Pelo interesse de que se reveste deixo aqui o artigo do Pedro Carvalho no Jornal de Guimarães.
Manifestando a minha total concordância com ele.
Depois Falamos.
António Miguel Cardoso e os seus pares estão dispostos a vender a nossa autonomia e independência a troco de 5,5 milhões.A V Sports SCS apenas irá comprar 46% das ações da SAD, mas a atual Direção está disposto a (con)ceder, a este novo acionista minoritário, sem que nada o justifique, um poder de rejeitar deliberações “aprovadas” (votadas favoravelmente) pelo acionista maioritário (Vitória SC) sobre todas as matérias relevantes a serem aprovadas em assembleia geral.
Estou totalmente contra esta alteração estatutária que nos fará perder a autonomia e controle sobre a nossa sociedade desportiva, apesar de termos a maioria do capital social.
Estou contra a nova redação do artigo 12º e 13º que a Direção quer introduzir nos Estatutos da nossa SAD, para única e exclusivamente satisfazer os interesses e pretensões da V. Sports.
Os sócios só aprovaram, na AGE de 3 de março, a venda de 46% do capital social à V. Sports.
António Miguel Cardoso garantiu, na AGE de 3 de Março, em resposta a pergunta feita pelo Conselho Vitoriano, que a venda não implicaria qualquer alteração estatutária na SAD. Foi nesse pressuposto que a venda foi aprovada. Contudo, volvidos dois meses, fomos convocados para alterar os Estatutos da SAD – que eram inalteráveis – e para, caso essa alteração seja aprovada, abdicarmos da nossa autonomia e independência que apenas foi conquistada em dezembro de 2020, quando adquirimos a maioria do capital social. Volvidos pouco mais de dois anos iremos perder, caso a nova redação do artigo 13º seja aprovada, essa autonomia e independência, apesar de mantermos a maioria do capital.
Com a compra das ações à MAF o Vitória Sport Club podia sozinho deliberar e aprovar em assembleia geral qualquer matéria relevante, que não exigisse por lei uma maioria qualificada. Se a nova redação do artigo 13º (e também do 12º) vingar já não será assim.
António Miguel Cardoso e os seus pares, soçobraram nas negociações com a V. Sports.
António Miguel Cardoso e os seus pares estão dispostos a vender a nossa autonomia e independência a troco de 5,5 milhões.
António Miguel Cardoso e os seus pares, por não terem a prometida almofada financeira e por não serem capazes de vender com acerto os nossos ativos, e por não terem soluções, nem engenho, nem capacidade negocial, ficaram reféns da V. Sports. Mas nós sócios não estamos, nem podemos, ficar reféns da V. Sports. Nós sócios não podemos aprovar alterações estatutárias que nos fazem perder a autonomia e independência. Nós sócios, tal como no passado, quando quiseram que abicássemos do poder de veto, temos que dizer não, temos que rejeitar esta alteração dos estatutos (se votada em bloco).
Se a V. Sports quer comprar 46% do capital social da Vitória SAD, que o faça, mas nos precisos termos e com os estatutos que estão em vigor. Foi nesses termos e nestas condições que os sócios, por esmagadora maioria, aceitaram, no pretérito 3 de março, vender à V. Sports 46% do capital social.
A V. Sports é bem vinda nos nossos termos e não nos deles. Se querem ser nossos parceiros terão que aceitar que o Vitória Sport Clube não abdica nem do poder de veto, nem do poder de deliberar e aprovar sozinho as matérias reservadas (que a lei não obrigue a serem aprovadas por maioria qualificada).
Acresce que, se esta alteração estatutária proposta a pedido vingar, a posição acionista da V. Sports sai imediatamente valorizada, sem nada ter feito para isso e por apenas 5,5 milhões.
Vão-nos tentar convencer das boas intenções da V. Sports, do salto organizacional que aquela aportará, e que as cedências não são verdadeiras cedências e que não será verosímil que a V. Sport reprove deliberações contra o sentido de voto do Vitória SC, ou reprove deliberações anteriormente aprovadas pelo Conselho de Administração, onde o Vitória irá ter 3 administradores e a V. Sports 2. A questão é que o pode fazer e o Vitória SC não poderá fazer aprovar qualquer deliberação relevante sem os votos daquela.
Como já o referi várias vezes, em qualquer acordo ou contrato, temos que, nas negociações, partir como inimigos para acabarmos como amigos, pois se assim não for podemos começar como amigos mas podemos acabar como inimigos. Não podemos ficar à mercê do voto de um acionista minoritário, seja ele V. Sports ou qualquer outro acionista futuro. Como disseram os sócios em dezembro de 2020, o Vitória é (e tem de continuar a ser) nosso!
Se esta alteração dos estatutos da SAD for aprovada, nos termos apresentados, o Vitória deixa de poder decidir sozinho, no que até agora, e após compra da maioria do capital social, podia fazer.
Acresce que, apesar de nesta matéria ainda ter que estudar melhor a questão que aqui irei introduzir para que todos reflitamos sobre ela, receio que esta alteração estatutária, poderá impedir-nos de participar nas competições da UEFA, caso o Aston Villa (o outro clube em que é acionista a V. Sports) também nestas participe, à luz dos regulamentos daquele organismo. Como é do conhecimento geral, a UEFA está paulatinamente a restringir a participação de acionista de sociedades que detenham direta ou indiretamente controle acionista sobre mais que um clube, não podendo os clubes detidos participar simultaneamente nas competições pela mesma organizada. Esta questão tem que ser bem analisada e esclarecida, esperando que a Direção já o tenha feito.
Espero que os sócios ponderem bem o que está em causa nesta proposta de alteração apresentada pela Direção e que participem de forma massiva na AGE de 19 de maio, decidindo o que querem para o futuro. Seja qual for a decisão, ela deve ser tomada por uma grande maioria dos sócios. O Vitória é nosso e a SAD também, e é aos sócios que compete escolher o futuro que querem.
P.S. Espero que o Nuno André recupere rapidamente e sem sequelas. Foram minutos, horas, dias angustiantes para todos. O Vitória terá agora que ponderar se não deve colocar uma rede ou uma qualquer barreira, porventura idêntica ao topo da jaula colocada na bancada Norte, que possa prevenir ou mitigar acidentes destes.
2 comentários:
A questão é extremamente pertinente, e a mudança de regras a meio do processo de decisão é no mínimo questionável.
Outro ponto que me aprece importante referir é o facto de com este "poder" e em caso de cisão entre o Clube e o investidor, o "barco" ficar à deriva, pois vetando todas as decisões do Clube, conseguem bloquear a sua gestão.
Caro Anónimo:
A questão é grave. Na última AG foi aprovado um acordo com a Vsports dentro de determinados pressupostos. O mais importante era a não concessão de direitos de veto. E isso foi garantido pelo presidente do clube depois d eum conju nto d eperguntas feitas pelo Conselho Vitoriano. Afinal há direitos de veto se as alterações ao pacto social forem aprovadas. E é legítimo que perguntemos que mais más surpresas nos estarão destinadas se a alteração for aprovada.
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