o consulto, e de manter , também, vivo, o meu Português, que não utilizo diariamente há mais de meio século. Belas fotos, variadas, vindas do mundo inteiro, e temas desportivos nos quais o nosso Vitoria ( também sou Português e Vimaranense, e mesmo ...Vitoriano !) tem um lugar de destaque. Os diálogos políticos também são de qualidade, por vezes renhidos, mas corteses, e mesmo se não estamos sempre de acordo o que importa é participar. Como diria o criador dos Jogos Olímpicos modernos, o Barão de Coubertin.
Voltando aos temas discutidos, o caso Putin só pode ser compreendido se integrarmos o facto que os problemas actuais provêm da desintegração da URSS, decidida por Gorbatchev , o que foi equivalente ao fim duma entidade que até essa data era temida e respeitada.
Putin é nacionalista e conhece o potencial imenso da Rússia em todos os domínios. A ausência de democracia, num pais que nasceu em 1917 e que foi imediatamente contestado e combatido pelo Ocidente, por causa da sua ideologia, enquanto os EUA eram já uma democracia desde o século XVII, está na base do afrontamento existente entre as duas superpotências.
As duas potências nasceram de maneira diferente: Os EUA nasceram da conquista colonial e do genocídio dum povo autóctone. A Rússia nasceu da Revolução depois de ter combatido o feudalismo secular dos Tsars. Os EUA imprimiram práticas salutares de liberdade aos colonos, liberdade sem exemplo no mundo. Como vê, os pontos de partida e os meios são diferentes.
Nos EUA, a democracia americana não perdeu tempo a instaurar uma religião: aceitou-as todas, mesmo as seitas mais veementes vindas da Europa. Livre à partida, nenhum poder aristocrático veio aliar-se a uma religião dominante para lhe criar obstáculos. Contrariamente ao que sucedia na Europa, onde surgiram as revoltas e mesmo as guerras de religião, católicos contra protestantes e vice versa, que a minaram.
Todo imigrante religioso desde a chegada sobre o solo americano era automaticamente republicano. Esquecidos os problemas de religião, dedicaram-se a cultivar as riquezas do solo, e se inovaram não foi na religião mas na politica, criando regras que ainda hoje existem.
A igualdade das condições fará o resultado que age sobre o espírito publico, sobre as leis e os hábitos .
Na Rússia, criada noutras circunstâncias, os interesses mais opostos do feudalismo não permitiam um só progresso que não fosse acompanhado duma crise violenta. A Revolução Russa é a explosão dum mundo esclorosado, onde a aristocracia e a igreja detinham todas as alavancas do progresso, mas pensando mais no proveito próprio que no dos mujiks ou servos.
Para completar o quadro , depois da guerra civil e os massacres ideológicos, temos as duas guerras mundiais, os 30 milhões de mortos e a destruição total do pais.
Putin é o herdeiro desse pais devastado. Conseguiu, apesar de tudo , devolver aos Russos um certo orgulho da Pátria, em quinze anos, e não permitirá que o Ocidente ponha em perigo essa recuperação do respeito internacional. As acções dos ocidentais neste momento são um claro desafio mortal , que se pode transformar num conflito generalizado. Ninguém gosta de viver com uma arma apontada para a cabeça.
Putin , a seu crédito, conseguiu conciliar a fé e a ciência. Falta-lhe agora instaurar uma democracia plena , de liberdade e de associação, de direitos individuais e obrigações sociais, de soberania do povo e da justiça, de governo e dos governados, dos pobres e dos ricos.
(continua)
Mas poderíamos dizer a mesma coisa para as nossas democracias. Esperemos que um dia serão resolvidas ou renunciar a toda esperança de ordem e de paz sobre a terra.
Cumprimentos
Cumprimentos
FreitasPereira
PS) No nosso dialogo sobre o povo árabe e o islamismo, não esquecer a desesperança e o sentimento de declínio que os afecta, desde a queda do império otomano, e que os extremistas exploram vergonhosamente. Na base está a maneira como estas nações foram talhadas a golpes de tesoura pelos ocidentais, sem fazer atenção às diferenças religiosas , que não eram graves quando eram tribos nómadas no deserto ou clãs, mas que como Estados criam fricções mortais.
Caro Sr. DeFreitas,
Sempre apreciei os seus interessantes comentários, mesmo quando ainda não era participante ativo neste blogue do Sr. Luís Cirilo. Considero o Senhor um Homem com uma cultura vastíssima e, mesmo não residindo em Portugal, pelo que me fui apercebendo, aprendo sempre algo novo quando o leio, o que me motiva bastante. Quando comento algum dos seus escritos, sinto-me verdadeiramente honrado por merecer a sua atenção com as suas doutas e sábias respostas ou simplesmente rodapés de informação complementar. Desde já, o meu muito obrigado. É simultaneamente um gosto e um prazer conversar com o Senhor DaFreitas neste blogue.
Quando aos seus recentes comentários, estamos de acordo que os EUA é o resultado da primeira união mundial de povos, Portugal incluído, conseguida em pleno no último quarto do séc. XX, porque foi forjado de raiz com recurso à tolerância religiosa e a implantação de políticas democráticas e republicanas, ao contrário da Rússia.
Por altura dos anos 20 do século passado, as bases do comunismo moderno cresciam na Rússia sob a liderança de Lenine e, nessa altura, essa facção partidária procurava afirmar-se nos EUA por meios agressivos. Foi de imediato considerada terrorista por recorrer à intimidação através de atentados à bomba, como o Sr. da Freitas certamente saberá, bastando consultar a biografia de John Edgar Hoover, fundador do FBI.
Viviam-se tempos que poderiam perigar o sistema com uma indefinição política em menos de duas décadas, mas a democracia vingou porque os cidadãos comunistas, nos EUA, eram poucos entre muitos e quando associados ao partido recebiam a deportação como 'prémio' pela afronta ideológica.
Embora tivesse havido tolerância religiosa, o mesmo não aconteceu com o comunismo nos EUA que foi permanentemente denegrido através de uma hollywoodesca propaganda negativa tal, que o partido comunista americano, importante no desenvolvimento dos sindicatos e mesmo por ter contribuído ativamente para o estabelecimento dos direitos dos afro-americanos, ficou praticamente ostracizado até aos nossos dias.
Portanto, a imagem da Rússia nos EUA está conotada com um longo historial de supressão ao comunismo, acabando por se transformar num tabu americano.
COMENTÁRIO SEGUINTE ----»
Portanto, tudo o que vem de Putin chega em desvantagem e rotulado de abominável aos EUA porque tanto ele como a 'sombra' Dmitri Medvedev nunca deram sinais de querer instaurar, como o Sr. Da Freitas referiu, a "democracia plena, de liberdade e de associação, de direitos individuais e obrigações sociais, de soberania do povo e da justiça, de governo e dos governados, dos pobres e dos ricos".
A Rússia é, de grosso modo, uma ditadura comunista de fachada alternada, com desejos tímidos que querer colar-se à União Europeia e, posteriormente, dominá-la a partir de Bruxelas, que será difícil, mas não impossível. Enquanto a UE relega à ONU, organização controlada pelos EUA, a responsabilidade de intervir ou não nos conflitos militares, já a Rússia, em termos militares, com a China do outro lado dos montes Urais, fica a falar sozinha tendo como pano de fundo a causar espanto e respeito as maçudas e intermináveis marchas militares dos tempos dos antigos líderes como Khrushchev, Brezhnev, Andropov e Chernenko. E só. Porque Gorbachev já não entra nestas contas porque ele acabou a União Soviética.
Portanto, os Estados Unidos pegaram num retalhado modelo de nacionalismo europeu e conseguiram unificá-lo debaixo de uma Nação, enquanto a União Europeia tarda em retocar-se com americanização devido à ancestralidade cultural, histórica e social, invejada pelos EUA.
Sendo Putin um exímio jogador de xadrez por antecipação na área política, aguarda a dependência europeia pelo gás russo fornecido pela Gazprom, através da Ucrânia, para obrigar a União Europeia a acatar ou reforçar a sua posição na Ucrânia através de um conjunto de cedências, que serão mínimas ou nulas, face a pesadas contrapostas que poderão apagar-se depois do levantamento das sanções económicas.
Sobre o Estado Islâmico, é uma questão de meses até a questão estar sanada. Dificilmente, o EI sobreviverá ao Inverno e à intensificação dos bombardeamentos americanos.
E ainda bem.
Quem se segue depois, Sr. Da Freitas, será outro problema a decidir pelo EUA.
Quim Rolhas
Caro Defreitas, o mundo russo é sem dúvidas fascinante.
Mas estas lavagens cerebrais que os nossos media vão dando, fazem com que se forme uma opinião pública sobre o povo russo, como sendo detestável.
É preciso perceber porque é que a comunidade internacional tem 1 peso e duas medidas, para situações idênticas (Kosovo vs Crimeia)...
E o problema é que os interesses dos americanos, colidem com a Rússia que não se revê na condição de ser mais um cordeirinho no rebanho e muito menos com uma arma apontada à cabeça...!
Muito obrigado Senhor Quim Rolhas pelo acolhimento. Há vários pontos do seu comentário dos quais discordo, mas para não abusar do espaço teremos outras ocasiões de os tratar. Tanto mais que vou partir para viagem.Grande prazer em lê-lo. Melhores cumprimentos.
Freitas Pereira
Enviar um comentário