É um lugar comum dizer-se que o tempo passa a correr.
E passa!
Não tão depressa como o Flash mas ainda assim a uma velocidade que não permite descuidos nem perdas de ...tempo.
Tenho escrito,aqui e ali, que considero as eleições autárquicas de 2013 as mais difíceis da história do PSD em termos de poder local face a um avultado número de dificuldades que parecem estar a caminho de concentrar-se.
A dois anos de distância, e com algum conhecimento que julgo ter do partido, identificaria cinco que se junta á velocidade do tempo para chegar a uma preocupante meia dúzia.
A primeira tem a ver com o facto de por imperativo legal mais de 80 presidentes de câmara do PSD não se poderem recandidatar a essas mesmas câmaras.
E embora um ou outro se vá candidatar a outros municípios a esmagadora maioria não o fará.
São dezenas e dezenas de processos sucessórios com os seus inerentes riscos.
A segunda tem a ver com o prevísivel descontentamento popular nessa altura.
Tradicionalmente o povo utiliza as autárquicas para mostrar um"cartão amarelo" ao governo e nada indica que deixe de o fazer desta vez quando as medidas tomadas para reparar erros cometidos por outros cobrarão pesada factura ao actual governo em termos de popularidade.
E se a essas medidas contratualizadas com a "troika" juntarmos alguns erros de iniciativa própria(e bem dispensáveis por sinal) então o "caldo" ameaça entornar.
A terceira tem a ver com a paralisia evidente do PSD.
Com a direcção politica no governo (Passos Coelho,Miguel Relvas,Paula T. Cruz ou Marco António Costa) com vices em trajectória de afastamento(Jorge Moreira da Silva e Diogo Leite Campos) ou mantendo a "virtualidade" de sempre(António Rodrigues e Nilza de Sena)o partido está sem direcção política no dia a dia e na tomada de decisões correntes mas importantes.
Até porque toda a gente percebe que o que se faz no partido obedece a directivas de quem está no governo.
Quando há tempo para as dar é claro...
E como o PSD precisava de ter vida própria neste momento difícil!
A quarta razão tem a ver com a falta de poder das distritais.
Outrora orgãos temidos e respeitados por quem dirigia o partido são hoje quase correias de transmissão das directivas que vem de cima sem poder para dizerem "Não" ou para forçarem a mudança de politicas e decisões.
As razões para isso acontecer são várias mas é difícil dissociá-las de hábitos,maus hábitos,que vem desde o "cavaquismo" mas que se agudizaram desde a saída de Barroso para Bruxelas.
A este ponto especifico voltarei com mais detalhe.
A quinta, última e mais poderosa(e perigosa) ,razão chama-se desilusão dos militantes.
Que sendo de uma generosidade a toda a prova nos momentos difíceis (leia-se partido na oposição) estão perplexos com o andamento das coisas.
Não porque queiram "jobs for the boys" sejamos claros.
Mas porque estão fartos de ficarem com a fama de "boys" quando os "jobs vão para outros vindos sempre de zonas cinzentas da politica.
Ou porque são convenientemente independentes quando o poder anda por outros lados,ou porque pertencem a organizações não politicas mas influentissimas,ou até porque se transferiram directamente da órbita dos governos socialistas para o da maioria PSD/CDS.
Sendo certo que os parceiros da coligação, o CDS, nessa matéria tem feito muito bem o trabalho de casa.
E não falta quem nas bases espere pelas autárquicas para marcar uma posição...
São sinais preocupantes estes.
Que desejo que os dirigentes concelhios e distritais saibam levar á direcção do partido a tempo de acertar "agulhas" no rumo politico que o partido está a seguir.
Porque chorar sobre "leite derramado" é uma grande chatice!
Depois Falamos
segunda-feira, setembro 05, 2011
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5 comentários:
Subscrevo e partilho a preocupação. Até Paulo Portas teve o cuidado de arranjar alguém para "pegar" no partido.
Ai, ai!
O Cirilo tem razão, mas desde a 'invasão' de tipos dos bairros sociais, ligados a associações criminosas; com quotas pagas e «abono para táxi»-citei; com gorilas á porta nas eleições internas; com o afastamento dos militantes que trabalhavam, a hecatombe tem sido tremenda. Os militantes não existem, os boys, de certas cliques, nem tem capacidade para escrever o nome; a erosão do nome PSD é enorme, a nível autárquico.
Um exemplo disso: em Lisboa, os autarcas tinham mais votos que o presidente do partido; hoje, o PSD, tem muito menos votos nas autárquicas do que nas legislativas/europeias. Foi tão visível nas últimas autárquicas, onde perdemos nos sítios onde havia maioria nas outras. E outra muuuuuuuito interessante: O PSD tinha MUITOS MAIS votos para a CML (Santana Lopes) do que para a freguesia...
A população rejeita estes gangues de bandidos. Noutros sítios rejeitará uma cambada de idiotas, que nem para beber um copo connosco servem.
Desculpe tanto palavreado apenas para dizer: não acredito que o PSD se consiga regenerar até às autárquicas. Mas de camarote, eu, moi, je, vou ver sonhos de grandeza pessoal desfeitos, por pura estupidez -não é líder quer quer, mas quem tem capacidade.
Caro Luis:
É com alguma preocupação,confesso,que vejo o CDS a fazer bem o trabalho de casa.
Em 2013 isso vai notar-se.
Cara il:
Temos trocado opiniões aqui sobre o PSD/Lisboa.
Que é uma preocupação sem duvida pelo que representa de errado nalgumas matérias.
Mas há problemas em todo o país e muitos deles simplesmente por omissão.
O partido parece-me parado.
E isso tem custos
O último parágrafo não é sobre Lisboa.
Lisboa -e arredores- é o que conheço melhor, mas o resto do país também está a 'saque' e ninguém começa a organizar nada. Só vejo intriguinhas de harém, entre os responsáveis pelos tristes resultados que tivemos, e pouco mais.
Há pouco mais de 100 anos tivemos uma bancarrota de que acabémos há pouco de pagar a dívida e só porque durante mais de 40 anos o 'tio' António não deixou roubar. Creio que o desprestígio da república está cada vez maior e o regime em perigo.
Mas também isso eles não vêem, só o hoje.
Cara il:
Tenho as minhas duvidas sobre o tempo que a regeneração vai demorar. Mas tenho a certeza que daqui a dois anos temos autárquicas. e vejo o PSD longe de estar preparado para esse desafio
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