Depois da demissão, ainda hoje difícil de entender, dos órgãos sociais eleitos o ano passado em compita com uma lista liderada por Júlio Vieira de Castro, o Vitória escolheu no passado sábado a equipa dirigente que o vai conduzir até ao ano do centenário.
Como é sabido concorreram três listas, lideradas respectivamente por
António Cardoso, Miguel Pinto Lisboa e Daniel Rodrigues tendo saído vencedora
com clara maioria aquela que tinha Pinto Lisboa como primeira figura.
Um resultado que só surpreenderá quem conhecer muito mal as circunstâncias
em que o Vitória existe e coexiste nos últimos largos anos.
Adiante.
Miguel Pinto Lisboa torna-se assim o vigésimo terceiro presidente do
clube e apenas o segundo, em mais de cinquenta anos, a chegar ao posto cimeiro
sem nunca ter passado por qualquer outro posto nos órgãos sociais do clube.
O que não sendo nada habitual também não é, por si só, facto que mereça
especial preocupação.
Preocupação sim existe em torno do grande desafio que tem pela frente
e que integra em si quatro objectivos que terá de vencer para que possa cumprir
plenamente aquilo que todos os vitorianos esperam da sua acção.
O primeiro desafio, e de primordial importância, é unir a família
vitoriana.
Cujas primeiras divisões remontam ao início do século e tiveram origem
naquilo que foi feito a vários níveis para interromper a então já longa
presidência de Pimenta Machado e substitui-lo por alguém mais de acordo com
quem se queria ver livre do então presidente.
De lá para cá, com os três presidentes que se sucederam, as divisões
não cessaram e todos recordarão sem grande dificuldade muitos dos episódios que
as pontuaram nomeadamente em acesas assembleias gerais com inflamadas intervenções
a favor e contra os presidentes em funções.
Cabe a Pinto Lisboa inverter este estado de coisas e promover a união
na massa associativa através de decisões que mostrem de forma inequívoca que
está empenhado nessa tarefa.
O segundo objectivo, e que bem ajudará ao primeiro, é pôr o clube a
ganhar.
No futebol e nas modalidades.
Pondo a equipa A a competir pelo quarto lugar, criando condições para
que a equipa B regresse à II Liga de imediato, fazendo com que a formação volte
à competitividade que durante muito tempo a caracterizou.
E nas modalidades, assumindo que o eclectismo é traço fundamental no
ADN vitoriano, apostando no voleibol e basquetebol (nessa modalidade, então,
não haverá desculpas…) para que disputem aquilo que já disputaram e ganharam no
passado e até para ganharem o que nunca ganharam como o título nacional no basquetebol
que já por duas vezes andou perto.
A par da aposta na renovação no título nacional de pólo aquático como
é evidente!
O terceiro objectivo é financeiro e passa por explicar aos associados,
de forma clara e definitiva, qual é a situação financeira do clube e definir um
caminho para continuar a reduzir o passivo de molde a que o clube liberte meios
e se possa abalançar a outros voos nomeadamente de natureza patrimonial.
O quarto objectivo, que neste momento condiciona a vida do clube e
preocupa os associados, prende-se com a participação na SAD e os caminhos de
cooperação (ou não…) com o maior accionista.
E esses caminhos não poderão passar nunca, se é paz social que se
deseja, por diminuir os poderes do clube junto da SAD e menos ainda por alienar
acções do tipo A seja a que pretexto for.
Não tenho dúvidas que o sucesso da presidência de Pinto Lisboa passará
pela forma como for capaz de resolver o imbróglio que herdou da gestão anterior
atinente à relação entre clube, SAD e accionista maioritário.
Sem que com o que atrás foi dito queira responsabilizar a anterior
direcção ou o accionista pela situação existente mas apenas constatar que
existe um problema que tem de ser rapidamente resolvido a bem do Vitória.
P.S. Tal como “Os Três Mosqueteiros” eram quatro também os quatro
objectivos são afinal cinco.
Sendo que o quinto é actual direcção organizar a comemoração do
centenário do clube com a dignidade e o brilho que os nossos cem anos de
História bem merecem.
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