domingo, junho 07, 2015

Cinco Minutos Apenas...

Joaquim Magalhães Mota foi com Sá Carneiro e Pinto Balsemão um dos três fundadores do PPD em 6 de Maio de 1974.
E nos primeiros cinco anos de vida do partido foi um dos seus mais destacados dirigentes.
Vice presidente da comissão politica nacional, líder parlamentar, várias vezes ministro nos governos provisórios em representação do PPD assumiu ainda a representação de Sá Carneiro em muitos momentos em que este ausente em Londres por doença não podia marcar presença.
Lembro-me bem de o ver em debates televisivos com o seu inseparável cachimbo e uma tranquilidade no debate que era a sua imagem de marca.
Foi por isso um terrível sobressalto para os militantes quando em 1979 abandonou o PPD em divergência profunda com Sá Carneiro (logo com Sá Carneiro com quem tinha um percurso comum desde a "ala liberal" do antigo regime) no âmbito de uma enorme cisão do grupo parlamentar.
Num tempo em que se vivia a militância "à flor da pele", com um "clubismo" quase futebolistico, a saída de Magalhães Mota foi vista como uma enorme e imperdoável traição que muitos nunca lhe perdoaram.
E quando poucos dias depois da saída apareceu num comício socialista apresentado por Mário Soares como "um amigo do PS" o mínimo que lhe chamaram foi "judas" porque o máximo não é evidentemente publicável.
Depois com outros dissidentes do PPD fundaria a ASDI , que se coligaria com o PS e a UEDS de Lopes Cardoso na chamada FRS, mas que teria vida efémera face à sua inutilidade politica e ás duas vitórias consecutivas da AD liderada por Sá Carneiro.
Poucos anos após essas derrotas retirou-se da vida politica e dedicou-se á sua carreira profissional como advogado.
E se hoje aqui recordo Magalhães Mota é apenas para salientar a absoluta irrelevância de que se revestem estas mudanças de camisola partidária em termos de resultados eleitorais e ainda por cima quando se registam pouco tempo antes de eleições.
Dão cinco minutos de protagonismo, afagam o ego, aliviam a bílis, mas no dia seguinte os assuntos já são outros e os transfegas voltam ao merecido esquecimento uma vez feito aquilo que pensam ser um ajuste de contas mas que não passa de uma momento patético de vidas politicas que em boa verdade não mereciam acabar assim.
E se foi assim com o fundador Magalhães Mota assim será, agora e sempre , com qualquer outro militante do PSD.
Ou de qualquer outro partido.
Depois Falamos.

P.S. E neste contexto nem vale a pena citar, porque manifestamente exagerada, a célebre frase de António Guterres sobre a folha de pagamentos de Roma...

2 comentários:

Anónimo disse...

Um artigo simplesmente magnífico.
Li e reli. Depois mandei para vários amigos.
Parabéns

José Luís Marques

luis cirilo disse...

Caro José Luis Marques:
Obrigado pelo seu comentário.
As vezes temos de dizer algumas coisas que nos vão na alma...