Sempre gostei de ler jornais.
Costumo até dizer que as minhas primeiras lições de leitura foram através do jornal "O Primeiro de Janeiro" -era o que o meu avô comprava- e o seu suplemento infantil dos domingos com banda desenhada clássica do "Peter Pan" ao "Príncipe Valente".
E foi um bom hábito que ficou pela vida fora.
O segundo jornal de que me lembro ter sido leitor habitual foi o então trissemanário "A Bola" (saía às segundas,quintas e sábados) num tempo em que lá escreviam alguns dos melhores jornalistas desportivos (e não só) que este país conheceu e cuja leitura era uma autêntica escola de como bem escrever.
Mas a minha grande "paixão" jornalística sempre foram os semanários.
Ainda guardo o nº1 do "Expresso" ,que em 1973 veio agitar as águas "chocas" do jornalismo "oficial" que se fazia em Portugal num tempo de ditadura em que o "lápis azul" era quem mais mandava, e que ainda hoje mais de quarenta anos depois continuo a comprar regularmente.
Tenho isso si saudades da década pós 25 de Abril.
Em que proliferando os "diários" foi nos semanários que houve a mais pujante manifestação de um jornalismo livre e de uma diversidade de opinião que abrangia todos os quadrantes políticos.
Mantinha-se o Expresso,é claro, mas apareceram o "Tempo", "O Jornal", "O Diabo", "A Rua", e outros de vida mais efémera mas que tiveram o seu espaço e o seu tempo.
Lembro-me também de outro jornal semanário, o "Sete", que dedicado às artes e aos espectáculos era de leitura também obrigatória pela qualidade de que se revestia.
E anos mais tarde apareceram o "Semanário" e o "Independente" que surgindo sempre numa perspectiva de concorrerem com o "Expresso" (o que em boa verdade nunca conseguiram) tiveram também um papel marcante-em especial o da dupla MEC/PP- conquistando apreciável quinhão de leitores e tendo influência política em determinada fase.
Hoje o panorama é...desolador.
Mantém-se, como não, o "Expresso".
Há o "Sol", nascido de uma dissidência do..."Expresso" mas longe da sua tiragem, audiência e influência pese embora o papel importante que desempenhou nas denúncias dos atropelos "socratistas" especialmente nos últimos anos de governo do ex líder do PS.
Dos outros,,,resiste"O Diabo" mas muito longe das tiragens e da influência que chegou a ter na década pós 25 de Abril.
O resto fechou.
Sinal dos tempos, sinal das crises, sinal da progressiva falta de leitores cada vez mais virados para as novas tecnologias e para os jornais digitais.
E é pena.
Pena e preocupante.
Porque uma imprensa forte, abrangente de todos os quadrantes políticos, com bons jornais é sinónimo de uma democracia saudável e de uma opinião pública com expressão variada e livre.
Em Portugal não é esse o panorama.
Nem me parece que volte a ser.
Depois Falamos
2 comentários:
Ficaria mais completa esta nota com a referência às revistas semanárias, das quais existe hoje a Sábado e a Visão, mas também já existiram outras ao longo dos tempos
Caro luso:
Sim ficaria.
E sou leitor regular dessas duas revistas.
Mas optei por falar apenas de jornais
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