domingo, novembro 20, 2022

Mundial

Hoje começa o campeonato mundial de futebol.
Nos últimos dez anos, desde que a organização foi atribuida ao Catar, já todos ouvimos falar milhares de vezes (então nas ultimas semanas...) nos inconvenientes da realização desta prova naquele país.
A falta de tradição futebolística, os subornos que decidiram a atribuição, a cultura medieval que nele existe, a falta de direitos das mulheres, a opressão sobre os homossexuais, as mortes em número elevadissímo (embora com versões contraditórias) de trabalhadores na construção dos estádios, a exploração dos emigrantes.
Já todos ouvimos falar nisso, repito, porque são assuntos tratados até à náusea pura e dura porque tudo que é jornalista, repórter de exteriores, comentador de estúdio, dirigente político com microfone à frente não perde a oportunidade de nos massacrar com discursos mil vezes repetidos num verdadeiro campeonato sobre quem é o maior defensor dos direitos humanos pelo menos no palavreado.
Já todos sabemos o quão importantes são, todos estamos certos que é uma luta sem fim pelo seu respeito em todos os países do mundo, todos estamos solidários com as vítimas originadas por eles não serem respeitados.
No Catar, na China, na Rússia, em grande parte de Africa, na Coreia do Norte, na Ucrânia invadida, em grande parte dos países árabes, em todos eles há atropelos diários aos direitos humanos e bem piores nalguns casos (basta ver os horrendos crimes cometidos pela Rússia todos os dias na Ucrânia) do que aqueles que se apontam ao país sede do Mundial.
Sabemos isso tudo, estamos solidários com todas as lutas por um mundo melhor, mas agora é tempo do futebol.
E este, a propósito do Mundial do Catar, já deu palco que chegasse a quem o merece por posições coerentes nestes dez anos mas infelizmente também aos oportunistas de ocasião como essa inefável Catarina Martins, aos hipócritas como António Costa , ou aos incontinentes verbais como Marcelo Rebelo de Sousa.
Infelizmente os problemas que se apontam permanecerão no Catar depois do dia 20 de Dezembro. Quero é ver quantos dos "preocupadinhos" de agora vão continuar a preocupar-se com os direitos humanos no Catar depois de terminado o Mundial.
Porque na sua esmagadora maioria acabado o palco acaba-se o interesse e vão atrás de outros holofotes que iluminem outras causas e lhes devolvam o palco sem o qual parecem não saber viver. 
São como as borboletas atrás da luz.
Por agora chega.
Chega!
Chega de falar do Mundial a propósito de tudo menos do futebol.
Chega de massacrarem os ouvidos e a paciência de quem está interessado no Mundial de futebol e não em opiniões repetidas e repetitivas.
Antes houve tempo para tudo e depois tempo não faltará.
Agora é o tempo dos grandes jogadores, das grandes selecções,das grandes jogadas e dos grandes golos.
É o tempo do maior espectáculo desportivo do mundo a seguir aos Jogos Olímpicos.
Role a bola!
Depois Falamos.

P.S. Nesta imagem, com o jogador mais representativo de cada selecção, gosto particularmente dos dois ao alto à esquerda junto a um ecran de videojogos. São as duas maiores referências deste mundial e simultaneamente representam aquilo que o futebol tem de melhor. O talento, a classe, o espectáculo de alto nível.

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