A morte de Mário Wilson não deixa seguramente de significar o desaparecimento de alguém que numa certa fase da sua carreira teve uma forte ligação ao nosso clube que serviu em dois momentos distintos.
Numa primeira passagem entre 1971/1972 e 1974/1975, a sua melhor fase em Guimarães, e depois o regresso em 1977/1978 e permanência apenas de duas épocas incompletas dado que sairia a meio da temporada 1978/1979.
Na sua primeira fase no Vitória deixou uma excelente imagem colocando a equipa a jogar bom futebol, vincadamente ofensivo, transformando cada jogo do Vitória num espectáculo a não perder por quem apreciava ver grandes partidas.
Foi o responsável pelo lançamento na equipa de jovens talentosos vindos da formação entres os quais se destacaram, e muito, Abreu,Romeu e Ibraim.
Em 1974/1975 liderou uma das melhores equipas que me lembro de ver no clubes, que jogava um futebol espectacular e marcava muitos golos (foi o melhor ataque do campeonato com 64 golos) fruto de um ataque poderoso constituído por Jeremias, Tito ,Romeu, Pedrinho, Jorge Gonçalves e "alimentado" por um meio campo de grande qualidade com Abreu, Almiro, Custódio Pinto, Ernesto e os jovens Pedroto e Zequinha.
Na defesa outros nomes da nossa História como Osvaldinho, Rui Rodrigues, Alfredo,Ramalho, José Alberto Torres, Artur da Rocha, José Carlos e Baltemar Brito tendo como guarda redes Rodrigues, Sousa e Barreira.
Uma equipa inesquecível!
A segunda passagem correu bem pior.
No primeiro ano ainda as coisas correram razoavelmente embora o sexto lugar final tenha sabido a muito pouco para o valor do plantel e para as aspirações do clube que nesse tempo e durante largos anos passavam sempre pelo quarto lugar como meta mínima.
No segundo ano é que tudo correu francamente mal.
Especialmente a partir do momento em que Mário Wilson passou a treinar em simultâneo o Vitória e a selecção nacional (hoje seria impensável uma situação desses mas há quase 40 anos acontecia) e ao contrário do prometido não conseguiu assegurar à equipa vitoriana o tempo e a atenção necessários.
A época já tinha começado mal com o treinador a passar um mês no Brasil a procurar jogadores (trouxe apenas Mundinho...) e depois uma sucessão de questões desagradáveis culminaram no seu despedimento já perto do fim do campeonato e numa concorridissima assembleia geral na escola João de Meira (lembro-me bem do fervor vitoriano que lá se viveu) em que os sócios proibiram o regresso do treinador ao clube.
Proibição que nunca foi levantada tendo todas as direcções seguintes respeitado essa decisão dos sócios.
Mas isso hoje já não importa para nada face ao desaparecimento fisíco de Mário Wilson.
Prefiro, como vitoriano, recordar o treinador que ainda hoje é aquele que mais jogos do Vitória dirigiu e aquela espectacular equipa de 1974/1975 por ele dirigida e que tantos e tão bons momentos proporcionou a todos os vitorianos.
Que só não foram mais, e quiçá mais significativos, porque os árbitros e o "sistema" (é já existia...) não deixaram.
Basta lembrar o quarto lugar que nos foi roubado no ultimo jogo do campeonato frente ao Boavista e que deu origem ao célebre episódio do carro queimado ao árbitro António Garrido.
Ficamos em quinto lugar, com os mesmos pontos,mesmo número de vitórias,empates e derrotas que o Boavista,melhor goal average mas prejudicados no confronto directo dado termos perdido ambos os jogos.
Memórias de um passado já distante mas avivadas pela morte de Mário Wilson.
Depois Falamos.
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