quinta-feira, outubro 04, 2012

Uma Falsa Questão


Sou militante do PSD/JSD há trinta e sete anos.
E espero continuar a ser por muitos mais.
Equivale isto a dizer que comigo não contam para discursos anti partidos, anti políticos e para a exaltação de tecnocrata apartidários ou de independentes vá-se lá saber de quê…
Mas porque a militância partidária não me tolhe a razão nem o sentido critico nada me custa admitir que estes 38 anos de democracia em sido, especialmente na ultima década, extremamente degradantes para a imagem dos políticos, da politica e até da própria democracia como preocupante e recente sondagem bem exemplifica.
Em grande parte por culpa da própria classe politica que se põe a jeito, é fácil reconhecê-lo, mas uma parte não depreciável da responsabilidade dos próprios cidadãos que adoram dizer mal dos políticos e culpar a política por todos os males que o país enfrenta.
Sem olharem muitas das vezes para os espelhos que tem em casa…
Agora no que não acredito, nem nos momentos de maior indignação ou desânimo, é na existência de soluções fora do quadro partidário e da vida normal em democracia típica de um verdadeiro Estado de direito.
Governos de iniciativa presidencial, nomeação de governos sem estarem legitimados pelo voto do povo ou até um regresso dos militares ao poder como alguns parecem já defender são “não” alternativas a merecerem a firme oposição de todos quantos acreditam nas instituições democráticas, na liberdade e no valor supremo do voto livre, universal e secreto.
Por isso acredito que Portugal saberá encontrar o seu caminho.
Que não passa por tecnocratas desprovidos de afectos (e os governos devem governar a pensar nas pessoas) nem em independentes da política mas sempre dependentes do poder politico e disponíveis para o servirem independentemente (aí sim independentes…) da cor partidária.
Portugal tem um governo legítimo, eleito pelo povo, e a cumprir o seu mandato.
Só em circunstâncias muito excepcionais (felizmente que já lá não está Jorge Sampaio para dar à excepcionalidade o carácter que lhe convinha), que neste momento não se verificam, se poderia admitir uma interrupção do ciclo governativo e a convocação de eleições antecipadas.
Creio que Passos Coelho deve remodelar rapidamente o governo.
Nalgumas caras, nalgumas políticas e na sua própria orgânica.
Dividindo ministérios que são demasiado pesados e com isso atraindo ganhos em termos de eficácia governativa.
A mim, como cidadão contribuinte, pouco me importa se o governo tem dez ou quinze ministros.
Quero é que governe bem!
Porque de que adiante ter um governo reduzido por questões de poupança (com tudo o que isso encerra de populismo demagógico) se depois não é eficaz na governação?
Acaba por sair bem mais caro do que ter um governo maior mas com ministros menos sobrecarregados e portanto mais céleres e eficazes a governarem.
Se PPC souber remodelar nesse sentido, chamar ao governo gente experiente e com credibilidade (eu sei que vai ser difícil…), mudar algumas das medidas mais gravosas para o bolso dos cidadãos e fizer verdadeiras reformas políticas (Regionalização, lei eleitoral autárquica, círculos uninominais e verdadeira limitação de mandatos para autarcas e deputados) então terá condições para cumprir o seu mandato e devolver a Portugal a estabilidade politica e social que nos últimos tempos tão posta em causa tem sido.
Só depende dele.
O tempo é que já não é muito…
Depois Falamos

P.S. Depois do anúncio de ontem ,das novas medidas de austeridade, o tempo que já era curto ainda ficou mais reduzido…

4 comentários:

freitas pereira disse...

Vivemos actualmente as injustiças do presente, depois de termos vivido as injustiças do passado. E sem duvida, temos de aceitar que nos tempos modernos estamos simplesmente reduzidos à democracia.

Desculpe Caro Amigo, mas para mim, a democracia não é nada mais que uma forma fraca e ineficaz da ditadura, periodicamente sancionada por massas inertes e embrutecidas pela avalanche de discursos e slogans concebidos para seres humanos de idade mental não ultrapassando os dez anos.

Uma vez eleito, cada chefe de democracia tenta pelos meios legais - por vezes ilegais - de dar a volta ao sistema afim de poder governar melhor, ou como lhe convém. Este sistema é sentido como um obstáculo por aqueles que exercem o poder. O poder não gosta de prestar contas!

Verifica-se que na sua aplicação os regimes democráticos acabam por ser verdadeiras caricaturas. Não existem verdadeiros chefes. não se governa; navega-se como se pode, com um olho nas sondagens de opinião, afim de ganhar as próximas eleições, nas quais se pensa em permanência e dão o tono.

Os dirigentes das democracias não vêm mais longe que o curto prazo : o horizonte limitado da reeleição.

A clarividência não é a qualidade mestra , incapazes de inspirar o povo, os ternos chefes de partidos transformaram-se em dóceis escravos da vontade de agradar. Ontem ao povo e hoje aos mandões do exterior. Sacrificando o povo a estes .

Não existe nada melhor que a democracia actualmente: é exactamente o que convém à nossa época degenerada! Sim, é preciso deixar vir a vaga até à costa, o que não vai tardar.

Somos obnubilados por este conceito de democracia, ao ponto de esquecer que a vida não é democrática.
A crise vai talvez repor em questão este conceito e a sua aplicação.

Porque a luz, não vem do número, mas da luz. Uma multidão de ignorantes não substitui um só que acordou. Não é a democracia ela mesma que é deficiente, porque é um conceito largamente teórico: são os dorminhocos

Em todas as esferas da actividade humana, são os melhores que são tudo.

Onde reina o capitalismo sem lei nem fronteiras, selvagem, maximalista e criador de cada vez mais desigualdade, reina a não democracia. Reina, sim, um verdadeiro e sólido despotismo do dinheiro e dos poderes plutocràticos.

Se pegarmos no exemplo da nação dita democrática, os Estados Unidos, onde menos de 10% possuem mais de 90% da riqueza , isso não tem estritamente nada de democrático! Uma democracia não pode ser justo um bocado de papel que se mete na urna todos os 4 ou 5 anos!

O sistema neoliberal assassina a democracia na sua base mesmo, pela sua incapacidade a garantir um mínimo de igualdade económica entre os cidadãos.

Freitas Pereira

freitas pereira disse...

(Complemento) :

A extensão do sufrágio dito "universal" e a criação extensão dos partidos de massa, e depois a sua transformação em máquinas eleitorais, deram consistência à democracia parlamentar antes que esta não fosse, ela mesma, confiscada pelos "executivos" dominantes que, eles mesmos, com a mundialização, abandonam os seus poderes em beneficio de instâncias mundiais sob a hegemonia do império americano ( OMC,FMI, Banco Mundial).
A dominação da burguesia, como classe, no sistema capitalista ocidental, só foi possível que pela "concessão" dum direito de expressão e de representatividade das classes dominantes, segundo um equilíbrio de forças que estas puderam impor mas que, jamais adquiridas, pode ser , a todo o momento, posto em causa.

Na realidade, a democracia no quadro do capitalismo é um meio de jugular e de satisfazer parcialmente aspirações populares a uma vida melhor, um meio de temperar a luta de classes, de "civilizar" as relações de exploração do capitalismo, ao mesmo tempo que integra representantes das classes desfavorecidas no sistema.

Por conseguinte, os partidos estão irremediavelmente conduzidos a fabricar e reproduzir oligarquias integrando-se no sistema.

Todos aqueles que, pela fortuna adquirida ou roubada, a instrução, a inteligência ou a astúcia (os espertalhões da politica , pensando no leader duma certa ilha portuguesa) têm o poder de governar e a oportunidade de o fazer, isto é todas as cliques que pertencem à classe dirigente, devem, a partir do momento em que foi instaurado, inclinar-se perante o sufrágio universal e, se necessário, seduzi-lo e engana-lo.

Quanto ao voto do povo, "esse direito de voto de pacotilha" como lhe chamam os Ingleses, a prática bem cómoda da "cozinha" eleitoral, que consiste em manipular as circunscrições para favorecer ou desfavorecer tal ou tal partido, a tal "geometria eleitoral" bem conhecida, é a prova que o mais importante é de poder contar com um bom pacote de votos em zonas fixes, onde se distribuem favores . Os tais artistas do clientelismo em politica.

Freitas Pereira


Anónimo disse...

corruptos|

luis cirilo disse...

Caro Freitas Pereira:
Creio que a democracia representativa sendo o pior dos sistemas politicos (tirando todos os outros como dizia Churchill)precisa de se regenerar e devolver algum equilibrio ás coisas. Porque o direito de votar sendo essencial não resolve por si só os problemas das pessoas e o direito que tem a participar de forma mais directa nas decisões.
O que se somado à gritante ausência de lideres,que ataca quase todas as nações democráticas, deixa que a situação social evolua da forma que vamos vendo.
O mundo está em mudança acelarada e os governantes na sua maioria não estão a perceber isso