Aquilo a que se pode chamar, com toda a propriedade, um excelente livro.
Escrito por David Kertzer, vencedor do prémio Pulitzer, narra um período da história especialmente de Itália mas também da Europa entre as duas guerras mundiais através de alguns dos seus principais protagonistas.
Mas é essencialmente a história da relação de atribulada cumplicidade entre o Papa Pio XI e Benito Mussolini que criou uma aliança não formal mas real entre o Vaticano e o regime fascista italiano e ajudou à ascensão e consolidação deste.
Nomeadamente quando o Vaticano retirou o apoio que dava ao Partido Popular (de alguma forma antepassado do partido da democracia cristã que viria a governar Itália no pós II Guerra Mundial) e passou a apoiar o partido fascista.
Em troca desse apoio Mussolini devolveu à Igreja católica muitos dos privilégios perdidos e passou a perseguir outras confissões religiosas como os protestantes e os judeus.
É pois a narrativa de como a "real politik" aproximou, por questões de interesse mútuo, dois homens tão diferentes(embora ambos fortemente autoritários) que partilhavam a desconfiança pela democracia e o ódio pelo comunismo e em volta disso moldaram a história de Itália durante quase duas décadas.
É também a história de como nos seus últimos anos de pontificado, e especialmente da aproximação de Mussolini a Hitler, Pio XI se afastou do ditador e condenou as suas leis antissemitas perante o horror dos circulos mais influentes do Vaticano que temiam o esboroar da alinaça entre Igreja e regime com a consequente perda dos privilégios entretanto readquiridos.
Um livro notável que vale absolutamente a pena ler com toda a atenção.
Depois Falamos
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