Não posso, sequer, dizer que tenha conhecido António Almeida Santos.
É verdade que fui seu colega no Parlamento durante seis anos ( nos três primeiros era ele presidente do mesmo) mas não houve nenhum tipo de proximidade porque por um lado as circunstâncias nunca o ditaram e por outro por sermos de partidos e gerações diferentes o que não contribuía para a construção de afinidades.
Recordo apenas os cumprimentos circunstanciais quando nos cruzávamos nos corredores ou em cerimónias e duas brevíssimas conversas travadas precisamente nesses corredores era AAS presidente do parlamento.
Uma a propósito de um assunto respeitante a uma comissão de que eu fazia parte e outra, mais ligeira e bem disposta, a propósito de uma escaldante polémica em torno de um...Académica-Vitória!
Os nossos clubes.
Mas não podendo dizer que o tenha conhecido posso testemunhar que era realmente um homem sensato, inteligente, capaz de gerar consensos e que foi um excelente presidente da Assembleia da República.
Especialmente nos três últimos anos em que exerceu o cargo (1999 a 2002)e em que a sua capacidade de moderação e sageza política foram muitas vezes postas à prova na condução dos trabalhos num tempo em que o PS tinha 115 deputados e a oposição em conjunto outros 115.
Anos intensos, de grande debate e polémica, mas em que Almeida Santos foi sempre um "porto de abrigo" para as maiores "tempestades" políticas.
Um homem de consensos,um presidente respeitado por todos os partidos, um homem que teve 230 deputados de pé a aplaudi-lo quando anunciou à Câmara a suspensão de mandato para ser operado ao coração e voltou a tê-los no dia em que terminada a convalescença voltou ás suas funções.
Na hora da morte, especialmente daqueles que deixaram uma marca forte na sua passagem pela vida pública, há sempre alguma tendência para se maximizarem qualidades, menorizarem defeitos e exagerar nos elogios.
Não vou ao ponto de ,como Manuel Alegre, dizer que Almeida Santos foi um "príncipe" da democracia.
Mas direi, isso sim, que foi um daqueles "senadores" em vias de extinção que vão fazendo cada vez mais falta à democracia e a Portugal.
Depois Falamos.
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