segunda-feira, janeiro 24, 2011

Notas Finais (1)

Notas finais, em duas partes,sobre as eleições presidenciais de ontem.
Primeira análise sobre os resultados de cada candidato.
Cavaco Silva venceu meritóriamente.
Foi o mais votado em 292 dos 308 concelhos do país e o seu triunfo,á primeira volta,foi claro e insofismável.
É certo que a percentagem podia ter sido superior mas o score em nada belisca a sua legitimidade.
Os portugueses disseram claramente quem queriam e quem não queriam.
Manuel Alegre ainda deve estar a interrogar-se como é possível valer menos com o apoio do PS e do BE do que sozinho como em 2006.
A sua candidatura foi um conjunto insanável de contradições pretendendo juntar na base de apoio os mais fervorosos defensores do governo(PS) e os mais acérrimos adversários como o BE.
Por outro lado há "facturas" que se pagam.
A candidatura de há cinco anos afrontando Soares e muito tempo de ambiguidades .
Apoiando e criticando o governo.
Foi manifesto o desinteresse de muitos socialistas pela candidatura.
Teve o que mereceu.
Fernando Nobre representou um espaço interessante de cidadania e polarizou na sua candidatura muitos votos de socialistas incapazes de apoiarem Alegre.
Tivesse transmitido o candidato outra percepção do que são as funções presidenciais e Alegre ainda poderia ter sofrido um revés maior.
Nobre teve o interessante resultado de 14%.
Exactamente a mesma percentagem de Mário Soares em 2006!
Apenas uma curiosidade ou talvez não.
O camarada Xico Lopes, candidato do partido que nunca perde eleições,terá cumprido o objectivo habitual dos comunistas que é o de segurar eleitorado.
Cumpriu.
Mas não disfarçando que esse eleitorado continua a diminuir.
Perdeu 170.000 votos em relação á candidatura de Jerónimo de Sousa em 2006 sem ter a concorrência de um candidato do BE na mesma área.
Com um candidato menos ortodoxo,como o citado Jerónimo de Sousa (muito mais simpático aos não comunistas), o PCP podia ter alcançado bem melhor resultado.
Aproveitando,até, a falta de comparência dos bloquistas.
José Manuel Coelho terá sido a grande surpresa destas presidenciais ao alcançar a inimaginável marca de 4,5% dos votos.
190.000 portugueses viram nele não um PR,certamente,mas a melhor forma de exprimirem o seu protesto dado o voto a um candidato (?) absurdo.
A campanha deste Coelho, se algumas pessoas o quiseram levar a sério, vai dar-lhe direito a mais algum tempo de antena.
Como réu de vários processos por difamação.
Uma coisa é certa: Alberto João Jardim vai ter de o "aturar" nas regionais!
Porque ao obter 39% na Madeira e vencendo(!!!) em três concelhos,incluindo o Funchal, José Coelho tem inegável peso politico no arquipélago.
Quanto a Defensor Moura devo dizer que fiquei bem satisfeito pelo último lugar deste perverso "Tiririca" de Viana.
Porque fez a campanha mais asquerosa, repugnante e desavergonhada de que me lembro em muitos anos de vida política e cívica.
Uma campanha que deve envergonhar o próprio partido de que faz parte.
É por causa de sujeitos como este, e campanhas como esta, que há cada vez mais portugueses desinteressados das eleições.
Os 300.000 votos brancos e nulos (mais os 190.000 do Coelho) representam meio milhão de portugueses que foi ás urnas lavrar o seu protesto e merecem ser levados muito a sério.
Porque uma coisa é ficar em casa pelas mais diversas razões.
Outra é ir á assembleia de voto dizer que não se concorda, no mínimo,com nenhuma das candidaturas.
É um sério aviso aos partidos e aos agentes políticos.
Creio que a vitória de Cavaco Silva e o meio milhão de votos de protesto são os factos mais relevantes destas eleições.
O resto desaparecerá na poeira da História.
Depois Falamos

7 comentários:

Rui Osório disse...

Permita-me discordar de uma coisinha, não é a conta do Defensor Moura que os Portugueses não se dão ao trabalho de ir votar. É mais a conta de certos políticos mais "conhecidos" e que são responsáveis pelo estado lastimoso a que chegamos.

luis cirilo disse...

Caro Pantic:
Isso sem qualquer duvida. Porque o Defensor Moura,exceptuando estes 15 dias de campanha,é uma personagem irrelevante.

Anónimo disse...

O Manuel Alegre e os seus camaradas socialistas não se vão esquecer tão cedo desta surra monumental que apanharam nestas eleições. O poeta não vai seguramente meter-se noutra. E quanto ao PS, depois de dois desastres seguidos devido à estratégia proposta por Sócrates, só tem um caminho a seguir:desfazer-se o mais rapidamente possível deste empecilho. O Congresso vem aí, pelo que os socialistas não devem desperdiçar tão soberana oportunidade.

Anónimo disse...

Defensor Moura não acrescentou nada, para mim sem duvida o pior candidato, a par de Manuel Alegre. Ganhavam mais em apoiar Fernando Nobre ainda que informalmente já que conseguiu 600 mil sozinho!
Mas por muito ridículo que se possa achar o Sr José Manuel Coelho, eu votei nele. E não foi só um voto de protesto. Votei na sua maneira de ser e na maneira de falar das coisas, com uma pureza que nunca tinha visto na politica. Não me importa a sua maneira de falar (sotaque natural da madeira) e não me importa a imagem menos aperfeiçoada pelos bastidores. É uma pessoa natural, diz o que pensa, e não existem podres que o possam acusar. É uma pessoa humilde e por isso agradeço o contributo dele pela via da sua candidatura porque acho que fez algo novo, inédito, e não deve ser ridicularizado por isso.
Não quero com isto comparar digamos talvez a "categoria politica" de por exemplo Cavaco Silva e José Coelho. Mas este ultimo não é nenhum tiririca comparável ao tiririca brasileiro, e acho que a sua maior mensagem foi acerca daquilo que se passa na Madeira, não acha? Se existe realmente um problema lá ao nível da "liberdade" então foi um grande contributo para abrir os olhos aos Portugueses que daqui pensam que a Madeira é realmente, única e só, a pérola do Atlântico.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Bom era que assim fosse. Mas não vai ser. Porque não podemos ignorar a capacidade de resistência de Sócrates que vai lutar até á ultima.
Quanto ao vate creio que vai "arrumar as botas".
Caro Anónimo:
Todas as opções eleitorais são respeitáveis.
Creio que as motivações de José Coelho nada tinham a ver com esta eleição mas apenas com guerras na Madeira contra AJJ.
Não posso concordar com o tipo de campanha que fez toda ela baseada em insinuações,calúnias e acusações sem fundamento.
Isso foi a parte má. A parte boa,que também a teve,prende-se com o humor e a criatividade que empregou em algumas situações.
A par dessa tal forma de ser muito genuina que lhe granjeou simpatias inesperadas.
Creio que,ao contrário de Defensor Moura ou Manuel Alegre,estas eleições para ele não foram um fim de carreira. Mas apenas um passo. E ainda vai dar muitas dores de cabeça ao AJJ.

Anónimo disse...

Concordo que a candidatura de Coelho não era para levar a sério.Levou muitos votos mas eram votos de quem sabia que não "arriscava", porque o homem nunca ganharia.

aliás viu-se que não tinha genuínos apoiantes, pela ausência de qualquer tipo de apoio durante a campanha.

em relação a Defensor Moura, também concordo que foi uma candidatura irrelevante, motivada talvez pela vaidade pessoal, mas não vi nada de repugnante na sua campanha. referiu-se a factos da vida de CS, mas isso é normal numa campanha. como diz o povo, quem anda à chuva, molha-se. E está por provar que fossem mentiras.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Defensor Moura fez acusações que não provou. E isso é calúnia.
Aliás o recusar-se a felicitar o vencedor demonstra bem o jaez do sujeito