segunda-feira, abril 14, 2008

Viagem a Pombal - O Congresso


Este quarto e penúltimo capitulo da "Viagem a Pombal" sendo aquele que mais histórias encerra,algumas das quais viriam a explicar os anos seguintes,é também aquele que exige mais reserva no narrar dos factos.
Porque ainda não passou tempo suficiente para ser feita uma avaliação rigorosa e justa de alguns deles.
Mesmo assim...adiante.
Uma vez eleitos os delegados ao congresso impunha-se agora um novo tipo de trabalho.
Que nunca tinha sido feito.
Com base na listagem de delegados fornecidos ás candidaturas foi feita uma divisão territorial de todo o país,incluindo Madeira e Açores,que permitiu criar áreas de responsabilidade atribuidas a diversos colaboradores da candidatura.
E assim,enquanto o candidato se dedicava a trabalhar na moção de estratégia e nas principais ideias a defender em Pombal,o grupo de rectaguarda noutro post descrito inicou uma longa maratona de chamadas telefónicas para os delegados eleitos.
A par disso,grande inovação desta candidatura,foi constituida uma equipa de jovens voluntários (a quem chamavamos os nossos delegados de propaganda médica...) que percorreu todo o país contactando pessoalmente os delegados,expondo-lhe as razões e ideias da candidatura e pedindo a apoio ao candidato.
Militantes de concelhias grandes,mas essencialmente das pequenas que elegem um ou dois delegados e nunca na vida tinham sido valorizados,foram contactados por pessoas de uma candidatura para com eles conversarem sobre o congresso.
Essa forma de fazer politica rendeu importantes apoios.
E votos no congresso.
A preparação do mesmo mereceu da parte da candidatura uma atenção levada ao pormenor.
Desde visitas ao pavilhão nos dias que anteceram o congresso com plantas detalhadas do mesmo,á escolha do local onde a comitiva de Luis F.Menezes ia ficar instalada,ao estudo dos tempos e percursos entre hotel e pavilhão tudo foi avaliado.
Bem como algumas ideias que por demasiado "revolucionárias" foram deixadas de lado.
Ainda assim,e a titulo de exemplo, porque era tradicional nos congressos as redes de telemóvel "entupirem",prevenimo-nos com um conjunto de "walkie talkies" de última geração que bem jeito deram nos momentos mais importantes desses dias frenéticos.
Com a máquina mais ou menos afinada,com mais de 90% dos delegados contactados,com o trabalho de casa atempadamente feito,ainda assim (o seguro morreu de velho...) uma pequena equipa avançou para Pombal na véspera do inicio do congresso.
Eu,o José Meireles e o Miguel Santos,na tarde de quinta feira e com grande surpresa dos funcionários do partido já andavamos pelo pavilhão.
A ver o espaço atribuido á candidatura,a estudar o percurso que o candidato faria entre esse espaço e a sala do congresso,a zelar para que televisões,computadores e impressoras fossem instalado atempadamente.
E a definir os lugares onde se iriam sentar não só as principais figuras da candidatura (optamos pela primeira fila por óbvias razões de visibilidade televisiva enquanto a outra candidatura ,que de inicio fizera a mesma opção ,acabara por preferir lugares a meio a da sala) como os observadores apoiantes de Menezes.
Depois se veria o porquê desta colocação estratégica dos observadores...
Foi com alguma satisfação que na tarde de sexta feira,na reunião entre organização e candidaturas,vimos a outra candidatura reclamar uma suposta situação de favôr para com a nossa com base no facto de no nosso espaço já estarem todos os equipamentos instalados e em funcionamento.
E parece-me que ainda estou a ver o bom do Matos Rosa a explicar,com uma paciência santa,que não tinha havido favôr nenhum.
Simplesmente a candidatura de Menezes tinha chegado no dia anterior !
Quanto ao congresso própriamente dito começou da melhor forma.
Luis F.Menezes chegou ao pavilhão acompanhado por Helena Lopes da Costa,que na altura já se sabia ser candidata a secretária geral,com grande aparato mediático e no meio do entusiasmo dos apoiantes.
Na primeira intervençao,na noite de sexta feira,faz um dos melhores discursos da sua vida e galvaniza o congresso.
Entusiasma apoiantes,instala dúvidas nos que tinham certezas,assusta os que davam aquilo como "favas contadas".
A par disso,cumprindo á risca o percurso delineado,entra na sala sempre pelo fundo junto á bancada onde se concentravam os observadores afectos e desperta enormes aplausos.
Há entusiasmo em volta de Menezes.
No sábado as coisas complicam-se: uma gestão hábil das intervenções VIP por parte da Mesa afecta a Marques Mendes pões a falar durante a tarde de sábado a maioria dos apoiantes dessa candidatura e deixa para depois os apoiantes de Menezes.
Perante o desespero de Nuno Delerue,responsável pela gestão das intervenções da candidatura,que se farta de apresentar protestos mas sem que a Mesa o atendesse.
Bem ao contrário do que tinha sido combinado entre as candidaturas.
Depois Mendes,que passara a campanha a dizer que a candidatura presidencial de Cavaco não devia ser tema de discussão no congresso,agarra-se como naufrago a uma tábua a essa candidatura e centra nela o seu segundo discurso.
O único em que está melhor que Menezes.
Foi uma tarde dramática.
Á noite,nas intervençoes finais,Menezes volta a arrancar um grande discurso,volta a levantar o congresso e acredita-se que pode ganhar.
Embora pessoalmente tenha ficado com algumas duvidas (há testemunhas disso) de que fosse possivel.
O fim de tarde e a noite toda são dedicadas nos bastidores ao convencimento de delegados e á elaboração de listas.
No domingo a votação.
E o apuramento de resultados que dá a vitória por curta margem á candidatura de Mendes.
Menezes,a quem comentadores como Marcelo não davam mais de 15%,chega aos 45% e deixa no ar a sensação que como em 1995 ,no coliseu de Lisboa,o partido escolhera de forma diferente da desejada pelo país.
Hoje,três anos passados não tenho dúvidas que a vitória de M.Mendes assentou muito na parcialidade da Mesa na tarde de sábado,no "pendurar-se" em Cavaco,nalgumas infelicidades na formação das listas e na votação própriamente dita.
No final do congresso todos os principais apoiantes de Menezes,encabeçados pelo próprio e por Helena Lopes da Costa,sobem ao palco e cumprimentam os vencedores.
Estavam criadas as condições para unir o partido.
Tarefa que Mendes não quis,não pôde,não o deixaram ou não soube fazer.
A História se encarregaria de lhe demonstrar rápidamente o erro.
Depois Falamos
(Continua...)

1 comentário:

Anónimo disse...

Realmente os seus posts trouxeram algumas memórias.

A candidatura de Menezes esteve muito bem na preparação política do Congresso, mas o seu 'SIS' foi muito bom. Numa distrital, os nomes dos delegados eleitos e inereências, com os respectivos contactos, chegou 1º à candidatura de Menezes, do que ao Presidente respectivo e ao staff da Nacional e aos boys de Mendes. Claro que o documento só foi obtido particularmante, porque os serviços não davam elementos, mas sem o recusarem, pois pareceria o que era, parcialidade.
Muito se riram, os que conseguiram o 'furo', a despeito da recusa de informação imposta, mas não assumida. Ainda hoje alguém deve estar a pensar como 'os seus' delegados foram contactados: deputados e presidentes de câmara incluídos.

Outra é realmente a programação, ao minuto, que o staff da nacional fez para as intervenções dos 'Bips'. Os media eram informados, com horas de antecedência, das intervenções dos 'barões' -vergonhoso, como se todos os militantes não tivessem iguais direitos e deveres.

Qaunto à votação já disse o que presenciei e não vou repetir os comentários dos meus colegas, sobretudo das TV's, sobre a 'contagem' dos votos.