domingo, dezembro 27, 2020

Tino

Vitorino Silva, popularmente conhecido por "Tino de Rans", é um simpático calceteiro de Penafiel que se tornou popular quando num congresso do PS fez uma intervenção emotiva e abraçou vigorosamente António Guterres e Almeida Santos.
É também um cidadão com intervenção política e cívica, que já ocupou cargos autárquicos, e tem mantido participação pública em vários momentos e sob várias formas sempre com um acentuado cunho popular.
Em 2016 foi candidato presidencial e obteve cerca de 150.000 votos, pouco menos que o candidato do PCP, e uma percentammgem de 3,28% que muitos partidos parlamentares (Chega, Livre, Iniciativa Liberal) bem gostariam de ter obtido e que é praticamente a mesma do PAN.
Em 2021 o cidadão Vitoriano Silva volta a ser candidato presidencial.
Em tempos difíceis para tudo, incluindo fazer política e recolher subscrições, conseguiu que nove mil portugueses subscrevessem a sua candidatura ( mais 1500 que o legalmente exigível) que foi entregue atempadamente no Tribunal Constitucional tal como a dos outros seis candidatos.
E portanto face à lei Vitorino Silva é um candidato igual a todos os outros dado que tendo cumprido idênticos deveres deve usufruir de idênticos direitos.
Mas estamos em Portugal.
Onde entre outros há três canais de televisão que se acham acima da lei e não perdem uma oportunidade de chamarem estupidos aos cidadãos arranjando argumentos tão imbecis quando aldrabões para justificarem o seu "posso, quero e mando".
Que exercem de forma regular a par do processo de estupidificação das audiências através de programas de inenarrável falta de qualidade, de telenovelas, de "big brothers", de "Eixos do Mal", e de programas pseudo desportivos que mais não são do que propaganda descarada a três clubes.
E então esses canais resolveram que o cidadão Vitorino Silva não participa nos debates presidenciais  escusando -se ao cumprimento da lei com o argumento imbecil de que como eles serão levados a cabo antes da campanha eleitoral prevalecem os critérios editoriais sobre a lei.
Um insulto à inteligências das pessoas e mais um momento de puro nojo protagonizado por RTP, SIC e TVI.
Não sei se a ERC, a CNE, os partidos políticos que fazem da igualdade um valor tencionam pronunciar-se sobre esta abjecta forma de discriminação que institui candidatos de primeira e candidatos de segunda.
Mas sei que ao consentirem na discriminação sem um protesto, sem uma palavra, sem o necessário acto de solidariedade que seria recusarem-se todos a participar nos debates , os candidatos Marcelo Rebelo de Sousa, André Ventura, Ana Gomes, João Ferreira, Marisa Matias e Tiago Mayan além de protagonizarem uma atitude que os devia envergonhar, dão a todos os portugueses que querem exprimir um voto de protesto, sem ser votando branco ou nulo, um candidato em quem votarem.
E mesmo aqueles que tencionavam votar em branco tem agora a oportunidade de exprimirem a sua indignação cívica votando em Vitorino Silva.
Foi o que as televisões arranjaram.
Depois Falamos.

P.S. É evidente que Marcelo Rebelo de Sousa fica duplamente mal neste "filme".
Como candidato e como Presidente da República em funções que nada diz perante uma discriminação com a gravidade desta!

2 comentários:

Joaquim Rodrigues disse...

"Racismo" político...

Mas este tipo de discriminação já não deve interessar aos Bento Rodrigues desta vida.

luis cirilo disse...

Caro Joaquim Rodrigues:
Claro que não interessa. Ele só repara no que lhe dá jeito e lacaios dos "grandes" dão-lhe jeito como é óbvio