Nunca gostei de Francisco Pinto Balsemão.
Politicamente falando, é claro, porque pessoalmente nunca o conheci nem fiz mínima questão disso embora as oportunidades tenham sido várias.
É, até, um dos pouco líderes do PSD que não conheci pessoalmente.
E nunca gostei politicamente porque me pareceu sempre ser alguém que apostava na ambiguidade, no estar e não estar, no apoiar e não apoiar , gostando de agradar a Deus e ao diabo para estar de bem com todos.
Na crise das "Opções Inadiáveis", um movimento de alguns dirigentes do PSD contra Francisco Sá Carneiro, começou por assinar o documento ao lado dos contestatários mas depois acabou por mudar de lado e ficar com FSC provavelmente ao perceber que a esmagadora maioria dos militantes estava com ele.
Depois, aquando da AD, Sá Carneiro acabou por o levar para o governo provavelmente pelas mesmas razões pelas quais poucos anos depois ele próprio também levaria Marcelo Rebelo de Sousa.
Tê-lo por perto e portanto controlado.
Foram os famosos tempos em que MRS num marotice tão típica dele escreveu no Expresso, o jornal do próprio Balsemão, que ele estava "lelé da cuca"!
E com o Expresso e depois a SIC foi a mesma coisa.
Sempre apostando na ambiguidade e fazendo frequentemente o jogo do PS quando o PS está no poder e exibindo uma maior independência quando toca ao PSD governar.
Na década de liderança de Cavaco Silva no partido e no governo Balsemão desapareceu da vida partidária e dedicou-se aos negócios percebendo que não tinha espaço nem "exército" para nada depois de o seu governo em AD ter acabado como acabou.
Em 1996, depois da saída de Cavaco, ainda tentou um regresso efémero á política activa aparecendo pela primeira vez em dez anos num congresso do partido e até encabeçando uma lista para o conselho nacional.
Mas teve a lucidez de perceber que o seu tempo passara.
E de lá para cá, fazendo gozo do estatuto de militante número 1 que é o número do seu cartão (porque o verdadeiro número 1 será sempre Sá Carneiro) e nada mais, aparece de vez em quando querendo dar a táctica aos líderes em funções como se fosse um qualquer "guru" iluminado pelas luzes da sabedoria.
Foi o que ainda agora fez, no aniversário do PSD, em que sendo o convidado de honra da cerimónia (pelo menos assim pareceu) "botou" discurso dizendo o que o partido deve e não deve fazer e com quem deve e não deve relacionar-se.
Percebendo-se, também não era difícil, que neste discurso em que pretende exaltar os valores do PSD e definir a sua estratégia está simultâneamente a fazer um favorzinho ao PS estreitando o caminho a Luís Montenegro e tentando condicionar as opções que ele terá de fazer. (primeira foto)
Afinal a sua história de vida.
Estar bem com Deus e com o diabo.
Depois Falamos
Nota: Disse no início do texto que não gostava de Balsemão politicamente falando. Mas depois de ler as biografias do mesmo escritas por Joaquim Vieira e por ele próprio também não me parece que algum dia pudesse gostar da pessoa. Talvez lá no fundo MRS tivesse razão. E a segunda das fotos parece comprová-lo.
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