O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Embora as eleições sejam apenas em 2024 a possivel sucessão de Jorge Nuno Pinto da Costa na presidência do Futebol Clube do Porto é um assunto que está cada vez mais na ordem do dia até pela disponibilidade já demonstrada por André Villas Boas para avançar para o cargo.
Sem esquecer que anteriores candidatos como José Fernando Rio e Nuno Lobo poderão avançar para uma nova candidatura.
Sendo assunto que interessa particularmente aos associados e adeptos do FCP, o que não é o meu caso, ainda assim e como espectador atento do que se passa nos clubes que competem com o "meu" ( e em várias modalidades) deixo aqui algumas reflexões.
A primeira para dizer que é possível que o sucessor de Pinto da Costa seja...Pinto da Costa.
De facto se o histórico dirigente voltar a ser candidato é bem provável que ganhe salvo um descalabro absoluto, mas pouco previsível, no futebol embora o agravamento das contas que o alarmismo do vice presidente Fernando Gomes deixa antever, e que poderá atingir uma dimensão particularmente grave, possa ter reflexo na formação do plantel e contribuir para esse tal descalabro.
Mas mesmo assim creio que se Pinto da Costa for candidato dificilmente deixará de vencer a eleição.
A questão poderá, contudo,ser outra.
Pinto da Costa faz em Dezembro 86 anos o que significa que se fizer mais um mandato chegará ao fim dele perto dos noventa anos que é uma idade muito bonita para uma pessoa mas muito imprópria para ser presidente de uma instituição com a dimensão e a exigência do FCP.
E isso pode condicionar a decisão de se recandidatar, por um lado, mas também pode pesar na vontade dos eleitores por outro.
Já para não falar das possíveis condicionantes oriundas de questões de saúde que inevitavelmente se põe numa pessoa dessa idade.
O que leva a uma segunda reflexão.
E essa aponta para o facto de em minha opinião há muito que Pinto da Costa devia ter deixado a presidência do clube abrindo caminho a uma sucessão controlada e evitando aquela que pode ser uma sucessão à pressa motivada por factores que não controlará.
Podia ter saído em glória em 2011 quando o Porto venceu pela segunda vez a Liga Europa (sair na sequência de um titulo europeu seria uma saída condigna face ao seu percurso enquanto presidente) ou nos anos logo a seguir na sequência de um dos vários titulos de campeão nacional porque sair campeão também seria um bom fecho de percurso.
Mas não o quis fazer e levou, ou deixou que levassem, o clube para a situação actual.
De alguma fragilidade desportiva no futebol (que apenas a competência de Sérgio Conceição tem permitido disfarçar) e com uma situação financeira em continuo agravamento fruto de um desvario gestionário que um futuro presidente dificilmente deixará de pôr em causa e mandar investigar mais que não seja para se salvaguardar a ele próprio e à direcção que encabeçará.
E essa é a terceira reflexão.
O futuro presidente.
Que se não for Pinto da Costa (e se não for em 2024 será a seguir) dificilmente será alguém do seu circulo próximo porque se os adeptos por respeito e gratidão por tudo que Pinto da Costa fez pelo clube ainda lhe podem tolerar/perdoar algum enfraquecimento desportivo e a fragilidade financeira seguramente que quando ele não estiver em campo quererão uma mudança radical de paradigma "varrendo" do clube todos aqueles que consideram co responsáveis pela actual situação.
O que pode muito bem inviabilizar a possibilidade de Vitor Baía fazer no Porto o que Rui Costa fez no Benfica colando-se a um presidente carismático (sim Luis Filipe Vieira foi carismático para os benfiquistas durante muito tempo) para depois aproveitar o lanço e concorrer à presidência numa posição vantajosa.
"Restam" os outros.
Os candidatos de 2020, Jose Fernando Rio e Nuno Lobo, e André Villas Boas.
Nuno Lobo já anunciou que será candidato, Villas Boas não fala noutra coisa faltando Jose Fernando Rio anunciar a sua posição.
Não sendo portista , não conhecendo o clube por dentro nem frequentando tertúlias portistas creio que Nuno Lobo não terá hipóteses praticamente nenhumas depois dos 4% obtidos em 2020.
André Villas Boas é um caso diferente.
Porque não se lhe conhecendo qualquer experiência de gestão (mas isso nos clubes nacionais é completamente irrelevante) tem no palmarés como treinador uma das melhores épocas de sempre do clube vencendo todas as competições em que participou o que pesa sempre no ânimo e na disposição dos adeptos em termos de apoiarem uma candidatura sua.
Sendo certo que por aquilo que se vai ouvindo e lendo as hostes de Pinto da Costa , com ou sem recandidatura do actual presidente, já o elegeram como alvo a abater o que poderá ter algum efeito no resultado da sua candidatura.
Positivo ou negativo a seu tempo se verá.
Resta, se restar, José Fernando Rio.
Que em 2020 obteve 26% dos votos o que é uma muito interessante base de partida para uma candidatura especialmente se Pinto da Costa não estiver na corrida e portanto todos os candidatos partirem do mesmo ponto.
A que acresce a minha convicção, reiterando que é a convicção de quem está por fora, que José Fernando Rio é de todos estes potenciais candidatos aquele que garante um maior distanciamento e uma maior independência do actual poder o que lhe permitirá (caso seja candidato e caso ganhe é claro) um total à vontade para tomar decisões e medidas que eventualmente desagradem à actual entourage de Pinto da Costa mas que serão absolutamente necessárias para um virar de página no Futebol Clube do Porto.
É o cenário actual.
Mas faltando ainda bastante tempo para as eleições ele poderá ser alterado por várias situações desportivas e financeiras ou pela entrada na corrida de outros candidatos que alterem os cenários que agora são possíveis de traçar.
Certo é que vão ser meses muito intensos no FCP que merecerão acompanhamento atento não só de quem se interessa pelo fenómeno desportivo mas muito especialmente pelos clubes que com ele competem nas mais diversas modalidades com o futebol à cabeça.
Nota: Embora habitualmente escreva sobre o "meu" Vitória às vezes há excepções que se justificam. E em tempos de defeso pareceu-me que este assunto justifica ser uma delas.
2 comentários:
Caro Luis Cirilo,
Não sendo portista...
Nao é portista, mas até num texto sobre eleições do fc Porto tem que escrever sobre o Benfica.
Caro cards:
Fantástico. Num texto com 1050 palavras há 36 (trinta e seis) dedicadas ao Benfica e apenas para comparar os percursos de Vitor Baía e de Rui Costa. Vocês benfiquistas além da mania da perseguição tem um ego absolutamente descomunal e acham que o vosso clube é o centro do Universo. Quando é apenas um clube que só não é como os outros porque é levado ao colo por tudo quanto é poder. Ou será que a recordação de Luis Filipe Vieira é incómoda? Talvez por relembrar que Rui Costa andou uma década ao lado dele e nunca viu, nunca ouviu, nunca percebeu nada. Sinceramente os seus comentários são d eum fanatismo a que não estava habituado.
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