Não tenho especial simpatia, nem antipatia, pelo presidente francês.
Creio que é mais um dos políticos que comprovam a mediana (com alguma generosidade) qualidade dos estadistas europeus dos tempos que vivemos e que tanto exigiam gente com dimensão de estadistas de outros tempos.
Mas é o que temos.
Reconheço, porém, que nesta história da Ucrânia o presidente Macron viu mais cedo e mais longe do que os seus congéneres porque foi o primeiro, logo nos primórdios da invasão russa, a referir a necessidade de a União Europeia, os EUA e outros países enviarem armamento para o exército ucraniano para ajudar a combater o invasor.
Esta sua interrogção de agora sobre se fará sentido a NATO enviar tropas para a Ucrânia esbarrou logo com a tradicional cobardia de governantes europeus e americanos que rejeitaram de imediato essa possibilidade com medo da opinião pública dos seus países e das eleições que cada um deles terá de disputar.
Mas creio que Macron mais uma vez viu bem e viu longe.
Porque se o a armamento enviado para a Ucrânia ( que está a chegar em quantidade bem inferior ao necessário como é sabido) não for o suficiente para travar o agressor e a Ucrânia for derrotada então ninguém se iluda porque a Rússia não vai ficar por aí e vai continuar o seu expansionismo no velho estilo soviético.
Que aliás já está em curso com o que se está a passar na Moldávia com os pretensos separatistas da Transnístria que é a cópia a papel quimico do que se passou com os separatistas de Donetsk na Ucrânia. E se depois da Ucrânia a vizinha Moldávia também cair na órbita putinesca (e cairá porque é um pequeno país sem grandes possibilidades de defesa) a partir daí a Rússia novamente soviética só terá a ocidente fronteiras com países da NATO.
Daí a arranjar uns separatistas na Roménia, na Polónia ou num estado báltico vai uma distância curta e fácil de transpor. Ou seja parece-me que o que Macron quis dizer, alertando ,é que se a Rússia não for travada na Ucrânia, com apoio ocidental desejavelmente apenas em termos de equipamento mas se necessário com tropas, então mais dia menos dia a NATO terá mesmo de combater directamente a Rússia num dos países que integram a organização atacado pelas tropas do ditador russo. E isso é fatal como o destino. Que ninguém se iluda porque quanto maiores forem as ilusões mais agreste será a realidade.
Depois Falamos.
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/macron-arrisca-admitir-que-tropas-da-nato-podem-ser-enviadas-para-a-ucrania/
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