E a situação na Ucrânia é terrivelmente preocupante.
Porque lá se reedita por interpostas forças o velho conflito entre Ocidente e Leste, entre NATO e Pacto de Varsóvia, entre os dois lados do muro de Berlim.
Os confrontos cada vez mais violentos entre governo e oposição, entre os que querem uma Ucrânia virada a leste ou uma Ucrânia "europeia", encaminham rapidamente o país para o que pode ser uma trágica guerra civil cujas consequências afectarão o resto da Europa.
Ao lado do governo está uma Rússia cada vez mais saudosa da União Soviética e que por razões politicas, militares e estratégicas não admite sequer perder a influência e algum controle que tem sobre o país.
Bastará olhar o mapa e perceber a posição geoestratégica fundamental que tem para a Rússia.
Que para além de lá ter mantido armamento nuclear vê nos portos ucranianos do Mar Negro uma das suas principais saídas marítimas para o Mediterrâneo e o Atlântico.
Além de outras razões.
Ao lado dos que na rua exigem mais democracia, e querem uma ligação à Europa, estão de forma mais ou menos clara a União Europeia e os Estados Unidos mas conscientes de que lhes é impossível outra actuação que não a diplomática caso a situação se venha a agravar.
Porque uma intervenção militar da UE/USA, mesmo que sobre patrocínio (impossível face ao veto russo no conselho de segurança)da ONU teria inevitavelmente pela frente a Rússia.
E aí a Europa e o mundo teriam o mais grave de todos os problemas!
Sinceramente creio que se governo e oposição não conseguirem entender-se em volta do essencial e acabarem com a violência nas ruas a situação pode sofrer uma escalada preocupante e de consequências imprevisiveis.
Até porque com o fim dos Jogos Olímpicos de inverno, em Sochi na...Rússia, existe o risco de o próprio Putin (que de democrata nada tem) resolver intervir bem ao seu jeito de "cowboy" (ironias...) e resolver o assunto à velha maneira...soviética.
Tempos de angústia pairam sobre a Europa.
Depois Falamos
6 comentários:
Caro Cirilo,
Concordo com a sua visão.
o que está em jogo é uma simples questão de transparência e não de liberdade, mas que acaba por colocar a liberdade dos cidadãos em risco. De um lado, que é o seu receio do qual partilho, está a Rússia a querer manter a sua influência, os negócios previligiados e o poderio financeiro e também político. Grande parte dos biliões de rublos entram na Ucrânia para os bolsos de alguns aumentam o índice de corrupção, favorecendo um grupo em detrimento da maioria que se sente esquecida e marginalizada.
Do nosso lado, temos a União Europeia e o desejo revestir a aplicação dos dinheiros num processo transparente, diria, o mais público possível.
Enquanto o Presidente pretende manter o actual estado das coisas, com o dinheiro a manter-se sujo quando entra, a população revoltada prefere voltar costas à rússia e optar pelo modelo de ajuda europeia, através da qual a distribuição será feita de forma mais transparente.
Francico F.
A culpa é de Teodósio que dividiu o império romano em 2. Desde aí a fronteira é palco de conflitos -lembre-se a ex-Jugoslávia.
A Ucrânia tem uma zona nacionalista, que esteve ligada à Polónia até 45 e que é Uniata; e o leste ortodoxo tanto se lhe dá estar na Rússia, como na Ucrânia. Mais essa área tem colonos russos, que substituíram os ucranianos assassinados por Stalin.
Assim sendo, a coisa está difícil.
Cara il:
Em suma na génese da actual Europa estão alguns dos piores erros que os europeus fizeram em África ao delimitarem fronteiras a régua e esquadro
Caro Francisco F:
Essa é a questão.
Mas esperemos que o bom senso impere a a paz volte +ás ruas de Kiev. O que com Putin literalmente por perto é sempre de temer...
O que me parece é que há duas ucrânias: uma pró-europa e outra pró-Russia.
Não é apenas um presidente contra o povo!
Esta questão ainda vai dar que falar... Ainda vai terminar com a divisão do país...
Caro Mr. Karvalhovsky:
A sua reflexão é acertada. De facto há duas Ucrânias e a divisão do país pode vir a acontecer.
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