O futebol é feito de triunfos mas também de derrotas e o adversário de ontem não sendo superior a Portugal é, ainda assim, uma forte equipa que venceu a Copa América e até tem um ranking superior ao nosso em termos de FIFA.
Perdemos por culpa própria.
Por erros na constituição inicial, por demasiadas hesitações na hora de mexer, por opção erradas nos substitutos por incompreensível medo de arriscar face a um adversário que nos 90 minutos nunca nos foi superior.
No onze inicial, condicionado pelas ausências de Pepe e Raphael Guerreiro (especialmente este), Fernando Santos optou por aquilo que já se revelara um erro noutros jogos e que foi colocar André Gomes a jogar entre o meio e o flanco esquerdo, onde é autêntico "peixe" fora de água, prescindindo de Quaresma e dos seus cruzamentos teleguiados que com Ronaldo e André Silva na área dificilmente deixariam de resultar em golos.
Faria mais sentido, digo eu, ter alinhado Quaresma de início e puxado Bernardo para o lugar de André Gomes onde o seu virtuosismo e capacidade para o ultimo passe poderiam ter feito grandes estragos.
Com o jogo equilibrado, até em oportunidades, impunha-se face ao valor dos jogadores que Portugal tinha no banco que se tentasse dar uma "sapatada" no jogo até aproveitando o facto de os chilenos terem menos um dia de descanso o que com intervalos tão curtos entre jogos e num final de época podia fazer a diferença.
Mas Fernando Santos demorou uma eternidade a decidir alterar alguma coisa.
E quando alterou,apenas aos 76 minutos, alterou mal.
Com André Gomes (ainda por cima num jogo que lhe correu mal especialmente a rematar) e Adrien a darem sinais de cansaço a opção foi tirar...André Silva remetendo Ronaldo para um lugar onde ficou demasiado só e retirando poder de "fogo" à equipa nacional.
Mas se tirar André (salvo lesão ou fadiga) foi errado meter Nani foi um erro maior ainda.
Porque com todo o respeito pelas suas 110 internacionalizações e pelo que já deu a Portugal a verdade é que Nani é um jogador "gasto" não pela idade mas pela atitude que revela em campo e que às vezes até parece fazer crer que está ali por favor.
Manter o talento de Quaresma e de Gelson ( e este sim podia acelerar o jogo) para lançar Nani foi uma substituição completamente falhada e da qual naturalmente a equipa não tirou proveito rigorosamente nenhum.
Depois a apenas sete minutos do fim, mesmo sabendo que neste jogo já vigorava o novo regulamento que permite quatro substituições caso haja prolongamento, lá meteu Quaresma mas sem tempo para influenciar fosse o que fosse por manifesta falta de ...tempo.
Saiu André Gomes? Não. Bernardo Silva.
Arriscar um mínimo?
Nem pensar.
A estratégia de sempre(e que quase sempre tem resultado) de defender bem, espreitar um golo no contra ataque ou nalguma genialidade de Ronaldo e depois voltar a defender bem até ao fim do jogo.
Ontem não resultou.
E assim se lá se chegou ao fim do tempo regulamentar com 0-0 , com duas substituições por fazer, sem que Portugal tivesse arriscado um mínimo que fosse na tentativa de ganhar um jogo que esteve ao seu alcance.
No prolongamento Portugal teve sorte.
A sorte de um penálti cometido por José Fonte que o árbitro não marcou e a sorte de poste e barra terem substituído Rui Patrício em lances em que o nosso guarda redes nada podia fazer.
E notícias do banco?
A acabar a primeira parte do prolongamento(!!!) lá saiu,finalmente, André Gomes mas ao contrário do suposto não foi Pizzi que entrou mas sim João Moutinho cujas funções em campo nunca poderiam ser as do substituído que seriam bem melhor desempenhadas pelo referido Pizzi.
Se a entrada de Moutinho foi a pensar nos penáltis depressa se veria que nem nisso era dia de acerto...
E depois,a quatro minutos do fim, lá apareceu Gelson provavelmente fruto da esperança nalgum milagre porque a pensar nos penáltis não foi seguramente dada a falta de experiência do jogador nesse tipo de lances.
E assim terminou o jogo.
Com o 0-0 com que se iniciara e com Portugal a só poder queixar-se de si próprio pela falta de ambição revelada e pelos erros, hesitações e medos do seu treinador.
Vieram os penáltis.
Que não são nenhuma lotaria, como os que perdem gostam de dizer, mas sim uma questão de competência de quem os marca e de quem os defende.
E nisso o Chile foi muito melhor.
Porque os seus três marcadores foram competentes a marcar e porque o seu guarda redes foi competente a defender os três (!!!) penáltis rematados por portugueses.
E assim Portugal disse ingloriamente adeus à possibilidade de estar na final e até de a vencer num jogo em que, como neste, seria favorito.
Mas nisto de favoritismos há que os provar em campo!
Em suma uma participação que não envergonha,longe disso, a eliminação frente ao campeão sul americano e a certeza de uma oportunidade perdida de vencermos uma prova em que não sabemos se alguma vez voltaremos a participar.
Agora importa garantir o regresso à Rússia no próximo ano.
Sem erros ,hesitações ou medos nos jogos que restam.
Afinal somos campeões da Europa.
Depois Falamos