Sou de um tempo,já algo remoto é certo (a idade tem destas coisas...) em que a afirmação dos politicos se fazia pela clareza das ideias,pela força das convicções e pela eloquência com que transmitiam o que pensavam e aquilo em que acreditavam.
Dum tempo em que na politica (e na vida,e na vida...) havia razão mas também emoção.
Lembro-me de grandes tribunos,como Francisco Salgado Zenha ou Adelino Amaro da Costa que sabiam prender a atenção, mesmo daqueles que deles discordavam,tal a força,o empenho,a convicção e a emoção que punham nas suas intervenções públicas.
Claro que quem se expõe...arrisca-se, e dai que,progressivamente,foi fazendo escola e ganhando terreno outra forma de estar na vida pública que,sintéticamente,se pode definir como o saber gerir silêncios.
Dantes o grande politico,o lider que as pessoas queriam,era aquele que tinha ideias e as exprimia,tinha emoções e as mostrava,tinha convicções e arriscava em nome delas.
Hoje a moda aponta mais para aqueles que gerem silêncios,levantam interrogações,rodeiam-se da auras de certo mistério á volta daquilo que pensam e daquilo em que acreditam.
Hoje por hoje,o que está a dar é não revelar o que se pensa,naquilo em que se acredita e nunca,mas nunca,demonstrar emoções para além do q.b. e daquilo que os media podem mostrar.
Conheço gente,não tão pouca como isso,que tem feito triunfantes carreiras,nos partidos,no parlamento e no governo,a quem não se conhece uma ideia,uma convicção,um compromisso ou uma emoção.
Conheço-lhes,isso sim,um jeito inato para estarem no lugar certo na hora certa,fazerem as amizades politcamente correctas e carreiristicamente oportunas e nunca correrem o risco de concordarem ou discordarem daquilo que for essencial.
Gerem o silêncio,os sorrisos cumplices,os cochichares de ouvido indutores de grandes afinidades e lá vão passando por cerebrais,estrategas e politicos de largo substracto.
Existem mais ideias no túnel de vento da Ferrari em Maranello do que nalgumas dessas cabeças,mas não importa,porque o que parece,em função da tal gestão de silêncios,é exactamente o contrário.
É um pouco como na música em que a moda passou dos que cantavam alto,do fundo da alma,com emoção á vista ,para o estilo "Abrunhosa"em que mais do que cantar se "fala" a letra.
Por mim, continuo a preferir a clareza das convicções,a firmeza das ideias,a verdade das emoções.
Pode parecer uma atitude fora de moda,ultrapassada,pouco reprodutiva em termos de proveitos
materiais.
Pouco me importa.
A unica vantagem da idade é a experiência,e essa diz-me com a clareza da razão e a força da intuição,que vale a pena apostar em gente com ideias,com convicções e com emoção.
Sobretudo com a genuinidade que a emoção transmite.
Na politica e na vida !
Depois Falamos
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