De mim ninguém espere discursos arrasadores contra o Parlamento, contra os deputados, contras as suas remunerações e afins porque além de não contribuirem em nada para resolver seja o que for acabam por se transformar, se extremados, em discursos contra a própria democracia através do desprestígio daquela que é a sua Casa para lá de em muitos casos revelarem uma santa ignorância sobre a realidade.
Até porque tendo sido deputado, na última legislatura do século passado e na primeira deste século, tenho um natural respeito por uma Casa que sei essencial à democracia.
Coisa bem diferente é criticar ou elogiar políticas, posições dos partidos, debates parlamentares, discursos deste ou daquele deputado porque isso insere-se num direito de cidadania em Liberdade de que não prescindo nem prescindirei nunca.
Gosto até desses debates em torno do Parlamento, nomeadamente dos que me parecem importantes. como o da reforma do sistema eleitoral, embora fuja como o diabo da cruz de discussões em torno , por exemplo, da redução do número de deputados que é defendida em vários partidos e considero uma autêntica "banha da cobra" que não serve para nada excepto para impedir que se discutam as mudanças verdadeiramente importantes.
Dito isto há um elogio e uma crítica a fazer.
O elogio aos deputados do BE, do PAN, do Chega e da Iniciativa Liberal que recusaram ser vacinados ao abrigo do privilégio, não tenhamos medo das palavras, concedido a demasiados detentores de cargos políticos.
E digo a demasiados porque estou obviamente de acordo que Presidente da República, Primeiro Ministro e membros do governo tenham prioridade na vacinação mas a partir daí não considero que haja um único dententor de cargo político que deve ser vacinado (excepto por questões como a idade) antes de o serem todos os idosos, todos os doentes com patologias que o justifiquem, todos os profissionais de saúde, forças de segurança e bombeiros deste país!
No caso específico do Parlamento não se justifica em caso algum porque o presidente do Parlamento tem quatro vice presidentes, os secretários da mesa tem secretários suplentes, os líderes parlamentares tem vice presidentes, os presidentes das comissões tem vice presidentes e os deputados sem outros cargos tem candidatos não eleitos nas respectivas listas que os podem substituir em caso de impedimento.
Foi pena que o Parlamento tivesse perdido uma excelente oportunidade de ser exemplar perante o país!
E os deputados do PS, PSD, PCP, CDS, e "Verdes", que aceitaram o inaceitável devem, no futuro, sentir vergonha quando forem visitar um Lar de idosos, um quartel de bombeiros, uma esquadra de polícia ou um quartel da GNR e olharem nos olhos pessoas que deixaram para trás com base num privilégio oriundo do cargo que ocupam mas que nada justificava.
Depois Falamos
P.S. Claro que os deputados de PS, PSD, CDS e a deputada de "Os Verdes" Mariana Silva que recusaram o privilégio merecem elogio igual ao dos colegas de BE, PAN, Chega e Iniciativa Liberal.Ainda acrescido pela coragem de assumirem posição diferente da dos seus directórios partidários.
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