terça-feira, abril 26, 2022

Opções

Tenho acompanhado as eleições no PSD com interesse, afinal é a única alternativa ao PS, mas longe da forma como vivi tantos combates eleitorais dentro de um partido do qual já não sou militante desde Setembro de 2018.
Com interesse, mais porque sou amigo de ambos os candidatos do que por outra razão qualquer, sabendo que quer Jorge Moreira da Silva quer Luís Montenegro estão à altura do desafio que tem pela frente.
Luís foi um excelente líder parlamentar nos tempos dificílimos do governo de Pedro Passos Coelho (dificílimos porque foi um governo que recolocou o país no trilho certo depois dos desvarios do anterior governo do PS) e Jorge foi um excelente ministro desse governo tutelando uma pasta onde foi necessária a coragem de decidir muitas vezes contra poderes instalados.
E por isso ganhe um ou ganhe outro o PSD ficará bem entregue em termos de liderança.
O resto é o...resto.
E o resto são quatro anos e meio de péssima liderança de Rui Rio, polvilhados de derrotas eleitorais
( e algumas vitórias, é certo, mas que foram mais apesar dele do que por causa dele) e de uma redução da influência do PSD no país como nunca se tinha assistido antes.
E aqui é que do meu ponto de vista, como mero observador que sou, as coisas se tornam diferentes.
Porque Rio não caiu de paraquedas na liderança do PSD.
Foi eleito!
E foi eleito três vezes.
Contra Pedro Santana Lopes (que logo em 2017/2018 bem avisou do que aconteceria se Rio vencesse), contra Luís Montenegro e contra Paulo Rangel.
Por três vezes os militantes do PSD preferiram Rio às alternativas que se lhe opunham.
E se da primeira vez ainda se pode falar do benefício da dúvida nas duas restantes foi um continuo persistir no erro que afundou o partido na situação actual.
Pelo que não pode deixar de se partilhar a culpa de Rio com a culpa daqueles que o elegeram, mesmo vendo-se á vista desarmada que o PSD ia  por muito mau caminho, e muito em especial dos dirigentes nacionais e da maioria das estruturas distritais e concelhias que foram os suportes do seu triunfo interno.
Claro que hoje já ninguém se lembra disso, ninguém assume responsabilidades e admito que um destes dias seja difícil encontrar alguém que tenha apoiado e votado em Rio. 
Nos meus tempos de PSD vi fenómenos desses algumas vezes.
A verdade é que neste longo e processo patético de saída de Rio (há muito que o problema devia estar resolvido e só não está porque os orgãos nacionais não quiseram) não se assistiu no país todo a uma estrutura distrital ou concelhia das fervorosas apoiantes do líder cessante que quisesse partilhar com ele a responsabilidade do fracasso e o acompanhasse na saída permitindo a abertura de um novo ciclo distrital ou concelhio.
Nem uma para amostra.
Bem pelo contrário depois de assobiarem para o ar com a intensidade de sempre eis que se realinham atrás de uma candidatura e se mostram disponíveis para os "amanhãs que cantam" como se nada do que se passou tivesse a ver com elas. E com eles.
Eles os dirigentes mais próximos de Rio que com uma ou outra honrosa excepção já andam às claras ou dissimuladamente a patrocinar uma candidatura e um candidato de quem ainda não há muito tempo , nas directas de 2020, diziam cobras e lagartos e só não excomungavam porque não podiam. 
O PSD escolherá o seu caminho como sempre o fez.
Por mim, enquanto cidadão eleitor mas também ex militante com memória,sei bem as razões pelas quais o partido chegou a este estado.
E o meu receio como português, que vê no PSD o único partido capaz de liderar uma alternativa  ao governo do PS, é que nem o Jorge nem o Luís consigam inverter este ciclo desgraçado em que o partido está mergulhado desde a saída da liderança de Pedro Passos Coelho de molde a construirem uma alternativa em que Portugal se possa rever.
Tendo a absoluta certeza que qualquer um deles terá mais hipóteses de sucesso se nas suas opções estiver uma radical mudança de protagonistas que já nada dizem ao país mas que parecem persistir em condicionar pela presença as candidaturas à liderança.
Em bom rigor muito mais uma do que outra.
Veremos o que os militantes decidem. 
E espero bem que decidam em consciência e em liberdade.
Cada um por si e sem lógicas aparelhísticas que apenas servem para perpetuar os mesmos no poder ano pós ano e líder após lider.
Boa sorte PSD.
Depois Falamos.

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