domingo, outubro 02, 2022

Ídolos

Existe em Portugal uma indústria de fazedores de ídolos. 
Assenta na comunicação social lisboeta e nalguma portuense e cuja especialidade é fazerem de qualquer miúdo que desponte no Benfica, Porto ou Sporting um potencial craque de dimensão internacional e jogador claramente convocável para a selecção nacional. 
É um tipo de indústria, quantas vezes assente na mentira e na empolação desmesurada de talento, que interessa aos clubes, aos jogadores promovidos e aos seus empresários por razões óbvias. 
E por isso se aparecer, por exemplo, um jovem central que faça dois bons cortes, três passes a vinte metros, uns cabeceamentos com um mínimo de jeito e aí está um grande central que exige lugar nas convocatórias do tão influenciável Fernando Santos e que vai gerar transferências de milhões sem fim. Temos o exemplo recente de um tal António Silva que depois de três ou quatro jogos pelo Benfica já é o novo Humberto Coelho para esses fazedores de ídolos. 
Ontem estive atento ao jogo e ao trabalho dos centrais de um lado e do outro. 
E para lá de Bamba, que não é bem um central de raiz , só vi um jovem central de enorme classe e que fez uma exibição irrepreensível. 
Chama-se André Amaro e é um esteio na defesa do Vitória. 
Classe, posicionamento, poder de antecipação, valente no choque ele sim tem tudo para ser um grande central do nosso futebol. 
Claro que os fazedores de ídolos não o conhecem. 
Joga no Vitória. 
Se um dia for para um desses clubes então reparam nele de certeza. 
E se o Silva já é o novo Humberto então André Amaro será o novo Beckenbauer porque por comparação é essa a diferença em termos de talento. 
Espero que isso nunca aconteça e que no dia em que sair ( não há pressa) siga as pisadas de André Almeida, Tapsoba, Mumin e vá para o estrangeiro para um campeonato a sério.
Depois Falamos.

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