Devo dizer que gostei da escolha do Conclave.
Um Papa sul americano, jesuíta, com enorme prestigio pela obra pastoral realizada e pela forma simples e exemplar de viver.
Oriundo de uma igreja mais avançada no tempo como o é a sul americana, habituada a conviver (e a combater!) a pobreza, a exclusão, a injustiça e os abusos do poder trará seguramente á Igreja uma visão do mundo diferente daquela que a escolha de um Papa europeu proporcionaria.
O ser jesuíta, com tudo o que isso significa de valores, de cultura, de conhecimentos e forma de ver o mundo é um dado também muito positivo.
Gostei, e muito, de que tenha escolhido o nome de Francisco.
Que remete directamente para S. Francisco de Assis o que equivale a dizer que o novo Papa terá os mais pobres e mais desfavorecidos como prioridade do seu magistério e poderá abris novos caminhos á Igreja em áreas do mundo onde essas realidades predominam.
Não foi seguramente por acaso que na sua primeira alocução aos fieis reunidos na praça de S. Pedro referiu que os cardeais o foram buscar ao "fim do mundo" para exercer o cargo de Sumo Pontífice do mundo católico.
Gostei, ainda, da sua primeira aparição pública como Papa.
Um homem simples, descontraído, sorridente e inequivocamente comunicativo que seguramente agradou a todos quantos assistiram ás suas palavras.
O único inconveniente, não há...Papa sem senão, serão os 76 anos de idade que apontam para um pontificado não muito longo.
Especialmente se seguir o exemplo de Bento XVI.
Mas este é dos tais casos em que se pode dizer apropriadamente que o futuro a Deus pertence!
Depois Falamos
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5 comentários:
Existe, sem duvida, um aspecto géopolitico nesta eleição: Mais de 40% dos católicos do mundo inteiro vivem no continente sul americano. Talvez um sinal também, enviado a um catolicismo europeu envelhecido.
O novo papa apresenta-se como próximo dos pobres. O nome escolhido de Francisco , como o do jovem Francesco de Assis, que abandonou a vida fácil para se aproximar dos pobres , parece ser a razao desta escolha.
Talvez seja uma forma de simplicidade numa instituição que se mostrou freqüentemente demasiado arrogante e autoritária no passado.
Mas com 76 anos, e com largos anos vividos sob o regime ditatorial do general Videla, os cardeais deveriam ter escolhido um papa mais jovem e menos marcado pelo passado.
Não vejo bem como pode incarnar a renovação do catolicismo.
Porque , enfim, Jorge Mario Bergoglio, não demonstrou no passado muita coragem política, como primado da Igreja Argentina. Talvez demasiado tímido , o que o faz aparecer como cúmplice pelo seu silêncio, durante o drama que foi a ditadura de Videla, culpado do desaparecimento de 30 000 pessoas, para as quais as Mães da Praça de Maio pedem a verdade desde há muitos anos.
Poderíamos dizer a mesma coisa de Portugal durante os anos sinistros da ditadura, desta conivência silenciosa da autoridade máxima da Igreja Portuguesa com o poder político. Mas também é verdade que os dois responsáveis tinham sido colegas da faculdade!
Na realidade, ficamos na continuidade de João Paulo II , que se contribuiu e bem para desmoronar o muro do leste europeu, também ordenou que se retirassem as palavras "dificeis" do Magnificat aquando da sua visita a Buenos Aires - " Ele faz cair os poderosos do trono, levanta os humildes, expulsa os ricos com as mãos vazias" - , palavras que podiam ofuscar a ditadura militar de então, e que demonstra o grau de conivência que unia o poder argentino e a Igreja.
O papa Francisco, que sobre o plano pessoal é um homem duma grande cultura, como são sempre os jesuítas, pode, se tiver o tempo e a coragem necessárias, efetuar uma viragem estratégica, indispensável para a Igreja, voltando as costas à restauração conservadora de Joseph Ratzinger. O que quer dizer, que deverá , como papa , agir ao contrário do que fez até agora na Argentina, onde a oposição da Igreja à política do governo de Kristner é notória, sobre aspectos fundamentais da sociedade.Porque estar do lado dos pobres é muito bem, mas é preciso agir. E fazer a "limpeza" que se impõe, numa Igreja abalada pelos escândalos de toda a espécie. Senão, não será mais que um papa de transição.
Num contexto de grandes turbulências mediévicas que conhece a Igreja católica, com o escândalo dos padres pedofilos, o Vatileaks, o banco do Vaticano e outros problemas, esta escolha pareceria perigosa para o futuro do pontificado.
Simplesmente, seria lamentável que esta escolha dum papa latino-americano não fosse, no fundo, que uma eleição "cosmética" em relação ao desafio ao qual a Igreja tem de responder. Urbi et Orbi.
Freitas Pereira
Corroboro inteiramente tudo o que diz. Também me agradou bastante a maneira simples como se apresentou. Só espero, muito sinceramente, que tenha força e coragem para lidar com os "poderes" instalados no Vaticano.
Caro Freitas Pereira:
o Papa Francisco por tudo o que refere tem, de facto,uma tarefa imensa pela frente.
E é aí que entra a minha principal duvida sobre esta escolha. A idade que inevitavelmente, afinal como o seu antecessor, vai contribuir para um pontificado mais curto do que seria desejável.
Quanto ao resto, nomeadamente ás ligações com o regime dos coroneis, acredito que não condicionarão o seu pontificado.
Mas nada como esperar para ver.
Caro José Paulo Cardoso:
Pois...esse é um problema sério. Porque por maior que seja a sua vontade existe todo um "status quo" que não vai ser nada fácil de alterar. Mas tenhamos esperança.
Penso que temos um bom Papa!
Já demonstra muita humildade e nota-se que é um verdadeiro Jesuita.
Não acredito que a sua idade seja uma menos valia para a Igreja...Gosto particularmente do facto de o Papa Francisco I ter quebrado alguns protocolos, dispensar a limusina Papal, pagar a conta do hotel donde esteve ospedado,não calçar os sapatos vermelhos. Poderá estar a iniciar um papado diferente? Tenho fé que sim!
Caro Anónimo:
Assim penso também.
Oxalá a esperança se torne em certeza
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