Autocarros que não podem fazer marcha atrás por que dá azar.
Galinhas, sapos e patas de coelho como factor desequilibrador dos jogos.
Ser o ultimo a entrar em campo.
Nunca entrar em campo com o pé esquerdo.
Vestir sempre a mesma roupa quando se ganha.
Uso de amuletos por baixo do equipamento.
Vestir determinada peça do equipamento em ultimo lugar.
Ouvir no autocarro sempre a mesma música enquanto a equipa não for derrotada.
Usar roupa interior de determinada cor.
E por aí fora.
Há jogadores e treinadores que tem dezenas de superstições e outros apenas uma ou duas mas fortemente enraizadas ao ponto de terem profunda influência no seu trabalho.
Quem não se lembre de Marinho Peres, na sua primeira passagem pelo Vitória, a orientar equipa em pleno inverno com uma camisa de manga curta?
E depois há outro tipo de superstição.
A religiosa.
Jogadores que enchem a boca com Deus por tudo e por nada.
Marcou um golo?
Graças a Deus!
Fez uma boa defesa?
Graças a Deus.
A equipa está a jogar bem?
Graças a Deus.
Vai renovar contrato?
Graças a Deus.
Ás vezes interrogo-me quando vejo, por exemplo, a marcação de um penalti.
Sabendo que o marcador atribuirá o golo a Deus e o guarda redes a defesa ao mesmíssimo Deus consoante a sorte do lance.
E interrogo-me sobre o critério de Deus para decidir ajudar um em detrimento de outro.
Devo dizer que sou completamente avesso a superstições.
Não acredito minimamente nelas nem que tenham a mínima influência no jogo e na sorte dos lances .
Quando muito, e em nome da tolerância, faço uma cedência:
Tenho uma superstiçãozinha.
Acredito que no futebol marcar golos dá sorte e sofrê-los dá azar!
É até onde consigo ir em matéria de superstição.
Depois Falamos
6 comentários:
As superstições também não me dizem nada, mas são muitos boas porque divertem os outros que não precisam delas. Há que respeitá-las. Entendê-las na mesma proporção que cada um toma água benta, o que no meu caso é nenhuma.
Acho que as fases da lua, a meteorologia ou a alimentação têm mais influência num jogador, por exemplo, que as superstições. Sejam pagãs ou religiosas.
O Sr. Luís Cirilo não se lembra aqui há uns anos aquela sarilhada que muitos portugueses penduravam no espelho retrovisor interno? Eram terços, chupetas, botas e todo o tipo de peluche. Para não falar das ferraduras fixadas na grelha do radiador ou do trevo nas traseiras. Não adiantava nada. Havia mais acidentes e todos os anos morriam muitas mais pessoas que hoje. Agora a maioria das estradas têm melhores pavimentos do que o maldito paralelo, as regras mais apertadas e morre-se muito menos. A segurança rodoviária aumentou, o vigilância policial também e a qualidade dos carros nem se compara, a ponto de ser ridículo colocar apêndices a invocar sorte para fugir do azar.
O Sr. Luís Cirilo lembra-se também do bruxo Alexandrino, do 'firme e hirto' que em tempos andou por Guimarães a prestar serviços ao Clube e a dizer que as viagens de avião mandavam uma carga de iões negativos para cima dos jogadores sempre que as equipas continentais se deslocavam à Madeira e Açores!? Talvez por isso o Marítimo perdeu este fim de semana com o Belenenses. Ou se calhar não passa de superstição de bruxo! Todos precisam de ganhar a vida. E muitos ganham-na fazendo as pessoas acreditar em todo o tipo de superstições porque a mente humana é facilmente manipulável quando a instrução não deu para mais. Para eles, antes ganhá-la com a língua do que à enxada.
Em todo o caso, o melhor mesmo, Sr. Luís Cirilo, e já que tocou no assunto, pelo sim ou pelo não, o Vitória que arranje uns fatos de macaco anti 'iões' e obrigue a equipa vesti-los antes de embarcar no avião a ver se quebramos o enguiço que dura há cinco épocas de não ganharmos nos Barreiros. É que enquanto a sorte de uns é o azar de outros, o empate é a derradeira prova que as superstições são meros truques bipolares ou fórmulas mnemónicas que cada um usa e abusa para fazer a magia acontecer.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Claro que as superstições não são exclusivas do mundo do futebol.
São transversais à sociedade e partilhadas por pessoas insuspeitas de as terem.
Apenas referi o fenómeno do futebol porque nele, em muitos casos, mais não são do que um bode expiatório para o que se devia fazer bem feito e não se faz.
E quando estamos a falar de competições profissionais estamos a falar de profissionais demasiado bem pagos para não assumirem o bom e o mau das suas profissões sem essas escapatórias infantis.
Ninguém acredita em bruxas!Mas que as hà...hà.
Não acredito que haja alguém (mesmo os que por sobranceria intelectual não admitem) que não tenha pelo menos uma quequenina supertição,faz parte da nossa carateristica mental.
Caro Anónimo:
Olhe há muita gente a acreditar em bruxarias. E a gastar muito dinheiro nisso. quanto ás superstições eu não tenho. E não é por nenhuma tipo de sobranceria. É porque não tenho mesmo. E conheço mais pessoas assim.
Como me vou ausentar, não quero deixar passar este tema sem o comentar, porque me interessa bastante.
Irrita-me também ver certos jogadores entrar em campo carregados de superstições. A superstição é um sentimento algo religioso, fundado sobre o medo ou a ignorância. Mais um povo é religioso e inculto, mais a superstição domina. O Brasil é um bom exemplo.
Interessante de notar que todos os grandes filósofos escreveram sobre a superstição. Uns para a atacar , outros para a justificar. Fazer confiança a forças e poderes impotentes porque se temem quimeras, imaginar falsos deveres, aparentemente não existe uma linha clara entre os saberes e as crenças fundadas dum lado e do outro e as extravagâncias dum espírito que crê saber lá onde ele não sabe nada.
A primeira vez que fui impressionado pela superstição, ou antes pelos efeitos da superstição, foi quando li o famoso livro sobre o processo das "Bruxas de Salem". E quando anos mais tarde passei nessa pequena cidade do Massachusetts., não longe do meu escritório, aprofundei o estudo desse processo, que levou à morte umas dezenas de pessoas (sobretudo mulheres) acusadas de bruxaria pelos puritanos religiosos da época colonial nos EUA.
Vem dessa época o facto que os protestantes assimilam os católicos a idolatras e mesmo pagãos pela uso de imagens nas igrejas.
A oposição da ciência , isto é o conhecimento racional da natureza, está do lado das Luzes enquanto que a superstição está do lado do Obscurantismo.
Mas também é certo que muitas "crenças" consideradas hoje como superstições eram consideradas ontem como saberes.
A superstição então não seria um erro: Ela apoia-se sobre os afectos: desejos e medos levam-nos a conceder crédito aos frutos da imaginação. E como combater a superstição? E teremos o direito de o fazer?
Fazer como os Gregos, que a combatiam pela explicação racional. A ciência permite de sair da situação de "dependência infantil da humanidade".
Caro Dr.Cirilo : O que é aborrecido, é que quando pensamos combater a superstição, deparamos com uma situação onde a assim chamada "tecno-ciência" que nos invade por toda a parte, que confunde por vezes o saber racional com a sua instrumentalização com fins duvidosos alimenta uma reacção contra o espírito cientifico .
Caro Freitas Pereira:
Apenas para dizer que subscrevo por inteiro o seu comentário.
Da clareza e profundidade que caracterizam as suas muito bem vindas intervenções neste blogue .
Gostei especialmente do seu conceito "...A oposição da ciência , isto é o conhecimento racional da natureza, está do lado das Luzes enquanto que a superstição está do lado do Obscurantismo...". É isso mesmo.
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