quarta-feira, setembro 30, 2020
terça-feira, setembro 29, 2020
Sugestão de Leitura
O segundo de três volumes escritos por Josá António Saraiva sobre o período da nossa História que ficou conhecido como Estado Novo.
Tal como o primeiro volume centra-se essencialmente na figura de António de Oliveira Salazar, e acessoriamente na de Marcelo Caetano, e na fase final do seu longo periodo como chefe incontestado do regime por ele próprio criado.
Neste volume versa, mais especificamente, o estranho tempo em que Salazar recuperado dos problemas de saúde acreditava que ainda era chefe do governo, quando em boa verdade, dada a sua incapacidade fisíca, já tinha sido substituído no cargo por Marcelo Caetano, pairando sobre toda a narrativa (e sobre o próprio período histórico) a dúvida se realmente Salazar acreditava nessa ficção construida em torno de si ou tinha a noção da verdadeira realidade.
Um livro interessante em que o estilo "espreitar pela fechadura" do autor está presente.
Depois Falamos.
domingo, setembro 27, 2020
Que Dizer?
Uma exibição fraca até dizer basta, uma estratégia de jogo incompreensível, substituições sem nexo, uma falta de ambição ( do treinador) inaceitável deram um resultado que acaba por ser o menos mau da noite de Vila do Conde.
Face a um adversário que vinha de um jogo europeu com prolongamento em casa do Besiktas, com todo o desgaste que isso causa, o Vitória entrou cheio de receios, com o meio campo povoado e sem ponta de lança não tirando assim qualquer partido de ter dois extremos geniais sendo um deles o jogador português que melhor cruza.
Nas substituições saiu um médio ofensivo e entrou mais um trinco e um transportador de jogo para entrar outro extremo ficando assim a jogar com três extremos, para dois flancos, mas sem ponta de lança.
Quando a nove minutos do fim entrou, finalmente, Bruno Duarte saiu... Quaresma ou seja aquele que melhor podia servir o recém entrado.
Valeu que o Rio Ave reflectiu o cansaço do jogo europeu e não forçou porque caso contrário até o ponto conquistado podia ter ficado em Vila do Conde.
Uma noite que tem de servir de lição.
E de alerta!
sábado, setembro 26, 2020
Decadência
Fui sempre um admirador de Eusébio que considero ter sido um dos maiores futebolistas de todos os tempos e que só não teve a merecida consagração mundial, apesar de conhecido em todo o mundo, porque jogava num campeonato periférico de um país também ele periférico e num clube que não era um dos potentados europeus.
Sempre o admirei apesar de algumas "desfeitas" quando ao serviço do Benfica marcou uma carrada de golos ao Vitória ao longo da dúzia de épocas em que ao serviço dos encarnados defrontou o clube vitoriano.
E por isso tive muita pena quando depois de um trajecto brilhante, mas que podia ter sido ainda melhor não fora lesões diversas e algumas más opções ao longo dos anos, ter saído do seu clube de sempre que já não o queria nas suas fileiras e ter ido jogar para clubes respeitáveis mas de dimensão muito inferior onde teve um final de carreira penoso.
Porque pese embora aqui ou ali, nesta ou naquela jogada neste ou naquele golo, lembrar o Eusébio doutros tempos e as grandes jogadas e grandes golos que o fizeram famoso a verdade é que já era apenas uma pálida sombra de tempos que não voltavam face à inexorável lei da Vida.
E o exemplo de Eusébio, desse grande jogador cujo fim de carreira foi bem abaixo do que ele merecia, ocorre-me muitas vezes face a outros exemplos de decadência com que nos vamos cruzando no nosso dia a dia e que mostram que não é uma graça que Deus dê a todos essa de saber concluir carreiras com sensatez e o devido juízo.
Depois Falamos.
Sugestão de Leitura
José António Saraiva, que dirigiu o Expresso e o Sol, tem uma forma muito particular de escrever sobre política e sobre políticos que uns gostam, outros detestam como é normal em quem exprime opinião e sempre com alguma polémica à mistura.
Mas a que não se fica indiferente.
Escreveu agora um conjunto de três livros sobre o Estado Novo, época da nossa História que sempre me interessou bastante, centrados na figura de António de Oliveira Salazar seu criador, ideológo e principal líder durante quarenta anos.
O primeiro volume, cuja leitura agora recomendo, centra-se no episódio "misterioso" que esteve na origem do fim do longo consulado de Salazar e que foi o acidente que o viria a incapacitar depois de operado.
Desde sempre a tese foi que Salazar teria caído de uma cadeira quando nela se sentava batendo com a cabeça no chão o que daria origem a um traimatismo muito grave.
O autor defende uma tese diferente, aproveitando algumas contradições das narrativas oficiais, e constrói uma explicaçao alternativa mas perfeitamente plausível.
Para lá desse episódio são focados outros aspectos e episódios dessa época da substituição de Salazar por Marcelo Caetano que tornam a leitura extremamente interessante.
Depois Falamos.
sexta-feira, setembro 25, 2020
quinta-feira, setembro 24, 2020
Excepção
Há cerca de duas semanas tinha aqui escrito um texto sobre a pouca vergonha constituída pelo simulacro de democratização das CCDR com eleição dos presidentes e de um vice presidente em cada (o outro vice é nomeado pelo governo...) por parte dos autarcas das regiões e não por todos os eleitores dessas mesmas regiões como faria sentido sendo o processo assim.
E pouca vergonha porque o que se devia estar a eleger eram os executivos regionais, no âmbito de uma regionalização que está na Constituição desde 1976 mas que os grandes partidos que tem alternado no poder tem evitado quanto podem, e não presidentes e vice presidentes de CCDR´s para fazer de conta que se está a democratizar alguma coisa.
Mas não está.
E não está porque num vergonhoso processo de partilha o dr. Costa e o Dr. Rio sentaram-se à mesa e fizeram um "tratado de Tordesilhas", com o primeiro a escolher os presidentes de três regiões e o segundo os dois restantes, dando depois ordens (sem aspas) aos respectivos autarcas para votarem conforme as instruções dos seus líderes arvorados em patrões.
O dr. António de Oliveira Salazar não faria melhor.
Ou se calhar até fazia porque sendo um ditador assumido (há quem o seja mas não o assuma) era também um homem extremamente inteligente e um político tão arguto quanto astucioso.
Costa e Rio não possuindo essas qualidades de Salazar (também não possuirão, admito, alguns dos defeitos) limitaram-se a decidir como lhes apteceu convictos de que os autarcas são uns paus mandados que que atentos, veneradores e obrigados farão o que lhes mandarem no âmbito desse oficioso, mas existente, Bloco Central de interesses.
Pode ser que se enganem porque em quatro das cinco regiões há candidato único, sendo os de Norte e Centro indicados pelo PSD (embora no caso do do Norte me apeteça sorrir...) enquanto os de Lisboa e Vale do Tejo e o do Algarve são indicados pelo PS, mas no Alentejo verifica-se uma honrosa excepção à regra com a candidatura independente, hoje conhecida, do actual presidente da CCDR Roberto Grilo em compita com o candidato escolhido pelo PS.
E pode ser que se enganem, Costa e Rio, porque se em quatro regiões o descontentamento dos autarcas apenas poderá ser manifestado através da abstenção ou do voto branco ou nulo já no Alentejo os autarcas poderão dar uma bofetada de luva branca nos dois compinchas centralizadores e autoritários elegendo Roberto Grilo e provando que são gente com opinião própria e autonomia decisória e não uns meros serventes dos seus chefes partidários.
Tenho sincera pena que noutras regiões do país não tenham surgido mais candidatos independentes, com a coragem de Roberto Grilo, para porem em causa os vergonhosos acordos celebrados nas costas dos autarcas por António Costa e Rui Rio.
Mas as coisas são o que são.
E sendo o que são há que olhar esta eleição (a única porque no resto são nomeações dos chefes) como uma extraordiária possibilidade de valorizar a democracia contra o autoritarismo, a independência dos autarcas contrs os que os veem como meras correias de transmissão, a existência de vida para lá dos partidos contra aqueles que acham que tudo se resume à partidocracia.
Talvez por isso, seguramente por isso a candidatura independente de Roberto Grilo é subscrita, a fazer fé na comunicação social, por autarcas do PS, PCP, PSD, CDS, BE e Independentes.
Do Alentejo vem a esperança para uma democracia melhor!
Depois Falamos
P.S. Convém recordar que enquanto os candidatos dos partidos tem que formalizar as candidaturas apenas com uma cartinha do respectivo partido a indicá-lo como candidato os candidatos independentes tem de ter a candidatura subscrita por 15% do colégio eleitoral.
Mais uma forma que o Bloco Central encontrou para "estimular" a participação dos cidadãos na vida política.
quarta-feira, setembro 23, 2020
terça-feira, setembro 22, 2020
98 Anos
O Vitória completa hoje noventa e oito anos de uma vida que tem enchido sucessivas gerações de vitorianos de legítimo orgulho pelos triunfos conquistados, pelos valores afirmados e pelas expectativas em crescendo que de ano para ano entusiasmam os seus adeptos.
São 98 anos de conquistas.
No futebol, no voleibol, no basquetebol, no pólo aquático, no ténis de mesa, no hóquei em patins, no andebol, nas modalidades de combate, no atletismo, no ciclismo, na natação e em todas que o clube praticou ao longo do seu historial algumas das quais já sem actividade no presente.
Titulos nacionais e internacionais, taças de Portugal em várias modalidades, um sem número de torneios e campeonatos regionais que ao longo dos anos foram enriquecendo a sala de troféus "Edmur" mostrando a pujança do clube e o ecletismo que é uma das suas mais fortes imagens de marca.
Mas isso é passado.
Um passado de que nos orgulhamos, um passado em que assenta a nossa História de grande clube do desporto português, um passado que serve como garante de exigência para um futuro com mais vitórias, mais troféus, mais conquistas.
Mas ninguém vive do passado!
E por isso há que continuar a crescer, continuar a conquistar, continuar o caminho de nos tornarmos cada vez mais fortes.
Mais fortes na vertente desportiva criando condições para conquistar mais títulos e troféus, mais fortes na vertente patrimonial construindo novos espaços que sirvam todas as modalidades do clube, mais fortes na vertente associativa aumentando o número de associados e criando as condições para que o ambiente que envolve as nossas equipas seja cada vez mais intenso e mais decisivo.
O Vitória de hoje é fruto de sucessivas gerações de associados e adeptos que ao longo de quase um século construiram um clube único na sua ligação à região em que está inserido, na sua capacidade de na sua Terra não admitir qualquer comparação com qualquer outro, na forma como nas suas deslocações nunca ir sozinho.
Mas também é fruto de gerações e gerações que deram tudo ao Vitória mas a quem o Vitória, por responsabilidades próprias e alheias (então essas...) , ainda não foi capaz de dar tudo quanto os seus associados e adeptos bem merecem.
Estamos na recta final para o centésimo aniversário que se cumprirá daqui a dois anos.
Uma data marcante em qualquer instituição e que o Vitória saberá comemorar condignamente fazendo jus ao historial do clube.
E hoje que o Vitória completa noventa e oito anos, para lá dos naturais parabéns, formulo votos que nestes dois anos até ao centenário continuemos a conquistar, a vencer, a ganhar o que já ganhamos e se possível o que ainda não ganhamos.
Porque há um sonho, com 98 anos, que está por cumprir e que povoou o imaginário dos vitorianos ao longo de todo este longo período e continua a povoar cada vez com mais força.
Que espero um dia ver cumprido!
Depois Falamos.
Hipocrisia
Os esquerdófilos (e alguns que não o sendo parecem) choraram baba e ranho, mesclados de ódio e intolerância, porque a cidadã Ana Rita Cavaco foi à Convenção do Chega cumprimentar o amigo André Ventura.
Como se não estivessemos num país livre onde as pessoas tem o direito de irem onde quiserem e se encontrarem com quem entenderem.
O tempo da PIDE já lá vai e o do KGB espero que nunca chegue.
E uma convenção de um partido legal, com representação parlamentar, não é propriamente o encontro de uma sociedade secreta com fins inconfessáveis como algumas que conhecemos mas que não incomodam esses esquerdófilos.
Curiosamente alguns dos que a criticam violentamente por ter lá ido, evocando a sua qualidade de bastonária da Ordem dos Enfermeiros, são precisamente os mesmos que defendiam com unhas e dentes o direito de o cidadão António Costa pertencer a uma certa comissão de honra porque isso nada tinha a ver com as responsabilidades públicas que exerce.
Dois pesos e duas medidas como de costume.
É chato ter à esquerda alguns que se acham donos disto tudo.
Escusavam era de serem tão hipócritas,
E estúpidos já agora.
domingo, setembro 20, 2020
Detalhes
O meu artigo desta semana no zerozero.
Disputada a primeira jornada da Liga, constatados os primeiros
resultados, é ainda cedíssimo para fazer qualquer tipo de comentário ou tirar
algum tipo de ilacção sobre o que poderá ser esta época de 2020/2021.
Ainda é cedo.
E por isso preferi comentar alguns aspectos laterais, digamos assim, mas que fazem parte de um grande todo que é o próprio campeonato em si.
Comecemos pelos equipamentos que equipas e árbitros usarão na presente liga.
Já sobre o assunto tenho falado muitas vees, já sobre ele tenho escrito haver um excesso de regulação por parte da Liga ao querer ser ela a decidir que equipamento cada equipa usa em cada jogo como visitante (e às vezes desconfio que como visitados também) , já por várias vezes referi que isso devia ser deixado a cargo exclusivament dos clubes como durante década aconteceu sem que isso tenha impedido que alguma vez um jogo deixassse de se realizar por confusão de equipamentos.
Percebo que os burocratas da Liga, armados em estilistas, sejam insensíveis ao significado da cor das camisolas para os adeptos, ao simbolismo que elas encerram, à longa tradição que se construiu com base no confronto de cores e no que a camisola significa de paixão e de afinidade do adepto com o seu clube.
Também percebo, e defendo, naturalmente a existência de equipamentos alternativos para diferenciarem as equipas nalguns jogos (Vitória x Farense, Braga x Santa Clara, Portimonense x Nacional são apenas alguns exemplos) e também para aumentarem às receitas oriundas do merchandising com a venda de dois ou três equipamentos por época que precisam de ser mostrados em jogo para despertarem o interesse dos adpetos na sua aquisição.
Isso é uma coisa e deve existir com parcimónia, mais como excepção do que como regra, para que a verdadeira “pele” de cada equipa não seja desvirtuada com a consecutiva utilização de outras “peles”.
Agora definir como regra, sem respeito pela tradição de alguns jogos clássicos e sem necessidade de diferenciação, o uso do segundo equipamento em todos os jogos fora é um disparate e não serve os interesses do futebol.
E nesta primeira jornada já tivemos dois exemplos disso: Em Famalicão com a equipa local a jogar toda de branco o Benfica apareceu todo de preto quando a tradicional camisola vermelha asseguraria a distinção de cores necessária.
E no “Dragão” com o Porto a jogar com o tradiconal azul e branco viu-se o Braga todo de azul, embora noutra tonalidade (e também aqui a tradicional camisola vermelha garantiria a diferenciação) , e para cúmulo o trio de arbitragem apareceu também ele de azul embora em tons claros.
Se alguém me conseguir explicar a lógica disto, especialmente do jogo no Dragão com as três equipas de azul, fico muito agradecido.
Segunda nota para a também velha questão de o mercado apenas encerrar quase duas semanas depois do início da Liga o que permite que jogadores que começam a prova num clube a venham a continuar noutro depois de disputadas apenas duas ou três jornadas.
Como por acaso um dos jogadores envolvidos numa situação dessas ser o ainda famalicense Toni Martinez que jogou pelo Famalicão contra o Benfica apesar de estar, ao que se diz, a caminho do Porto deu logo origem a alguma polémica com a habitual troca de acusações entre os dois clubes que parecem definitivamente empenhados em dar cabo da paciência de todos quantos estão fartos até aos cabelos das suas guerras e guerrinha a propósito de tudo e quase sempre de nada.
A verdade é que situações como essa tem ocorrido com alguma regularidade e parece-me que em nada contribuem para a clreza de processos e procedimentos que o futebol exige para lá de deixarem os jogadores numa situação motivacional difícil porque por mais que apelem ao seu profissionalismo a verdade é que estão a jogar por um com os olhos e as ambições postos noutro.
Por isso me parece claro que é mais que tempo de a UEFA intervir nesta questão, já que as Ligas nacionais parece não terem a coragem necessária a afrontar alguns interesses poderosos, e definir que a janela de transferências de cada campeonato se encerra vinte e quatro horas antes do primeiro jogo do mesmo e só poderá reabrir em Janeiro.
É o que defende o futebol embora possa não defender alguns clubes nem a nuvem de empresários que em torno deles gravita.
Uma terceira e última nota para deplorar a forma leviana como ao serviço do futebol se usam alguns termos que nele, salvo situações verdadeiramente excepcionais, não me parecem ter qualquer cabimento.
Já se conhecia a facilidade absurda com que se chama “herói” a quem marca um golo, decide um jogo, faz uma grande exibição como se heroismo tivesse algo a ver com lances de futebol e não com valores muito mais importantes, muito mais elevados, que implicam o valor supremo da Vida e não os pontos ganhos num jogo ou um troféu ganho numa competição.
Agora parece estar na moda o termo “traição” usado em relação a jogadores que marcam golos a equipas que serviram no passado como se isso fosse algo de incomum a merecer a censura de um acto vil e não apenas um mero lance de um jogo de futebol onde “traição” (e mesmo neste contexto não gosto do termo) seria não servir da melhor forma quem lhe paga ao fim do mês.
E nesta jornada já houve dois exemplos disso.
No Vitória x Belenenses SAD com o golo do triunfo dos azuis a ser apontado pelo ex vitoriano Cafu Phete e no Porto x Braga com o golo do Braga a ser rubricado pelo ex portista André Castro.
E como ambos os jogadores numa atitude de respeito pelos anteriors clubes não festejaram os golos logo vieram alguns jornalistas de pena fácil falar de “traição” confundidndo conceitos e trazendo para o futebol terminologias que em nada o servem.
São apontamentos laterais a esta primeira jornada, como escrevi no início, mas que creio fazerem algum sentido.
Ainda é cedo.
E por isso preferi comentar alguns aspectos laterais, digamos assim, mas que fazem parte de um grande todo que é o próprio campeonato em si.
Comecemos pelos equipamentos que equipas e árbitros usarão na presente liga.
Já sobre o assunto tenho falado muitas vees, já sobre ele tenho escrito haver um excesso de regulação por parte da Liga ao querer ser ela a decidir que equipamento cada equipa usa em cada jogo como visitante (e às vezes desconfio que como visitados também) , já por várias vezes referi que isso devia ser deixado a cargo exclusivament dos clubes como durante década aconteceu sem que isso tenha impedido que alguma vez um jogo deixassse de se realizar por confusão de equipamentos.
Percebo que os burocratas da Liga, armados em estilistas, sejam insensíveis ao significado da cor das camisolas para os adeptos, ao simbolismo que elas encerram, à longa tradição que se construiu com base no confronto de cores e no que a camisola significa de paixão e de afinidade do adepto com o seu clube.
Também percebo, e defendo, naturalmente a existência de equipamentos alternativos para diferenciarem as equipas nalguns jogos (Vitória x Farense, Braga x Santa Clara, Portimonense x Nacional são apenas alguns exemplos) e também para aumentarem às receitas oriundas do merchandising com a venda de dois ou três equipamentos por época que precisam de ser mostrados em jogo para despertarem o interesse dos adpetos na sua aquisição.
Isso é uma coisa e deve existir com parcimónia, mais como excepção do que como regra, para que a verdadeira “pele” de cada equipa não seja desvirtuada com a consecutiva utilização de outras “peles”.
Agora definir como regra, sem respeito pela tradição de alguns jogos clássicos e sem necessidade de diferenciação, o uso do segundo equipamento em todos os jogos fora é um disparate e não serve os interesses do futebol.
E nesta primeira jornada já tivemos dois exemplos disso: Em Famalicão com a equipa local a jogar toda de branco o Benfica apareceu todo de preto quando a tradicional camisola vermelha asseguraria a distinção de cores necessária.
E no “Dragão” com o Porto a jogar com o tradiconal azul e branco viu-se o Braga todo de azul, embora noutra tonalidade (e também aqui a tradicional camisola vermelha garantiria a diferenciação) , e para cúmulo o trio de arbitragem apareceu também ele de azul embora em tons claros.
Se alguém me conseguir explicar a lógica disto, especialmente do jogo no Dragão com as três equipas de azul, fico muito agradecido.
Segunda nota para a também velha questão de o mercado apenas encerrar quase duas semanas depois do início da Liga o que permite que jogadores que começam a prova num clube a venham a continuar noutro depois de disputadas apenas duas ou três jornadas.
Como por acaso um dos jogadores envolvidos numa situação dessas ser o ainda famalicense Toni Martinez que jogou pelo Famalicão contra o Benfica apesar de estar, ao que se diz, a caminho do Porto deu logo origem a alguma polémica com a habitual troca de acusações entre os dois clubes que parecem definitivamente empenhados em dar cabo da paciência de todos quantos estão fartos até aos cabelos das suas guerras e guerrinha a propósito de tudo e quase sempre de nada.
A verdade é que situações como essa tem ocorrido com alguma regularidade e parece-me que em nada contribuem para a clreza de processos e procedimentos que o futebol exige para lá de deixarem os jogadores numa situação motivacional difícil porque por mais que apelem ao seu profissionalismo a verdade é que estão a jogar por um com os olhos e as ambições postos noutro.
Por isso me parece claro que é mais que tempo de a UEFA intervir nesta questão, já que as Ligas nacionais parece não terem a coragem necessária a afrontar alguns interesses poderosos, e definir que a janela de transferências de cada campeonato se encerra vinte e quatro horas antes do primeiro jogo do mesmo e só poderá reabrir em Janeiro.
É o que defende o futebol embora possa não defender alguns clubes nem a nuvem de empresários que em torno deles gravita.
Uma terceira e última nota para deplorar a forma leviana como ao serviço do futebol se usam alguns termos que nele, salvo situações verdadeiramente excepcionais, não me parecem ter qualquer cabimento.
Já se conhecia a facilidade absurda com que se chama “herói” a quem marca um golo, decide um jogo, faz uma grande exibição como se heroismo tivesse algo a ver com lances de futebol e não com valores muito mais importantes, muito mais elevados, que implicam o valor supremo da Vida e não os pontos ganhos num jogo ou um troféu ganho numa competição.
Agora parece estar na moda o termo “traição” usado em relação a jogadores que marcam golos a equipas que serviram no passado como se isso fosse algo de incomum a merecer a censura de um acto vil e não apenas um mero lance de um jogo de futebol onde “traição” (e mesmo neste contexto não gosto do termo) seria não servir da melhor forma quem lhe paga ao fim do mês.
E nesta jornada já houve dois exemplos disso.
No Vitória x Belenenses SAD com o golo do triunfo dos azuis a ser apontado pelo ex vitoriano Cafu Phete e no Porto x Braga com o golo do Braga a ser rubricado pelo ex portista André Castro.
E como ambos os jogadores numa atitude de respeito pelos anteriors clubes não festejaram os golos logo vieram alguns jornalistas de pena fácil falar de “traição” confundidndo conceitos e trazendo para o futebol terminologias que em nada o servem.
São apontamentos laterais a esta primeira jornada, como escrevi no início, mas que creio fazerem algum sentido.
sexta-feira, setembro 18, 2020
Jogo 1
Hoje começa a Liga 2020/2021.
Um campeonato que começa como terminou o anterior ou seja debaixo das condicionantes (particularmente rigorosas quando se trata de futebol) impostas por uma maldita pandemia que teima em não desaparecer.
Com um jogo já adiado, precisamente por haver em ambas as equipas jogadores e treinadores infectados, os restantes vão disputar-se num clime de incerteza quanto à regularidade com que vai disputar-se a competição.
Mas falemos de futebol e do jogo de estreia do Vitória.
Será frente ao Belenenses SAD, num D.Afonso Henriques, desoladoramente vazio, e face aos problemas do covid-19 que condicionaram treinos e anularam jogos particulares não se sabe muito bem qual o actual estado de forma de cada uma das equipas.
Será mais uma incógnita que apenas os 90 minutos desfarão.
Do Vitória sabe-se que saiu muita gente e muita gente entrou, que mudou de treinador, que os seus objectivos são os de sempre e passam pelo apuramento europeu e pela candidatura a vencer a taça de Portugal e a taça da liga.
Hoje é o primeiro jogo e espera-se que entre com o pé direito vencendo e moralizando a equipa para os compromissos seguintes.
E nesta altura não se pode dizer muito mais.
Com o mercado ainda aberto, para saídas que não se desejam e para entradas que se sabem necessárias, há que aguardar pelo seu encerramento para então se poder faze ruma análise mais profunda do plantel vitoriano.
Hoje...ganhar!
quinta-feira, setembro 17, 2020
Urso
"Vieira retira Costa e Medina da Comissão de Honra"
António Costa, F. Medina e todos aqueles que andaram a defender que não havia nenhum problema na sua inclusão na famigerada comissão de honra de apoio a LFV fizeram uma autêntica figura de urso com esta dispensa por parte do presidente do Benfica.
Registando-se, para memória futura, a forma como o presidente de um clube fez gato sapato do primeiro ministro.
Registando-se, para memória futura, a forma como o presidente de um clube fez gato sapato do primeiro ministro.
quarta-feira, setembro 16, 2020
Normal
Ontem à noite em Salónica aconteceu apenas futebol.
Uma equipa teve mais posse de bola, atacou mais e a outra defendeu melhor, soube controlar o andamento do jogo e na hora da finalização, pese embora não ter gasto dezenas de milhões em dois avançados, foi mais eficaz e venceu com mérito.
Acontece tantas vezes no futebol que tem de se considerar normal e não há razao para espanto de quem tiver visto apenas o jogo de futebol.
Depois há o resto.
O treinador caríssimo, arrogante e fala barato que veio prometer milagres (uma equipa portuguesa ganhar hoje a Champions seia um verdadeiro milagre) face a um treinador que foi humilde, inteligente e estudou muito bem o adversário.
Os reforços endeusados por televisões, Record e Bola, comentadores e cartilheiros, que na prática não mostraram nada de extraordinário nem sequer serem melhores que aqueles que já estavam no clube a época passada e que por isso ainda mais realçam a estranheza de terem custado tanto dinheiro.
Uma arbitragem de qualidade que provocou o espanto nos jogadores benfiquistas por não assinalar faltas que os apitadores portugueses são useiros e vezeiros em marcar para não desagradarem a suas excelências.
Por mais que isso tenha custado ao dispendioso plano de salvação eleitoral do presidente do Benfica e aos comentadores televisivos que ontem à noite , em todos os canais, pareciam estar a comentarem um funeral o que se viu em Salónica foi apenas futebol.
E no futebol a sério ganha a equipa que em jogo jogado e eficácia se superioriza à outra.
Fosse assim, sempre, em Portugal.
Depois Falamos.
segunda-feira, setembro 14, 2020
domingo, setembro 13, 2020
Mal
Não alinhei, não alinho, nem alinharei no coro que por aí se ouve contra André Ventura.
Acho que alguns dos "coristas" são mais totalitários, mais sectários e mais discriminadores do que Ventura alguma vez foi ou será.
Porque no entender dos "coristas" a democracia não é para todos mas apenas para os que pensam como eles.
Dito isto há que dizer que também não tenho gostado de algumas atitudes e declarações de André Ventura.
Não gostei da sua colagem ao terceiro segredo de Fátima, não gostei da sua imatura ameaça de demissão se Ana Gomes tivesse mais votos do que ele, não gostei da forma como se referiu às candidaturas de Ana Gomes e Marisa Matias.
Mas não gosto acima de tudo do seu silêncio de chumbo sobre o apoio de António Costa a Luís Filipe Vieira.
Fosse outro o clube, e necessariamente outro o candidato, e seguramente que André Ventura já teria feito chover raios e coriscos sobre o inaceitável apoio do primeiro ministro a alguém envolto em problemas judiciais e com pesadas responsabilidades em colossais divídas ao BES/Novo Banco que todos nós vamos pagar.
Mas é o seu clube e o candidato que ele apoia nas eleições e por isso calou-se.
E para alguém que quer ser Presidente da República, Primeiro Ministro e sabe-se lá que mais (candidato à Câmara de Lisboa?) é um posicionamento completamente inaceitável.e que o desqualifica para o exercício de funções da responsabilidade daquelas que ambiciona.
André Ventura é um político inteligente, perspicaz mas que tem cometido erros infantis.
Como este de pôr o clube à frente do Estado.
Pior que ele, nesta matéria, só mesmo António Costa!
sábado, setembro 12, 2020
Democratização
Portugal é um país de boas intenções mas que em muitos casos não consegue as respectivas concretizações por motivos vários de que a falta de coragem da classe política não é certamente um dos menores.
A regionalização está prevista na Constituição desde 1976.
A "apenas" quarenta e quatro anos porque nunca os partidos tiveram coragem para a levarem à prática pela simples razão de que regionalizar significa tirar poder a Lisboa e nenhum partido, da direita à esquerda, quer que isso aconteça porque se há matéria em que são todos iguais é na defesa do centralismo.
É certo que o PS, no tempo de António Guterres, ainda fez um referendo sobre a regionalização (país engraçado em que se referenda o que está na Constituição...) mas ele estava de tal forma inquinado à partida que a sua rejeição foi a consequência natural.
E como não houve a coragem nem o interesse em regionalizar foram criadas, muitos anos atrás, as comissões de coordenação e desenvolvimento regionalque seriam, na forma híbrida que as caracteriza, uma espécia de antecâmara de uma futura regionalização.
Que nunca aconteceu como é sabido.
Entendeu agora o governo "geringonçeiro", com a má consciência que o caracteriza nesta como em tantas outras matérias, que era preciso fazer qualquer coisa, mudar o acessório para fazer de conta que se estava a evoluir para manter o essencial que não lhe interessa mudar.
E naquelas frases vazias, ocas, mas que soam bem e que são apanágio de António Costa e seus pares foi anunciado ao país, com a pompa e a circunstância que uma verdadeira reforma mereceria se o fosse...mas não é, que se ia proceder à democratização das comissões de coordenação e desenvolvimento regional que passariam a ter os seus presidentes e vice presidentes eleitos.
Pelo povo como seria legítimo esperar numa verdadeira democratização?
Nem pensar porque o conceito de democracia do PS não é tão vasto.
Os presidentes das CCDR passam a ser eleitos pelos autarcas das respectivas regiões (presidentes de câmara, vereadores, membros das assembleias municipais e presidentes de junta de freguesia), como se as regiões se esgotassem nos agentes políticos, enquanto um vice presidente é eleito apenas pelos presidentes de câmara e o outro nomeado pelo governo!
Rico conceito de democracia!
Mas que ainda pode piorar.
Porque achando-se os partidos donos da democracia ( e neste aspecto há um perfeito bloco central entre PS e PSD), como as recentes alterações à lei eleitoral para as eleições autárquicas bem comprovam, também nesta matéria das CCDR não deixaram os seus lamentáveis créditos por mãos alheias estabelecendo uns critérios para os "filhos" e outros para os "enteados" ou seja decretando que os candidatos a presidente das CCDR apresentados pelos partidos basta-lhes isso mesmo, serem apresentados pelos partidos, enquanto quem quiser candidatar-se independentemente dos partidos tem de ter a subscrição de pelo menos 15% do colégio eleitoral da respctiva região.
Pior, eram 10% mas à ultima hora aumentaram para 15% para dificultarem as eventuais candidaturas dos tais candidatos não partidários num "belo" exemplo de como querem abrir a participação política e cívica aos cidadãos sem partido.
Muito mau.
Mas ainda pode piorar por incrível que pareça.
E pode piorar porque o senhor António Costa e o senhor Rui Rio sentaram-se a uma mesa e fizeram uma espécie de tratado de Tordesilhas entre eles repartindo as presidências das comissões regionais pelos dois partidos na convicção de que os seus autarcas aceitarão as ordens que lhes vão ser dadas para votarem nos candidatos escolhidos pelo senhor Costa e pelo senhor Rio.
Um conceito miserável de democracia e um soberano desprezo pela autonomia do Poder Local.
Espero que nalgumas das regiões apareçam candidaturas independentes à presidência e vice presidência dos orgãos.
A democracia merece e pode ser uma excelente forma de os senhores Costa e Rio perceberem que os autarcas são gente com opinião própria, legitimados pelo voto do povo, e não meras correias de transmissão de políticos sem dimensão democrática.
Depois Falamos
Vergonha
Ou falta dela melhor dizendo. Com todos os graves processos judiciais que cercam o clube e o seu presidente, com o que vem a público sobre os colossais prejuízos ao BES/Novo Banco provocados pelas empresas mal geridas de LFV, entre outras coisas de quem nem vale a pena falar tudo aconselharia um primeiro ministro com vergonha na cara e sentido de Estado a manter-se bem longe deste processo eleitoral.
Mas estamos a falar de António Costa cuja falta de vergonha apenas tem paralelo no achar que na política vale tudo.
E por isso escreve mais um triste capítulo na história de um primeiro ministro indigno do cargo que ocupa.
quinta-feira, setembro 10, 2020
Dor
O resultado de 0-0, no primeiro jogo de preparação da temporada, não tem relevância nem vale a pena tirar ilacções.
Sobre as exibições individuais também não haverá grande coisa a dizer atendendo às características do jogo embora tenha gostado do que já vi em Edwards, Rochinha, André Almeida, Carls e Jorge Fernandes por exemplo.
Mas a dor é outra e está patente na fotografia.
São as bancadas vazias desde Fevereiro, são os milhares de vitorianos impedidos de verem o seu Vitória no estádio.
E essa dor, que ameaça continuar, é uma dor que tem de ser partillhada por todos e não só por aqueles que servem "apenas" para aplaudir, pagar cotas,comprar lugares anuais e esgotarem camisolas nas lojas porque a partir daí não servem para mais nada.
Nestes tempos de pandemia e de jogos à porta fechada percebo que nos camarotes estejam os orgãos sociais do clube e da SAD mas não percebo, não entendo e não aceito que se abram excepções seja para quem for.
Não há vitorianos de primeira e de segunda,não há vitorianos mais ou menos fotogénicos.
Há vitorianos.
E essa é uma regra de ouro num tempo que se quer de entusiasmo.
quarta-feira, setembro 09, 2020
Francisco Martinho
Soube da triste notícia quando, em viagem, recebi via WhatsApp a mensagem de um amigo a comunicar-me que tinha falecido o nosso comum amigo Francisco Martinho.
Embora não totalmente surpreendido, porque sabedor dos problemas de saúde que o apoquentavam, foi um choque brutal o desaparecimento de um amigo de mais de quatro décadas e com quem mantive inúmeras horas de conversa, quer pessoais quer telefónicas, ao longo de todo esse tempo.
Conheci Francisco Martinho em 1975.
Era ele, como foi durante mais de trinta anos, o responsável pela sede e secretaria do PSD de Guimarães onde ao longo dessas décadas passava as noites de segunda a sexta feira terminado o seu dia de trabalho como chefe de secretaria do Lar de Santa Estefânia.
E desde logo, desde esse tempo tão remoto, identificamos pontos de interesse comuns e que ambos partilhavamos com fervor.
O andebol, modalidade a que ele dedicou boa parte da vida associativa( tendo sido o fundador da secção de andebol do Vitória) e eu fui praticante da mesma, Guimarães a nossa Terra e o PSD partido em que estive desde 1975 até 2018 e ele serviu durante grande parte da sua vida sem nunca ter sido militante.
Mas acima disso, bem acima de tudo isso, o Vitória Sport Clube!
Uma paixão que o acompanhou toda a vida, uma causa pela qua muito lutou e muito escreveu na imprensa local, um clube que conhecia e de que falava com uma sabedoria de que muito pouco se poderão orgulhar.
Com ele aprendi muito sobre o nosso clube.
Recordarei sempre muitas dessas conversas tidas nas duas sedes do PSD na praça do Toural.
Onde ele passava, como já atrás disse parte da noite, tratando do expediente do partido num tempo em que sem internet (à qual nunca se converteu), sem computadores nem impressoras, sem telemóveis, todo o trabalho dava mais trabalho ainda porque tudo era feito à mão e a simples comvocatória de um plenário demorava semanas a preparar porque eram feitas por carta individualizada, as cartas tinham de ser metidas em envelopes, nos envelopes era preciso colar as etiquetas e por aí fora numa "mão de obra" que as novas gerações nem imaginam.
E em muitas dessas noites enquanto alguns voluntários ajudavam a tratar do expediente formavam-se animadas tertúlias onde o assunto não era a política (embora estivessemos na sede de um partido) mas sim o Vitória e os seus assuntos mais mediáticos com debates bem animados e bastas vezes...acalorados.
Noutras noites, quando a disponibilidade mo permitia, passava pela sede apenas e só para conversar com ele, no sossego de uma conversa a dois, e "bebia" muitos dos seus ensinamentos, memórias e perspectivas de futuro quanto ao clube que era , a seguir à família, aquilo a que ele seguramente dedicava mais atenção e mais carinho.
Durante mais de quarenta anos foi assim.
Na sede do PSD, quando nos encontrávamos na rua ou no estabelecimento comercial do meu Pai onde ele passava quase todos os dias, na rua da Raínha perto do "Chico das Novidades" onde ele gostava de estar ao final da tarde a falar com amigos...sobre o Vitória , em todo o lado onde nos encontrássemos o assunto era sempre esse. Vitória!
Depois por razões da vida de cada um, especialmente da minha, fomos-nos encontrando menos vezes mas havia sempre um telemóvel (a que ele se converteu tarde) para ir actualizando a conversa e as novidades sobre o nosso clube.
Nos últimos anos, já ele reformado da sua actividade profissional no Lar de Santa Estefânia e da secretaria do PSD (onde continuava a ir, agora de manhã, para dar apoio às pessoas que lhe sucederam na secretaria mas também porque havia um vinculo afectivo que quis manter) criamos um hábito regular que era o da conversa das segundas feiras de manhã para falarmos do jogo do Vitória no fim de semana anterior e escalpelizarmos o resultado, a táctica, as substituições e tudo o mais que envolve um jogo de futebol.
E todas as segundas feiras, por volta das onze horas, telefonávamos um ao outro para uma meia hora de conversa (às vezes bem mais se o jogo tinha corrido mal...) que nos dava um enorme prazer e era o renovar semanal de uma velha e consistente amizade.
São muitas as memórias dessas conversas. Muitas e inesquecíveis.
A pandemia veio de alguma forma suspender isso.
Não havia jogos e por isso falamos menos vezes.
Das últimas vezes que tentei contactá-lo já não foi possível e amigos comuns deram-me conhecimento do agravamento do seu estado de saúde.
Hoje foi o desfecho que se temia mas também se adivinhava.
Francisco Martinho foi um grande vimaranense e um grande vitoriano que deixou uma marca profunda na sua terra, no seu clube , na imprensa local onde colaborou durante muitos anos, nas instituições que serviu e em todos quandos tiveram a sorte de serem seus amigos.
Pessoalmente recordá-lo -ei sempre como um amigo que me transmitiu valores, ensinamentos, paixão pelas causas, que nunca esquecerei.
Foi ele que me incentivou, há mais de trinta anos, para começar a escrever para a imprensa regional sendo um leitor atento desses textos como mais tarde se tornou também um leitor do meu blogue "Depois Falamos" através dos prints que lhe faziam chegar porque internet não era de facto com ele.
Quantas vezes me telefonava para falar sobre este ou aquele texto, elogiando ou fazendo reparos, mas sempre com uma amizade e uma postura construtiva que me deixavam sensibilizado.
Não me esquecerei nunca do que me ensinou sobre o Vitória como não esquecerei os sonhos que partilhavamos para o nosso clube (que ele infelizmente já não verá cumpridos na sua vida terrena)
e que acredito um dia serão realidade.
Se há texto que me custou a escrever e que não gostaria de escrever nunca foi este.
Ainda por cima já não está cá, para entre duas baforadas do seu inseparável cigarro me dar a sua opinião, o meu amigo Francisco Martinho.
Depois Falamos.
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