As duas histórias que se cruzam neste post contam-.se em poucas palavras.
Comecemos pelos quadros de Miró.
Pertenciam ao BPN, são cerca de 80, e são agora do Estado que na sequência dos problemas do banco ficou seu detentor pondo-se então a questão de onde a colecção seria colocada para exposição ao público.
Ao que parece ficarão no Porto no museu de Serralves.
A outra história tem a ver com equipamentos constituídos, recuperados ou adaptados em Guimarães para a capital europeia de cultura em 2012 e que hoje quatro anos passados apresentam crónicos défices de exploração por razões que vão desde a sua forma de gestão ao optimismo (tão típico de socialistas...) que em nada se confirmou quanto ao número de visitas aos mesmos sempre muitíssimo abaixo do que optimisticamente os seus gestores previram.
Entre esses salienta-se pela negativa a Plataforma das Artes/Centro Internacional de Artes José de Guimarães com um custo por visitante elevadíssimo e com um número de visitantes simplesmente ridículo em função do previsto pelos optimistas do PS vimaranense que gerem a Câmara e esses equipamentos.
A isto deve acrescentar-se, para melhor compreensão deste texto, que o optimista mor-o presidente da câmara- em várias intervenções públicas tem louvado a facilidade com que actualmente marca reuniões e encontros com membros do governo querendo com isso evidenciar uma influência política que a realidade, essa desmancha prazeres, se tem encarregado de demonstrar como inexistente.
E sendo certo que só na área da cultura Guimarães no espaço de um ano teve por três vezes a visita do ministro da cultura (1 vez João Soares e 2 Luís Castro Mendes)é igualmente certo que essas visitas resultaram em nada porque nenhum dos problemas postos foi resolvido.
Nem sequer, na melhor tradição socialista uma promessazinha de solução deixaram.
Zero absoluto.
É aqui que Miró e Guimarães se deviam encontrar mas não encontram!
Porque se o ministro manifestou a forme intenção de a colecção vir para o norte do país e Guimarães tem um espaço excelentemente equipado para receber uma colecção como essa então faria todo o sentido que os quadro de Miró ficassem na Plataforma das Artes.
Era uma forma de descentralização cultural, resolvia o problema financeiro face ao tremendo volume de visitantes que uma colecção tão valiosa atrai, e significava que o Estado apoiava a ex capital da cultura como apoia Porto e Lisboa também elas ex capitais da cultura.
Ao contrário de Miró e Guimarães que infelizmente não se vão cruzar cruzaram-se, isso sim, um limitado conceito do ministro quanto ao que é o norte (pelos vistos esgota-se no Porto...) e a falta de poder reivindicativo da câmara de Guimarães que nada fez, nada disse, nada reivindicou.
Se calhar nem se lembrou...
Pelos vistos satisfazem-se com a rapidez de marcação de reuniões ainda que elas para nada sirvam.
E assim se perdeu o que podia ter sido uma excelente oportunidade para Guimarães.
Depois Falamos
P.S. Deputados socialistas vimaranenses tomaram no Parlamento uma posição reivindicativa quanto à vinda da colecção para Guimarães. Para nada servirá como é evidente.
A não ser para realçar a incapacidade reivindicativa da Câmara!
2 comentários:
Caro Luís,
Tal como tu, também eu critico a opção de escolha do Porto (e consequentemente do museu de Serralves) para a localização desta exposição.
Concordo que Guimarães ou outra cidade do Quadrilátero Cultural (umas mais que outras) formado por Guimarães, Braga, Barcelos e Famalicão poderia receber esta exposição com as condições que Serralves oferece.
No entanto, o Porto isolado tem uma capacidade reivindicativa e de afirmação perante o poder central que não se compara aos restantes municípios nortenhos nem sozinhos, nem em conjunto. E isto acontece em áreas tão díspares como a política, a cultura, o desporto e o turismo (se repararmos, em termos turísticos, a zona norte é mesmo designada "Porto e Norte de Portugal"). Daí que não me espanta a escolha da cidade (nem do local).
O que me parece absurdo é que quem governa, tendo aqui uma oportunidade de ouro de recuperar muito dinheiro (que tanta falta faz às finanças públicas) com a venda destes valiosíssimos quadros, preferisse manter os quadros para fruição pública.
Não quero com isto dizer que discordo da opção cultural de manter os quadros. O que critico é o "timing"! Estando neste momento as finanças públicas tão depauperadas e tendo esta oportunidade de suavizar a nossa necessidade de dinheiro, o não se optar por vender os quadros é uma decisão que a longo prazo seria bem mais benéfica para o país.
Caro Saganowski:
Concordo contigo quanto aos três primeiros parágrafos.
Não concordo quanto à venda dos quadros.
Penso que a posição de os manter foi a correcta dada a valia da colecção e o interesse público de que se reveste a sua exibição.
Pena que não seja em Guimarães
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