sexta-feira, abril 29, 2011

Santo Homem

O Papa João Paulo II vai ser beatificado este domingo em Roma.
Não quero, por evidente falta de conhecimentos na matéria,enveredar por comentários sobre a razão de ser desta distinção ou sobre o que ela significa na sua plenitude.
Nem se de Beato passará,um dia, a Santo.
Não sou teólogo nem conhecedor destes processos e metodologias.
Direi apenas ,baseado na minha experiência de vida e naquilo que pude apreciar da acção do Papa (eu sei que o Papa actual é Bento XVI mas para mim o "meu" Papa será sempre João Paulo II) que ele foi uma das mais marcantes personalidades do século XX e aquele que mais terá feito pela aproximação de povos e religiões.
E pela paz!
E sei também que deu um extraordinário exemplo ao mundo na forma como enfrentou a doença, o sofrimento e a morte.
Não sei, como atrás disse, se João Paulo II vai um dia ser Santo.
Mas tenho a certeza que foi ,na sua passagem pela Terra, um Santo Homem.
Que ajudou a tornar o mundo melhor.
Depois Falamos

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Sr. Luis Cirilo
Num mundo tão egoísta, em que se procura antes de mais, conseguir o maior número de bens materiais, o que até se aceita em função do quotidiano
desgraçado do actual mundo, este Homem foi realmente um exemplo para toda a humanidade, quer pelo que sofreu em atentados, quer pelo que desenvolveu em prol da paz, (no contexto dos problemas mundiais que existiram na época), bem merece a beatitude e a santidade.
Creio que quanto a isto ninguém de bom senso se oporá.

Cps

S.Guimarães

Anónimo disse...

Como o meu Amigo, também eu não conheço nada nos processos de beatificação ou de canonização de um Papa.

Mas tenho uma opinião sobre o Homem, Karol Wojtila, e primeiramente do grande homem político cuja acção, na vitoria de Solidarnosc na Polónia com a acção de Gorbatchev , vão contribuir à queda do comunismo. Nesta acção, estava mais próximo do Prémio Nobel da Paz que da Santidade.

Leader da era mediévica, incrível comunicador, capaz de mobilizar as massas no mundo inteiro, as suas palavras tinham um peso considerável no mundo cristão e não só.

Por esta razao, lamento que tivesse cometido duas faltas que muitos membros da própria igreja reconhecem.

A primeira, quando em 1980, informado do problema da pedofilia, verdadeiro escândalo mundial que viu milhares de crianças abusadas sexualmente, e que nenhuma acção foi tomada para por um termo a esta miséria moral.

E que o reverendo Degollado, fundador da legião do Cristo, que com o Opus Dei conduziu a luta ideológica contra os jesuítas e os progressistas da igreja., denunciado por 9 pessoas, por actos de pedofilia, não foi incomodado por nenhum inquérito ou afastado da igreja.

Várias vezes, os cardinais informaram o papa de novos casos de abusos sexuais. O papa cobriu com a sua autoridade moral este escândalo a grande escala. Aqui, não se trata de santidade mas de falta.

Ele será também o Papa dos anos SIDA. Foi contra o aborto, mas sobretudo fez a guerra ao preservativo, o único susceptível de limitar a pandemia.

Estas serão as duas grandes faltas de João Paulo II, mesmo se ainda hoje não “digeri” a benção papal dada a Pinochet .

Foi sem duvida um grande homem político, um papa mobilizador e conservador, não poupou a sua energia para levar até ao fim o seu mandato. Um trabalho tão esmagador sobre os ombros de um homem idoso, cansado e doente, que continuou apesar de tudo a assumir, merece o nosso respeito.

Personalidade extraordinária, de grande saber, poliglota, desportivo , uma coragem física e uma espiritualidade sem igual, só podemos admirar.

Lamentei que aquando das numerosas viagens ao estrangeiro, dos encontros com todos os leaders políticos e chefes de estado do mundo, não tivesse abordado o drama que se via já no horizonte, da orientação da economia mundial para o neoliberalismo com as suas catástrofes sociais, o pensamento único e as guerras que reforçam o ,poder do sistema mundial dominante.

Freitas Pereira


PS) Desculpe o anonimato, mas a conta Google desapareceu!

il disse...

Uma coisa que me imprecionou foi a de que era um homem crente. Ele rezava MESMO. Não se ajoelhava e fingia, como faziam/fazem tantos sacerdotes.

Defreitas disse...

Gostaria de comentar o texto de S.Guimaraes mais acima.

Ninguém pode acusar João Paulo II de ter tido um interesse qualquer, pessoalmente, pelo dinheiro, ou por outros bens materiais.

Mas esta questão do dinheiro foi precisamente uma que lhe deve ter causado imensas preocupações durante o seu pontificado.

A razão é que , sob o pontificado do seu predecessor, João Paulo I, o escândalo da falência do Banco Ambrosiano, na qual o instituto financeiro do Vaticano , principal accionista, esteve implicado, e que levou ao suicídio do director do banco, encontrado enforcado numa ponte de Londres, levantou um véu espesso sobre a personalidade de alguns cardeais e sobretudo sobre a ligação com o Banco Ambrosiano, do qual o Vaticano era o principal accionista.

Nos anos 70, estes dois institutos financeiros lançaram-se na especulação fraudulenta o que teve como resultado uma perda de 1.150 mil milhões de dollars. A consequência foi o assassinato dos banqueiros Sidona, de Cosa Nostra e Roberto Calvi.

O dinheiro , visto pelo cardeal Bertone é eloquente : “A crise financeira que varreu a economia mundial prova que a política tem necessidade da religião” ! Estranhas palavras, que , juntamente com as do cardeal americano , Mgr Paul Marcinkus , patrão do Banco do Vaticano, devem ter preocupado João Paulo II : “ Como é possível de viver neste mundo sem se preocupar do dinheiro ? Não é possível de dirigir a Igreja só com Aves Marias” !

João Paulo II afastou este cardeal da direcção do Banco do Vaticano.

Mas os segredos do Banco continuam bem guardados. E se o cardeal americano foi afastado, a opacidade que envolve o banco da Santa Sé está longe de se dissipar. O dinheiro está bem presente ,portanto, mesmo se a gestão não foi sempre lá muito « católica » !

E se a política, a religião e a finança andaram sempre de braço dado, devemos admitir que é inevitável. Trata-se de gerir a sobrevivência da Igreja, mesmo se esta necessidade parece longe da espiritualidade. E o mérito de João Paulo II foi precisamente de imprimir esta espiritualidade de todo o seu ser.

Aliás, o acto do Imperador Constantino de declarar o Cristianismo religião de Estado, foi um acto politico.

Na política como na religião, o que é mais difícil de apreciar e de compreender é o que se passa sob os nossos olhos.

De facto, vivemos num mundo onde a verdade é frequentemente traficada , escondida na escuridão da ignorância e intencionalmente enterrada na profundeza do silêncio.

Freitas Pereira

luis cirilo disse...

Caro S.Guimarães:
É também essa a minha opinião.
TAmbém teve erros e defeitos mas isso apenas acentua a sua dimensão humana.
Caro Freitas Pereira:
Como atrás dizia os erros que cometeu apenas terão acentuado a sua dimensão de Homem mortal e com imperfeições.
Numa biografia dele, da autoria de Luigi Accattoli que ando a ler em simultâneo com outros livros fica bem patente essa fragilidade de um home que sabe não ser Deus.
Creio que quer nos casos da pedofilia quer na proibição do preservativo,João Paulo II terá agido de acordo com aquilo que considerava certo e melhor para a Igreja e conforme com a doutrina.
Infelizmente estava profundamente errado.
Cara Il:
Era um home de convicções profunda. E de uma dimensão humana extraordinária.
Caro Freitas Pereira:
Em relação a este assunto das finanças do Vaticano creio que o meu Amigo tem toda a razão.
Na(s) Igreja(s), nos Estados e em tantas outras áreas pratia-se muito aquela velha máxima de que a mão esquerda não tem de saber o que a mão direita faz.
O que nalguns casos é realmente muito pouco católico