País de oito e oitenta, propenso aos entusiasmos súbitos e aos endeusamentos "honoris causa", Portugal viu por estes dias as suas redes sociais invadidas por um frenético entusiasmo a propósito do aniversário natalício de um conhecido empresário.
Naquilo que chegou a parecer um autêntico concurso de elogios, em que cada um procurava ser mais eloquente do que outro, tudo foi louvado sem poupança no grau nem moderação no ridículo que sempre caracteriza estas coisas em que a "manada" parece correr toda para o mesmo lado.
Era a capacidade empresarial, as benfeitorias sociais, as qualidades humanas, os benefícios proporcionados à sua terra e respectivos habitantes, as famílias que ajudou, os empregos que criou, enfim os elogios eram tantos que se nosso senhor Jesus Cristo fosse dado a invejas era capaz de ter uma pontinha dela.
E os elogios vinham indiscriminadamente de quem o conhece, de quem não o conhece mas ouviu falar, de quem nunca ouviu falar mas leu qualquer coisa no Facebook e não quis deixar de seguir a "moda" e de uns tantos mais que nisto de concursos de louvaminhices ninguém pode ser excluído.
Não conheço pessoalmente o empresário em causa mas conheço razoavelmente a sua obra empresarial, a sua participação na vida da sua comunidade, as acções sociais a que se devotou ao longos dos anos.
Mas não restrinjo a isso o conhecimento que tenho nem entendo que o Bem de hoje possa fazer evaporar o Mal de ontem como se nunca tivesse existido.
E por isso esta reflexão , que é mais uma reflexão do que outra coisa qualquer, sobre se os autores de tantos elogios, de tanta louvaminhice, de tanta idolatria conhecem a história toda ou apenas aquela que as modernas técnicas comunicacionais tornaram mais vísivel, mais relevante e mais apetecível.
Desconfio bem que a enorme maioria só sabe aquilo que lhes metem pelos olhos dentro.
Mas isso sou eu a reflectir...
Depois Falamos.
Sem comentários:
Enviar um comentário