Em eleições autárquicas há, como é sabido, municípios cujos resultados são seguidos com particular atenção pela influência que podem ter nos tempos pós eleitorais e porque vencer ou perder neles permite cantar vitória ou chorar a derrota aos grandespartidos que disputam a liderança do governo.
À cabeça está Lisboa, cujo peso até já fez cair governos quando o patido no poder perdeu a câmara (Em 2001 quando Pedro Santana Lopes derrotou João Soares). o Porto que tem um simbolismo muito próprio, as restantes capitais de distrito e os municipios com mais de 100.000 eleitores como Sintra, Gaia, Amadora, Guimarães, Famalicão, Gondomar, Almada, Matosinhos, Oeiras, Cascais, entre outros.
Figueira da Foz, com os seus 56.841 eleitores, nunca fez parte desse número restrito de municípios com leitura nacional dos resultados.
Durante muitos anos viveu naquele lote de câmaras naturalmente importantissimas para os seus municipes mas que em termos nacionais não representava, como centenas de outras, mais do que um contributo para a estatistica.
Dois acontecimentos, porém, puseram a Figueira no mapa da grande política nacional.
Em 1985 o PSD realizou lá o congresso em que Cavaco Silva chegou á liderança do partido e o resultado desse congresso teve influência significativa na política nacional nos trinta e seis anos seguintes pelo que se vê a Figueira como o ponto de partida para o político que mais eleições ganhou em Portugal.
Doze anos depois novamente o PSD a pôr a Figueira no mapa quando Pedro Santana Lopes (PSL) aceitou o repto do então líder do partido- Marcelo Rebelo de Sousa- e se candidatou a uma câmara liderada tradicionalmente pelo PS e venceu a eleição.
E cumpriu os quatro anos do mandato com enorme sucesso colocando a Figueira da Foz com um destaque e uma dinâmica de desenvolvimento que nunca tinha tido nem voltou a ter a partir de 2001 quando PSL acedeu ao convite do então líder do PSD - José Manuel Durão Barroso- e foi ganhar a câmara de Lisboa como atrás referido.
Em 2005 fruto do trabalho no mandato anterior o PSD renovou o triunfo sem dificuldades mas a partir de 2009 a maioria voltou para o PS até aos dias de hoje.
Em que ao presidente em funções-Carlos Monteiro- o PSD apresenta uma alternativa forte na pessoa de Pedro Machado antigo vice presidente da câmara de Montemor-O-Velho (ali ao lado) e que nos últimos anos esteve à frente da Regão de Turismo do Centro reforçando nessas funções uma ligação à Figueira que já vinha dos seus tempos de professor.
Uma eleição de resultado incerto.
E mais incerto ainda se se confirmarem algumas especulações (para já não são mais do que isso) sobre uma eventual candidatura independente de Pedro Santana Lopes que depois de não se ter entendido com o PSD sobre uma candidatura por esse partido estará a avaliar as condições para avançar como independente.
É certo que já se passaram vinte anos sobre a saída de PSL da Figueira mas a memória do seu excelente mandato perdura e uma sua eventual candidatura penetra transversalmente no eleitorado figueirense podendo captar votos da direita à esquerda com mais facilidade do que o actual presidente irá buscar votos ao centro direita ou Pedro Machado, pese embora alguns apoios dessa área, ao PS e à esquerda em geral.
O que significa que haverá três candidatos a vencer.
Veremos se as especulações se confirmam e PSL avança, e aí a Figueira terá uma noite eleitoral de interesse nacional, ou não passam de especulações e a Figueira voltará a ser assunto de interesse apenas para os figueirenses.
Depois Falamos.
2 comentários:
Caro Luís Cirilo,
Não consigo colocar Figueira da Foz nos 50 municípios "mais importantes" não é capital de distrito, nem uma população que a eleve à categoria de "importante".
Compreendo que seja marcante para a história do PSD, mas acho que perdeu o fulgor dos finais dos anos 90 e inícios de 2000.
Posto isto veremos uma boa disputa Entre o PS e o PSD,quanto a Santana Lopes acho que não avança e mesmo que avance perdeá.
Se fossem hoje às eleições eu punha PS 51% PSD 49%, nas hipóteses de vitória.
Ass Cards
Caro cards:
Não sei qual é a importância relativa da Figueira no contexto dos municípios portugueses.
Nem me interessa para lhe ser franco. Se sobre ela escrevi foi precisamente pelas curiosidades que a rodeiam. Quanto ao resultado não faço previsões a tão larga distância porque nem sequer são conhecidas todas as candidaturas. A seu tempo se verá
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