Publiquei este artigo no site da Associação Vitória Sempre.
Há alguns incómodos, não vale a pena negá-lo, que atravessam a
realidade vitoriana.
O aperto de mão a António Salvador, que por maior que seja o
esforço em tentar compreender as razões (e eu fi-lo da forma mais positiva
possível), veio a redundar na muito mal explicada história do convite a Rui
Vitória tão veementemente negado como anteriormente o fora idêntico assédio ao
ponta de lança Douglas.
Os elogios ao Boavista, e á suposta qualidade que a sua integração
dará à 1ª liga, quando se trata do clube que nos últimos 40 anos mais
prejudicou o Vitória nomeadamente nos tempos do “apito dourado” em que se
batiam connosco por lugares europeus suportados por um “sistema” de viciação de
resultados.
De resto convirá lembrar que a reintegração do Boavista não se
deve a estar inocente mas apenas a erros processuais na forma como foi
condenado.
A proclamada amizade com Bento Kangamba, um criminoso angolano que
nem a Guimarães pode vir ver um jogo de futebol porque se puser os pés na
Europa é imediatamente preso, que não nos traz qualquer prestígio bem pelo
contrário.
Aliás onde irão já as subtis diferenças, proclamadas na última AG,
entre a empresa e o seu proprietário?
O incompreensível silêncio sobre a denúncia de corrupção no
Zénit-Vitória, que tanto nos prejudicou desportiva e financeiramente, deixando
sem uma palavra de esclarecimento os vitorianos sobre o que tenciona a SAD
fazer para os nossos direitos serem defendidos.
Se é que tenciona fazer alguma coisa.
A forma absolutamente incompreensível com que se reitera uma política
de silêncio em torno de sucessivas arbitragens que nos lesam como se o papel do
Vitória fosse ser uma qualquer Madre Teresa de Calcutá da Liga sempre disponível
a perdoar e a oferecer a outra face.
A forma como, ao invés, existe sempre resposta pronta e
declarações com fartura quando o que está em causa é a Liga, o pedido de
destituição dos seus órgãos, a marcação de novas eleições.
Mais incómodos?
Infelizmente sim
Uma escusadamente fracassada época no futebol (A e B) em que
nenhum objectivo foi atingido na 1ª liga
e em que a subida à liga de honra foi desperdiçada de forma
incompreensível.
O ostracismo a que as modalidades estão votadas pela maioria dos
membros dos orgãos sociais que só aparecem quando "cheira" a
taça e são, com honrosas excepções, apenas vitorianos do futebol.
Um camarote presidencial desoladoramente vazio quando é
apresentada a nossa equipa de ciclismo porque para os seus ocupantes parece ser
mais importante ir ao buffet do que darem, pela presença, um sinal de apoio a
uma modalidade.
Uma secção de Voleibol do Vitória (que tanto já deu ao clube) que
não vai jogar aos Açores porque não há dinheiro para a deslocação dando a
imagem de uma instituição enfraquecida que já só vai jogar onde é de borla ou
quase.
A fuga de informação para um grupo local de comunicação social,
sobre a expulsão de Emílio Macedo, sem que do facto fosse dada prévia
informação aos restantes órgãos sociais, aos associados e ao visado pela
decisão que soube pela imprensa o que lhe devia ter sido comunicado em primeira
mão.
Acresce que o posterior desmentido feito pelo presidente da Assembleia
Geral, numa matéria que não é da sua competência, soou a uma tentativa
ingenuamente bem intencionada de tentar limitar os danos.
Em bom rigor, justiça lhe seja feita, ninguém acredita que o
“Desportivo de Guimarães” fazia uma manchete que ocupa boa parte da primeira
página se não tivesse a certeza absoluta do que estava a noticiar!
E o Comunicado tardiamente divulgado pelo clube, esclarecendo o
assunto, acaba por ser pouco…esclarecedor.
E, naturalmente, das incertezas quanto á próxima época futebolística.
Presidente, treinador, jogadores.
Quem fica e quem sai.
Quais os objectivos das equipas A e B?
É que para além das preocupações que todos estes assuntos trazem
ao dia a dia dos vitorianos há o fundamentado receio que sem a afirmação de uma
linha de rumo clara e ambiciosa a próxima época seja desastrosa em termos de
lugares anuais vendidos, pagamento de cotas, médias de assistência no estádio,
aquisição de merchandising e por aí fora.
São muitos (com o Estoril tivemos uma das piores assistências de
sempre em termos de 1ª liga) os vitorianos que desanimados deixaram de ir aos
nossos jogos.
Se esse desânimo não for combatido acredito que para o ano ainda
será pior..
E em 2015, ano de actualização dos números de sócios, corremos o
risco de termos uma desagradabilíssima surpresa se o actual rumo dos
acontecimentos não sofrer drástica alteração e os actuais "incómodos"
não desaparecerem.
Até a capacidade de sofrimento dos vitorianos tem limites!