Sempre achei, e cada vez acho mais, que a instrução do Conselho de Arbitragem aos árbitros para darem largos períodos de descontos de forma a aumentar o tempo útil de jogo para lá de ser uma moda importada do último Mundial não passa de uma artimanha (estamos em Portugal) para fazer "fatos á medida" para os jogos dos chamados "grandes".
Que quando precisam de mais tempo para conseguirem ganhar(ou não perder) tem enormes períodos de desconto e quando resolvem as coisas no tempo útil tem os descontos normais de cinco ou seis minutos. E assim a directiva do CA, normalizando os grandes períodos de desconto, funciona como uma espécie de guarda chuva que os abriga do escândalo de ganharem jogos para lá dos tempos de desconto até agora normais.
Quem quiser confirmar isto basta olhar para a história do último campeonato que tem lá fartos exemplos disso.
Com os chamados "grandes" e com o que sonha , delirando, assim ser chamado.
E por isso não admira que esta época a polémica em torno da duração dos períodos de desconto já vá alta e ainda vamos na quarta jornada pelo que a coisa promete para o resto do campeonato.
Começou logo na primeira jornada no Boavista-Benfica com o árbitro a dar dez minutos de desconto e depois a jogarem-se dezassete e teve o seu último(até agora) episódio neste estranho Porto-Arouca em que se jogaram vinte e dois minutos, ou seja mais cinco do que os dezassete dados pelo árbitro, para lá dos noventa.
Importa contudo, para lá da cartilhice que invadiu em força as redes sociais e os espaços de comentário televisivo, olhar para tudo isto com alguma ponderação e com base nos números que esses não mentem. E mais do que se darem aqui dezassete e se jogarem mais cinco e ali dez e se jogarem mais sete importa que se olhe para o tempo útil de jogo que é aquele em que efectivamente se ganham e perdem jogos.
E utilizando os dados oficiais da Liga para os jogos dos cinco primeiros classificados constata-se o seguinte.
Em tempo útil de jogo no conjunto das quatro jornadas em primeiro está o Sporting com 236 minutos, seguido pelo Benfica com 227, pelo Vitória com 222, pelo Boavista com 217 e o Porto com 212.
É por esta ordem, pois, que os cinco primeiros classificados tiveram o tempo de fazerem os seus resultados.
Com a curiosidade adicional de o Sporting ser o único que até agora ultrapassou a marca dos 60 minutos de tempo útil de jogo.
Foi com o Famalicão na primeira jornada e jogaram-se 61 minutos e 19 segundos.
Pedir à cartilhice bom senso já se sabe que é perda de tempo mas acho que seria de pedir ao CA que desse aos árbitros instruções entre o 8 e o 80 no que toca à concessão dos tempos de desconto.
É que isto está mesmo a ir por muito mau caminho.
Depois Falamos.
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