O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Sim, sou português.
Com o natural orgulho, e a indispensável honra, de ser natural de um país tão pequeno e que na sua longa e gloriosa História soube dar novos mundos ao mundo e levar a sua cultura, a sua língua e a sua civilização a destinos tão remotos num tempo em que o heroismo, a coragem, o destemor eram o primeiro atributo daqueles que viajavam por mares então desconhecidos.
E a esse orgulho e a essa honra junto, bem a contragosto, a tristeza de o meu país ter condições para hoje ser muito melhor do que é mas não o conseguir por razões que não cabem num texto de cariz desportivo.
Diria, até, que o meu país é em muita coisa como o meu clube.
A adiar permanentemente aquilo que há muito já devia ser uma realidade.
Mas voltemos, por agora, ao país e ao orgulho em ser português.
Que no meu caso, e obviamente apenas por mim falo, se traduz na tentativa de ser um razoável cidadão do meu país.
Esforço-me por cumprir as leis (confesso que no que toca a limites de velocidade nem sempre), pago religiosamente os meus impostos, dei dezassete meses da minha vida ao meu país cumprindo o serviço militar obrigatório, procuro viver e conviver dentro das normas, hábitos ,usos e costumes da nossa cultura.
E, voltando ao âmbito desportivo, apoio entusiasticamente as selecções nacionais e os atletas que representam Potugal nas competições internacionais seja qual for o desporto e a modalidade.
Tanto quanto a memória me permite recordar a primeira vez que me lembro de vibrar com uma selecção portuguesa foi em 1966, na inesquecível saga do Mundial de Inglaterra, quando ainda criança vi com grande entusiasmo alguns dos jogos da selecção nacional recordando particularmente as partidas com Hungria, Brasil e a de má memória com a Inglaterra.
Ver e apoiar a selecção foi então hábito que ficou para a vida.
No Mundialito de 1972, no Europeu de 1984, no Mundial de 1986 com a vergonha de Saltillo à mistura, no Europeu de 1996 e depois na magnifica e ininterrupta série de europeus e mundiais em que Portugal marcaou sempre presença desde o Europeu de 2000.
Com a nuance de sempre que me é possível ir ver a selecção ao vivo quando joga em Portugal e assim já tive a oportunidade de a ver nos estádio D.Afonso Henriques, Primeiro de Maio e Municipal de Braga, Antas e Dragão, Bessa, Municipal de Aveiro, Cidade de Coimbra, Magalhães Pessoa de Leiria, Luz (antigo e actual)e Alvalade (antigo e actual) tanto quanto me lembro.
Mas também noutras modalidades apoio Portugal.
Na magnifica saga do andebol nestes últimos anos, no hóquei em patins que tantos titulos nos tem dado, no atletismo onde Portugal tem conseguido triunfos e recordes que a todos orgulham.
Recordo a madrugada em que Carlos Lopes se sagou campeão olímpico, as grandes vitórias de Rosa Mota e Fernanda Ribeiro em Jogos Olimpicos e Mundiais, o “ouro” de Nélson Évora em Pequim, as grandes exibições de Joaquim Agostinho na Volta à França, os recordes de meio fundo de Fernando Mamede e tantas outras proezas e conquistas de portugueses.
E mesmo em modalidades onde Portugal não tem tradição, ou das quais não sou particular adepto, como não vibrar com os feitos de Miguel Oliveira em Moto GP ou até com aquele pitoresco terceiro lugar de Tiago Monteiro num GP dos Estados Unidos de Fórmula 1 em que participaram apenas seis carros.
E o ser português, o tentar ser um bom português ou aquilo a que se chama na gíria um patriota, passa muito por aquilo que atrás ficou escrito.
Cumprir leis, pagar impostos, ser um cidadão integrado na comunidade, ter servido o país no serviço militar, defender e ter orgulho em ser natural desta Pátria.
No desporto apoiar as selecções e os atletas que vestem a camisola de Portugal e o representam nas mais diversas competições das mais diversas modalidades.
Porém, e sendo absolutamente claro, devo dizer que ao contrário de outros não estendo o meu conceito de patriotismo e de interesse nacional á participação de clubes portugueses em competições europeias de futebol que não o “meu” Vitória.
Não vou dizer que gosto de os ver perder, nem tanto, mas é-me absolutamente indiferente que ganhem ou percam porque não ignorando a importância das competições europeias para o país a diversos níveis, nem subestimando a importância dos pontos para os rankings, a verdade é que não consigo nem nunca conseguirei apoiar seja de que forma for clubes que nas competições internas tem um longo historial de prejudicarem o “meu” Vitória.
Refiro-me essencialmente a Benfica, Porto e Sporting.
Os donos do “sistema”.
Aqueles que beneficiam dos colinhos de árbitros e VAR, da benevolência dos orgãos jurisdicionais, de um tratamento de excepção por parte dos governos, de claro favoritismo por parte de FPF e LPFP, de uma cobertura pela generalidade da Comunicação Social que é simplesmente ridicula pelo exclusivo que lhes é dado e vai dos jornais desportivos aos programas televisivos sobre futebol passando pelo absurdo de notícias diárias em todos os telejornais de todas as televisões.
E quando vejo a forma como o Vitória é tratado quando joga com esses clubes , das arbitragens tendenciosas aos VAR cegos de nascença, do branqueamento desses erros por uma CS servil e parcial às diferentes punições de orgãos jurisdicionais conforme se trata do “meu” clube ou de um desses três, sei bem que tudo isso resulta em favôr deles num futebol de terceiro mundo em que há filhos e enteados e a verdade desportiva é apenas uma miragem.
Gosto muito de Portugal. Gosto muito de ser português.
No desporto sempre com as nossas selecções e os nossos atletas.
No resto apenas e só Vitória Sport Clube.
Seria uma hipocrisia dizer o contrário e uma ingenuidade pensar de outra forma.
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