Sou por convicção um assiduo leitor de jornais.
Aliás a minha primeira memória de leitura remete precisamente para um jornal (O Primeiro de Janeiro) e para um cartoon nele publicado (O Zé do Boné) que versava temas futebolisticos se bem me lembro.
Foi a olhar para um desses cartoons,nesse jornal,que percebi que sabia ler.
Foi um momento de revelação de tal ordem que nunca o esqueci.
Pela vida fora tenho mantido esse saudável hábito de ler jornais,sejam desportivos,politicos,de espectáculos,enfim jornais.
Recordo que nos tempos do PREC,em que a informação televisiva era estatal e facciosa,existia uma tremenda apetência pela leitura da chamada imprensa livre sempre na busca da verdade que a imprensa esquerdista fazia por deturpar através dos orgãos de comunicação controlados pelo poder militar e seus aliados civis.
Foi o tempo do boom do Expresso,do Tempo, de O Jornal e de outros que veiculando diferentes opiniões politicas se situavam no campo dos defensores da democracia tipo ocidental.
O tempo andou,uns consolidaram-se,outros desapareceram,surgiram os jornais na net (de que não sou apreciador porque continuo a preferir as edições em papel),as revistas de grande informação e os canais de televisão privada.
Muitas mudanças no panorama da comunicação social.
Nem sempre para melhor !
Tiveram pois os jornais de se actualizar,de se adaptarem aos novos tempos,de perceberem que na impossibilidade de concorrerem com as televisoes e net nas noticias do dia a dia,tinham de optar por outras formas de manter leitores.
A maior parte,nomeadamente os semanários mas também alguns diários de referência,entenderam que inserir mais opinião,mais comentário,podia substituir a falta de noticias "frescas" ou a investigação que dá trabalho e despesa.
E então,nomeadamente aos fins de semana,são páginas e páginas de textos de opinião,uns de gente conhecida outros de gente que nem no respectivo condominio consegue ser reconhecida.
Falam de tudo,do alto de cátedras que só a propria vaidade reconhece,definem quem é bom e mau,competente e incompetente,sério e desonesto.
Definem quem deve liderar partidos,entrar e sair de governos,ser convocado para jogar ao domingo no respectivo clube,estratégias financeiras,timings de saida dos americanos do Iraque,enfim são uns génios.
Tem solução para tudo.
Curiosamente alguns,quando chamados so terreno do concreto,provam apenas que não tem soluções para nada.
Basta lembrar alguns comentadores politicos aquando da respectiva chamada ás lides politicas.
Fracassos totais.
Mas o mais curioso,se calhar dramático em termos de rentabilidade dos jornais,é que a maioria deles fala em circuito fechado.
Uns para os outros,uns acerca dos outros.
Um bocado como aquelas vedetas televisivas que passam a vida a convidar-se umas para os programas doutras.
Não conhecem o país,nem querem,o país não os conhece e não perde nada com isso.
Até porque o cidadão comum não só detesta que lhe digam o que deve fazer como se indigna perante os atestados de menoridade que essas sumidades são eximias em passar.
No passado fim de semana tivemos mais um exemplo disso.
A proposito de uma entrevista,genéricamente interessante,de Miguel Sousa Tavares á revista "Ùnica" em que cita Vasco Pulido Valente de forma acintosa,este que adora polémicas estéreis e que se tem a si próprio no conceito de génio,veio responder desabridamente no "Público".
É uma polémica entre eles,entre duas pessoas que se tem a si próprias no mais alto conceito existente,mas que não diz nada a mais ninguém.
Depois admirem-se de as vendas de jornais estarem em queda face a outro tipo de publicações.
Por mais que isso custe a esses "génios" e a quem os impinge aos leitores.
Depois Falamos
1 comentário:
Caro Dr.Cirilo,
percebo e concordo com este seu post.
percebo quando critica a avalanche de "entendidos" em tudo que existem actualmente em portugal.
e concordo quando diz, que o jornal é no papel.
sou um viciado em jornais.
principalmente no JN, é o meu jornal, é o jornal do norte, foi o jornal que sempre me acompanhou enquanto estive a viver no sul e depois no centro, gosto, é o suficiente.
quanto aos outros, esses são os jornais da net, em que passo os olhos para saber o que lá vai.
uma ultima referência:
falou no Primeiro de Janeiro,e fez bem, mas também queria destacar outro, o Comércio do Porto, era o jornal do meu pai.(conheço historias de pessoas que aprenderam a ler no comércio)
quantas pessoas com menos de 30 anos costumam comprar o jornal?!
é pena...
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