Em torno deste jogo há dois óbvios.
Um a montante e outro a jusante.
O óbvio antes de o jogo começar e o óbvio depois dele acabar face ao resultado verificado.
O óbvio a montante é de há muito conhecido de todos que se interessam por futebol.
O Benfica tem um orçamento meia dúzia de vezes superior ao Vitória, tem melhor plantel, melhor equipa, melhores jogadores e melhores árbitros.
E quando refiro os árbitros faço-o sem ironia mas completamente convicto de que é uma realidade com muitas décadas o facto de em Portugal os árbitros olharem o Benfica (e o Porto e o Sporting embora este último algo menos) com uma tolerância e um critério que não tem para com os restantes clubes do campeonato.
E por isso penaltis para uns não são para outros, por isso acção disciplinar para uns não é a mesma em relação a outros, por isso os descontos de tempo nos jogos são à medida dos interesses de uns e não dos interesses de outros.
Entre muitos outros exemplos possíveis.
E por isso quando para este jogo é nomeado um árbitro com uma longa carreira de bons serviços ao Benfica e de quem o Vitória tem fartas razões de queixa (basta lembrar a derrota em Braga na época passada com um golo para lá dos descontos e resultante de uma falta inexistente) conhecido pela significativa alcunha de "Ferrari vermelho" dado o seu benfiquismo exacerbado, era evidente que o caldo estava preparado e só faltava saber se ia ou não ser posto ao lume.
Foi!
Vamos a ele, ao óbvio a jusante, depois de explanado o óbvio a montante.
Em relação ao jogo propriamente dito não vou afirmar que o Benfica ganhou graças ao árbitro.
Isso não corresponderia à realidade.
Provavelmente mesmo com um árbitro isento e uma arbitragem de qualidade venceria de igual forma.
Mas afirmo que houve dois jogos no mesmo jogo.
Um até aos 18 minutos e outro depois dele.
No jogo até aos 18 minutos houve equílibrio e o Vitória foi o primeiro a criar uma situação de grande perigo com Jota Silva a rematar ao poste (curiosa também a rapidez com que o fiscal de linha levantou a bandeirola bem ao contrário do que são as práticas actualmente recomendadas de deixar a jogada ir até ao fim) e o Benfica a fazer um golo resultante do mérito e inteligência com que transformaram um lançamento lateral junto à sua área num contra ataque letal a que correspondeu um corte infeliz de Jorge Fernandes fazendo um auto golo.
Pode pois falar-se de 15 minutos de equilibrio.
Mas depois vem o lance que marca o jogo.
Numa vulgar disputa de bola João Mendes atinge Otamendi num lance em que está de costas para o adversário e não há portanto qualquer intencionalidade em o atingir na sequência da rotação que faz para alcançar a bola e em que este baixa a cabeça para a tentar jogar. Apenas isso.
No limite aceitava-se o amarelo a punir a forma como jogou a bola com a perna alta mas o vermelho é uma barbaridade absoluta e seguramente que se o lance fosse ao contrário ele não seria mostrado.
E com o Vitória reduzido a dez jogadores com 70 minutos para jogar é evidente que o jogo ficou decidido não só pela inferiorirade numérica mas também porque com o vermlho mostrado o árbitro sinalizou a sua presença e mostrou que estaria lá para o que fosse preciso.
E isso pesou animicamente nos jogadores vitorianos.
As coisas são o que são.
O resto é um jogo sem história com mais golo menos golo e marcado por mais duas decisões caricatas do apitador.
Uma quando inventou um penalti contra o Vitória ( contra quem havia de ser ?) que o VAR o obrigou a reverter e outra quando anulou um golo ao Vitória (a quem havia de ser?) por suposta falta de Nélson da Luz quando no momento anterior da jogada há uma entrada do guarda redes do Benfica ao avançado do Vitória susceptível da marcação de uma grande penalidade que ele obviamente não assinalou.
E pese embora a originalidade única na Europa de os jogos oficiais de um clube em casa serem transmitidos pela televisão desse clube ( que mostra as repetições de jogadas que entende e bastas vezes de ângulos que lhe dão jeito) quem olhar as poucas imagens desse lances constata que assim é.
Quanto à exibição do Vitória creio que mesmo com a enorme atenuante da inferioridade numérica ela podia ter sido mais consistente e algo mais ambiciosa mas também creio que a partir do segundo golo do Benfica, e percebendo que nada havia a fazer em termos de resultado, Paulo Turra passou a fazer experiências fazendo trocas de jogadores para conhece rmelhor o plantel e os elementos que tem ao seu dispôr.
Algo que normalmente se faz na pré temporada mas as coisas são o que são e Turra tem de fazer esse trabalho de conhecimento agora.
Em suma um jogo que o Benfica ganhou bem, e cujo mérito não se discute, mas que bem escusado era ter ficado marcado por mais um episódio de colinho que se vai juntar a um vastíssimo rol deles de que o Vitória tem sido vítima face aquele adversário.
Quanto ao árbitro Nuno Almeida há muito que anda a mais no futebol.
No dia em que terminar a carreira (espero é que não vá para VAR como os seus congéneres Hugo Miguel, Rui Costa e Bruno Esteves ) será um dia bom para o futebol português.
Depois Falamos.
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