segunda-feira, setembro 27, 2021

Ganhar e Perder

 António Costa e Rui Rio representam, neste primeiro dia depois das autárquicas, o perfeito exemplo de alguém que ganhou perdendo e de outrém que perdeu ganhando!
É evidente que em termos numéricos o PS, e portanto António Costa, ganharam as eleições porque venceram o maior número de câmaras e assim continuarão a liderar a Associação Nacional de Municípios.
Mas a política não se faz só de números.
E a leitura política destas eleições é que o PS mesmo ganhando as perdeu porque não só não conquistou nenhuma capital de distrito ao PSD com ainda perdeu para este câmaras com o enorme significado de Lisboa, Coimbra e Funchal.
E por muito que Costa se refugie nos números a perda de Lisboa é um tiro no porta aviões de consequências ainda impossíveis de avaliar mas que seguramente terão abalado o PS de cima a baixo porque não é coisa menor perder a capital, maior municipio e principal centro urbano do país para o maior adversário.
Com a agravante, para Costa, de ver um dos seus dilectos delfins sair de cena pela esquerda baixa deixando a questão da sucessão cada vez mais pendente para o lado de Pedro Nuno Santos o que manifestamente é uma contrariedade para o líder socialista!
Rui Rio é precisamente o oposto.
É verdade que venceu menos câmaras, é verdade que a área metropolitana do Porto lhe correu muito mal especialmente no Porto e em Gaia (uma derrota humilhante) , é verdade que com maior capacidade de agregar poderia estar agora a "cantar" vitória em Oeiras e Figueira da Foz, é verdade que perdeu a Guarda para um dissidente do partido que concorreu como independente.
Mas o resultado do PSD é francamente bom há que dizê-lo.
Venceu Lisboa, a mais apetecida de todas as câmaras, venceu Coimbra, venceu Funchal, recuperou Portalegre.
Ou seja a capital do país e do distrito de Lisboa, a capital da região autónoma da Madeira e duass capitais distritais com o peso emblemático de Coimbra e a pronúncia alentejana de Portalegre.
A que se juntam quatro vitórias no distrito de Évora (Reguengos, Redondo, Mourão e Vila Viçosa) naquele que é o melhor resultado de sempre do PSD naquele distrito alentejano, a recuperação da emblemática Barcelos durante muitos anos a mais carismática das câmaras "laranja" por força da ligação de Francisco Sá Carneiro ao concelho, a manutenção tranquila de Braga, Famalicão, Aveiro, Cascais, entre outros resultados que deram ao partido uma excelente noite eleitoral.
Liderando agora nove capitais de distrito mais Funchal e Ponta Delgada, contra apenas cinco lideradas pelo PS ( e todas elas de média ou pequena dimensão eleitoral), duas pela CDU e outras duas por independentes o PSD reforçou significativamente a sua penetração no eleitorado mais urbano e coloca-se em posição de ser verdadeira alternativa em 2023.
Com a curiosidade adicional de vaticinando-se um pós eleições "quente" no PSD (se os resultados fossem fracos como erradamente se previa) se estar agora a assistir à transferência desse "calor" para o PS onde a liderança de Costa é segura mas deixou de ser indiscutível.
Para quem gostar de política vem aí tempos muito interessantes.
Depois Falamos.

P. S. Rui Rio teve outra grande vitória na noite eleitoral mas não se tratou de nenhuma câmara.
Derrotou, por esmagamento, as sondagens confirmando tudo que delas vinha dizendo nos últimos dias de campanha.

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