Publiquei este artigo na edição de hoje do "Povo de Guimarães".
No próximo dia 28 o Vitória reúne em Assembleia Geral, que se deseja muito participada pelos associados, a fim de discutir e votar o relatório e contas relativo ao último exercício entre outros pontos da ordem de trabalhos.
É conhecida através da blogosfera e das redes sociais a situação agitada que se vive no clube, muito por força dos resultados desportivos mas também por opções de gestão que tem merecido a discordância de muitos sócios.
Há mais de trinta anos que assisto com a regularidade que me é possível às assembleias-gerais do clube, algumas verdadeiramente épicas outras que fora melhor nunca terem existido, e considero ser esse o local indicado para que as questões que ao Vitória dizem respeito serem debatidas.
Com a profundidade possível, com a vivacidade que é típica do nosso clube, mas se possível sem os exageros que por vezes marcam os debates mais acalorados e as questões mais polémicas que sempre existem numa colectividade com a riqueza associativa do Vitória.
Tendo como grandes temas o momento da equipa de futebol (sempre o grande barómetro do clube), as contas e a real situação do passivo, as modalidades amadoras, a eventual constituição de uma SAD, creio que mais uma vez assim será no próximo dia 28.
Deixando aqui o lamento pelo facto de não ser franqueada à comunicação social a entrada na AG, como sempre aconteceu no Vitória, quer pelos vitorianos que não podendo estar presentes se verão privados do relato do que lá se passará quer para evitar deturpações que só prejudiquem a veracidade dos factos e que são impossíveis de evitar num contexto em que os jornalistas terão de recorrer às habituais “fontes”.
Mas é sobre o futuro que pretendo aqui deixar três ideias concisas.
Sobre o modelo de gestão, o futebol e as modalidades.
Sem prejuízo de entender que é necessário debater com muita minúcia a criação ou não de uma SAD para gerir o futebol (e apenas o futebol bem entendido) acho que é inadiável o Vitória evoluir para uma gestão profissionalizada a exemplo do que se passa com os seus principais adversários.
Com ou sem SAD é impensável que o clube continue a ser gerido por pessoas que ou roubem às suas actividades profissionais algum tempo para dedicar á gestão da colectividade ou tenham a sorte de não precisarem de trabalhar e possam estar sempre no Vitória.
Creio que nenhuma das soluções é boa e restringe a muitos associados a possibilidade de participarem na gestão do seu clube.
Daí que me pareça inadiável que na próxima reforma estatutária seja prevista a profissionalização dos dirigentes (num máximo de três), com regras claras e objectivas, para que o Vitória através dessa medida possa dar um salto qualitativo de gestão que lhe permita crescer e minorar a distância para os seus adversários directos.
E, ao contrário do que alguns poderão pensar, essa alteração estatutária vai poupar dinheiro ao clube e não aumentar á despesa.
Quanto ao futebol, profissional e de formação, a sua gestão na vertente receitas/despesas deve ser completamente autonomizada do restante clube e deixar de ser a “almofada” para outros prejuízos crónicos que não são da sua responsabilidade nem por ele devem ser resolvidos.
Saúda-se a anunciada aposta numa equipa B, que será seguramente a melhor forma de os jovens da formação transitarem para a equipa principal, mas espera-se que Liga regulamente essas equipas de molde a defender intransigentemente o futebolista português.
Ou, por outras palavras, deseja-se que as equipas B (muito em especial a nossa) sejam um espaço de afirmação dos jovens futebolistas portugueses e não um viveiro onde uma chusma de empresários vá despejar futebolistas de todas as nacionalidades menos a portuguesa.
E seria muito bom que com essa hipótese das equipas B, que permitem aos clubes um muito maior controlo do processo de evolução dos seus jovens, o Vitória definisse um objectivo de médio prazo.
Por exemplo daqui a 10 anos ter 80% de futebolistas portugueses no plantel principal dos quais 2/3 oriundo da sua formação.
Finalmente as modalidades.
Que ciclicamente são postas em causa mesmo por quem por elas devia ter outro carinho, consideração e até gratidão.
Entendo que as modalidades têm de ser autos suficientes, vivendo das receitas angariadas, e contando por parte do clube com o apoio logístico necessário à sua prática e desenvolvimento.
Transportes, pavilhões e piscinas, equipamentos, inscrições nos campeonatos serão com o clube.
O resto será da esfera das modalidades numa perspectiva de gestão descentralizada.
Agora para mim o ecletismo do Vitória é indiscutível e nunca deverá ser posto em causa.
Porque é um factor de crescimento e implantação do clube mas também porque são essas modalidades que tem dado ao Vitória os títulos nacionais que tanto enriquecem o seu palmarés.
Não podemos ser ingratos com quem nos ajuda a sermos grandes!
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12 comentários:
Caro Luis Cirilo, não sei porquê, mas tem me deixado com a pulga (infelizmente não o Messi) atrás da orelha. Ao ler "Agora...O Futuro!" sempre pensei que se referisse ao imediato e não ao que nunca mais chega. Sei que a cronica já deve ter sido escrita em tempos passados, mas coisas mais importantes nos apoquentam que a criação da equipa B ou as modalidades amadoras, porque quanto ao futebol propriamente dito, mais vale estarmos calados.
Sei que é seu apanágio, "agora", não querer desvendar o teor da sua intervenção, "mais do que esperada", na proxima Assembleia, mas porra, já o tenho lido com mais "garra" a falar do actual momento Vitoriano. Espero que me engane.
Só uma dúvida, segundo O Vice-Presidente do Vitória, Luciano Baltar, em entrevista ao Expresso do Ave, o passivo do clube baixou em cerca de 1 milhão de euros. Ora bem, de acordo com o relatório e contas, agora apresentado, este aumentou cerca de 55 mil euros. Em que ficamos?? Não me diga que o Buraco da Madeira, BPN, empresas públicas e afins também são contabilizados nos orçamentos do Vitória?!!
Só a título de curiosidade, o Vitória realizou 7 milhões em vendas!!!
Não lhe parece caso de polícia?
Abraço
Caro Afonso:
Este "Futuro" de que falo não é o tal que nunca mais chega mas sim o imediato.
Agora entendo que a actual situação do clube exige clareza por um lado mas alguma prudência e muita sensatez por outro.
No dia 28 cada um assumirá as suas resposabilidades.
Caro Pedro:
Parece-me, no minimo, caso a exigir uma cabal explicação.
Porque há demasiadas contradições entre discursos e números apresentados
É o costume,todos os anos fazemos "milhoes" em transferencias,mas ou nunca entram nas contas do passivo,ou nao amortecem um centimo nele...
Enfim,dia 28 temos todos os vitorianos de estar presentes numa assembleia que poderá decidir em muito o futuro do nosso clube...
e por muito mal que faça,esta direçao tem de sair,nao podemos continuar a ser engandos por ela...
Precisamos de uma direçao que realmente ame o clube e queira escrever uma história nele!
o Vitoria é grande e nao pode ser minimizado pelos erros de pessoas que nao sentem o nosso clube!
Milhões, mais milhões, só se fala em milhões.
Nos "outros" é mais do mesmo.
Gritemos vitórias para o nosso Vitória.
Deixemos os tostões para quem de direito.
Toda a vida ouvimos este discurso.
Vamos cumprir cada um a sua parte.
O resto é Vitória, Vitória sempre Vitória!
Caro Mari Mari:
Partilho da sua opinião.É muito importante os sócios comparecerem a esta AG. É o sitio próprio para tratar dos assuntos do clube e obter as explicações necessárias.
Caro Anónimo:
É com os milhões do lado de cá e não do lado de lá que se obterão as vitórias que todos desejamos.
Por isso dou-lhe razão: Que cada um cumpra o seu dever.
Caro Luis Cirilo,
Houve um tempo próprio para pensar e decidir na urna, agora temos aquilo que a maioria merece.
Sendo nós únicos em muita coisa, importa perceber se somos capazes de o ser novamente, agora na próxima AG. Aparecerá a face dessa mesma maioria por forma a dar um novo voto de confiança á "excelente" escolha que fizeram? Ou ficará esse grupo em casa, com a resignação de nada poder fazer e com a vergonha do resultado que o seu voto originou?
Honestamente não sei, mas por tudo o que o Vitoria significa para mim e para milhares de pessoas tenho receio que, como diria o outro, estando á beira do precipício possamos dar tal o passo em frente na próxima 6ª feira. Ai então poderá seguramente dizer depois falamos...mas em 2013.
É hora de agir. De finalmente um vitoriano avançar com uma candidatura à presidência do Vitória.
O trabalho desenvolvido por esta direcção está a vista e não me refiro aos resultados e ao ultimo lugar que actualmente ocupamos, mas ao INEXPLICÁVEL BURACO das contas 2010/11 e ao saque que esta direcção não vai explicar.
Se o futuro é agora e se pretende ajudar o Vitória, deve assumir-se Sr. Luis Cirilo e apresentar as suas ideias, a sua equipa, o seu projecto.
Dia 28.10.2011, 6ª feira, será sempre um dia marcante para nosso clube. Espero que o inicio de um futuro risonho, pois "Ontem...O Passado!", apresenta-se NEGRO.
Amadeu
Caro R Ramos:
São interessantes as questões que coloca.
Mas só na 6 feira teremos as respostas.
Na certeza de que se dermos o tal passo em frente rumo ao precipicio não há 2013 que nos valha.
Caro Amadeu:
Estamos num tempo de cada um assumir as suas responsabilidades.
E de na 6ª feira, face aos esclarecimentos que a direcção vai prestar sobre contas e momento desportivo,assumir o seu sentido de voto.
Os sócios dirão que Vitória querem.
E se o futuro é agora ou qualquer dia...
No meu caso saberei sempre interpretar esses indicadores.
eu só acho que o futuro tem de ser mesmo agora. porque se continuarmos a esperar creio que ainda vamos acabar como o boavista
Cara Rita:
É um risco se as coisas não mudarem de rumo.
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