Ainda assim muito menos do que gostaria de ter visto porque a relação entre futebol e televisão não era nada do que é hoje e para o ver jogar (com raras excepções nas quais a selecção se incluía) era mesmo preciso ir ao estádio.
Porque dos génios nunca nos cansamos, e Eusébio era um génio do futebol no qual foi um dos melhores do mundo de todos os tempos(acredito que o melhor em determinado período da sua carreira), era sempre um prazer vê lo jogar.
Trabalhar em golos como costuma dizer o meu amigo Ribeiro Cristovão!
Eusébio, como Pélé, nasceu antes do que devia ter sido o seu tempo.
E ao contrário do brasileiro nunca teve uma máquina de marketing por trás da sua carreira que o tivesse projectado para o nível mediático que o seu talento bem merecia e que o colocou ao lado dos maiores como o referido Pélé ou Di Stéfano em termos de qualidade futebolistica mas não de divulgação dessa qualidade.
Mesmo assim Eusébio foi o maior embaixador de Portugal no mundo durante o século passado.
Levando o nome do país, e do Benfica, a todo o lado e dando uma visibilidade a Portugal que só tem paralelo com a que hoje lhe dá Cristiano Ronaldo.
Fez uma carreira extraordinária, mesmo debilitado por sete operações aos joelhos, e deu um contributo decisivo para a afirmação do "seu" Benfica como maior clube português face aos títulos que ajudou a ganhar e ás exibições e golos que encantaram milhões de pessoas ao longo de todo o seu percurso futebolistico.
Se em 1961, ao vir para a então Metrópole oriundo do Sporting de Lourenço Marques filial do Sporting, tivesse optado pelos "leões" em vez das "águias" não tenho duvida nenhuma que a história do futebol português teria sido bem diferente e o clube de Alvalade teria vincado uma hegemonia que vinha do tempo dos "5 violinos".
Mas o destino e Eusébio quiseram de outra forma.
Foi, já o disse, um dos maiores de sempre.
Mesmo tendo nascido muito antes do que devia!
Se hoje Eusébio tivesse vinte anos que jogador espantoso seria.
Melhores relvados, metodologias de treino muito mais evoluídas, uma medicina desportiva sem paralelo com a desse tempo,, uma televisão a mostrar até à exaustão o melhor do futebol, um marketing em seu redor que certamente mostraria exuberantemente a sua qualidade futebolistica e promoveria a sua imagem, a inexistência de uma ditadura a impedir a sua transferência para um colosso do futebol mundial.
E uma mentalidade dirigente diferente que defenderia a sua carreira e não o obrigaria a jogar lesionado, com base em infiltrações, porque os cachets obrigavam á sua presença em campo.
E depois outro pormenor:
Como ele costumava comentar com Pélé, com as bolas de hoje muito mais leves e perfeitas, ambos marcariam golos do meio campo!
E era bem capaz de ser verdade.
Hoje e nos próximos dias estou certo que Eusébio vai ser tema central de noticias, comentários, programas televisivos e por aí fora. Em que recordarão a carreira, o homem, o futebolista e tudo o mais de que se lembrarem.
Eu, enquanto adepto do futebol, tive a felicidade de viver num tempo que me permitiu vê-lo jogar.
E recordarei sempre Eusébio da Silva Ferreira como alguém que contribuiu para dar muitos momentos felizes a muita gente.
Benfiquistas em particular e portugueses em geral.
No fundo a todos que gostam do melhor que o futebol tem.
Os grande jogadores!
Depois Falamos
2 comentários:
"...a inexistência de uma ditadura a impedir a sua transferência para um colosso do futebol mundial."
Já agora a ditadura tem culpa de tudo.
Eusébio não foi para o estrangeiro porque estava "preso" ao Benfica. A lei Bosman ainda não estava em vigor. Eusébio foi para além do mais um Português que serviu a sua Pátria que, ao contrário de hoje, era grande e respeitável.
" Entre as muitas estórias que hoje se recordam, uma das mais curiosas era a ligação do jogador com o Estado Novo, e mais concretamente Salazar.
A este propósito, vulgarizou-se dizer que Eusébio nunca deixou Portugal e o Benfica porque Salazar “decretou” que ele seria uma propriedade do Estado. O próprio Eusébio deixou essa ideia na confissão de uma das conversas que teve com Salazar, mas de facto nunca nada foi oficializado e a razão para não ter chegado a sair foi explicada com obrigações militares que o Pantera Negra também teve de cumprir.
Em 1962/63, Eusébio teve um pré-acordo com a Juventus e acabou por não sair porque tinha de ir para tropa, pois era impensável para a ideologia do Estado Novo dispensar fosse quem fosse de ir à tropa. Eusébio cumpriu o serviço militar e permaneceu no Benfica."
E ainda bem.
Caro Anónimo:
Não vale a pena negarmos as evidências. Eusébio ficou no Benfica porque o governo de então proibiu a sua transferência. E nesse tempo não era preciso oficializar nada como saberá.
De facto permaneceu no Benfica e o ainda bem aplica-se apenas ao clube.
PAra Eusébio teria sido bem melhor ir para um grande clube estrangeiro. E para Portugal também.
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