O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Ao longo dos vários anos de colaboração que levo com o zerozero,
através destas crónicas de periodicidade durante muito tempo semanal e agora
algo mais espaçadas no tempo, tenho procurado versar vários assuntos que dizem
respeito ao futebol português não me centrando exclusivamente no tema Vitória
Sport Clube.
Acho até alguma piada quando ao sabor do temas das crónicas sou umas vezes acusado de benfiquista e outras de portista quando os escritos desagradam alternadamente a adeptos desses dois clubes que são absolutamente iguais no pensamento totalitário de que quem não é por eles é contra eles.
Um pouco ao ritmo do que os seus dirigentes procuram fazer no nosso futebol.
Mas hoje escrevo exclusivamente sobre o Vitória na sequência de algo de histórico que esta semana foi anunciado e que terá um grande impacto no presente e no futuro do clube e da SAD que gere o futebol profissional.
Como se sabe cerca de uma dúzia de anos atrás o governo de então, procurando por alguma disciplina e alguma regra no futebol e nas contas dos seus clubes, decretou que os participantes nas competições profissionais de primeiro e segundo escalão teriam de constituir uma SAD ou uma SDUQ para neles poderem competir extinguindo o modelo associativo que durante muitas décadas fora o sustentáculo organizacional dos clubes.
Cabe aqui fazer um aparte para dizer que a intenção era boa mas o resultado foi o que se sabe com a generalidade das SAD a apresentarem enorme passivos sem que para isso se veja outra solução que não o irem pagando conforme podem as respectivas dívidas, nuns casos, ou adiando ”sine dia” a liquidação dos seus passivos nos casos bem conhecidos daqueles para quem a banca tem a torneira do crédito aberta quase sem limite.
Em 2012 face a esse contexto, e à obrigatoriedade de ir para o modelo SAD/SDUQ, também o Vitória se viu obrigado a colocar os seus associados perante essa opção tendo numa Assembleia Geral, em Novembro de 2012, sido por estes aprovada genericamente a constituição de uma SAD para a gestão do futebol profissional embora com grande desconforto por parte da maioria dos associados que nunca viram a solução com bons olhos.
Mas “dura lex sed lex” e a SAD viria a ser constituida em Abril de 2013.
Não importará agora entrar em grandes detalhes sobre o formato da SAD mas importará realçar duas questões que se viriam a revelar muito importantes nos anos seguintes.
Uma é que os direitos de veto consagrados no pacto social protegeram de forma eficaz os direitos e interesses do Vitória Sport Clube porque não a tornaram, à SAD, tão apetecível como alguns desejariam para os “investidores(???)” que pairam sobre o futebol português como abutres e que já desgraçaram clubes como o Aves, Beira Mar, Olhanense, Vitória Futebol Clube, Belenenses e outros desgraçarão se a legislalação não for alterada.
A outra foi a fraquíssima resposta do tecido económico vimaranense à subscrição de acções porque para um capital de um milhão de euros, do qual o clube ficou com 40% através de acções do modelo A, nem 10 % das restantes acções foram compradas por investidores locais o que deixou o clube no sério risco de nem o milhão de euros conseguir realizar para constituir a SAD.
Foi então que do nada, ou mais propriamente da África do Sul, apareceu o empresário Mário Ferreira que era totalmente desconhecido em Guimarães, excepto por quem o desafiou para investir na SAD do Vitória, a comprar a maioria do capital da SAD tornando-se assim no seu accionista maioritário perante a surpresa generalizada nas hostes vitorianas.
Surpresa mesclada de receio porque o investidor não só se assumia como sportinguista (nada o ligava a Guimarães e ao Vitória em boa verdade) como não se sabiam quais as suas reais intenções quanto ao clube e à SAD em que assumia posição determinante.
A verdade é que Mário Ferreira teve um comportamento absolutamente exemplar nestes sete anos de participação na SAD não só porque em nada interferiu na gestão da mesma, como era seu direito, mas essencialmente porque recusou várias ofertas pelas suas acções vindas de parceiros internacionais que despertavam os maiores receios nos associados e adeptos do clube receosos de verem acontecer ao Vitória o que já acontecera a outros clubes.
A todas as ofertas, e algumas ao que se foi sabendo que lhe proporcionariam importantes mais valias, foi Mário Ferreira resistindo dando provas de um vitorianismo que embora recente era assumido e sentido e salvaguardando o Vitória de mergulhar em aventuras de consequências imprevisíveis.
Chegamos assim a esta semana em que se dá o facto histórico que referi no início deste texto.
Mário Ferreira decide vender as acções ao Vitória Sport Clube, garantindo as mais valias naturais para um investidor mas sabendo que nessa venda o clube ficava salvaguardado, que assim ficará detentor de mais de 90% do capital social da SAD.
É um grande acto de gestão do presidente Miguel Pinto Lisboa e da sua administração que dá novamente ao clube, e para sempre assim se espera, o controle absoluto da sua SAD e simultâneamente uma grande alegria e um grande alívio para todos os vitorianos que nos últimos anos tinham vivido no permemnte sobressalto perante a possibilidade de verem a maioria da SAD cair nas mãos sabe-se lá de quem se Mário Ferreira acabasse por ceder aos “cantos de sereia” que periodicamente lhe iam chegando de vários quadrantes.
Abre-se agora um novo e gratificante ciclo na vida do clube.
Que volta a ter o controle total da SAD, sendo soberano nas decisões quanto ao futuro desta, e que possibilita que os seus associados possam ficar tranquilos quando à paz social entre direcção do clube e administração da SAD (ao contrário do que acontece noutros clubes de que o Belenenses foi o pior exemplo) bem como à avaliação convergente que a cada momento poderão fazer de ambos os orgãos.
Importa agora que este momento histórico seja salvaguardado em termos estatutários para impedir que no futuro alguma direcção, mais importada com comissões e percentagens sobre mais valias do que com os interesses do Vitória, caia na tentação de querer alienar novamente a maioria do capital da SAD.
Sendo igualmente admissível, e desejável, que a actual direcção/administração possa alienar parte das acções agora adquiridas para através de um parceiro fiável e confiável reforçar o investimento no futebol profissional do clube e projectar o Vitória para outros patamares de ambição e de conquista.
Creio que o Vitória e os vitorianos ficam com um enorme preito de gratidão a Miguel Pinto Lisboa e a Mário Ferreira que souberam, de forma discreta e muito bem sucedida ,chegar a um acordo importantissímo para a instituição e que devolve o clube aquelas origens de que tanto se orgulha permitindo a todos os adeptos poderem dizer, de novo, que “o Vitória é nosso”.
Esta foi uma semana muito feliz para o Vitória Sport Clube.
E é com muita alegria que aqui o realço numa crónica que hoje nunca poderia ter outro tema que não este.
Acho até alguma piada quando ao sabor do temas das crónicas sou umas vezes acusado de benfiquista e outras de portista quando os escritos desagradam alternadamente a adeptos desses dois clubes que são absolutamente iguais no pensamento totalitário de que quem não é por eles é contra eles.
Um pouco ao ritmo do que os seus dirigentes procuram fazer no nosso futebol.
Mas hoje escrevo exclusivamente sobre o Vitória na sequência de algo de histórico que esta semana foi anunciado e que terá um grande impacto no presente e no futuro do clube e da SAD que gere o futebol profissional.
Como se sabe cerca de uma dúzia de anos atrás o governo de então, procurando por alguma disciplina e alguma regra no futebol e nas contas dos seus clubes, decretou que os participantes nas competições profissionais de primeiro e segundo escalão teriam de constituir uma SAD ou uma SDUQ para neles poderem competir extinguindo o modelo associativo que durante muitas décadas fora o sustentáculo organizacional dos clubes.
Cabe aqui fazer um aparte para dizer que a intenção era boa mas o resultado foi o que se sabe com a generalidade das SAD a apresentarem enorme passivos sem que para isso se veja outra solução que não o irem pagando conforme podem as respectivas dívidas, nuns casos, ou adiando ”sine dia” a liquidação dos seus passivos nos casos bem conhecidos daqueles para quem a banca tem a torneira do crédito aberta quase sem limite.
Em 2012 face a esse contexto, e à obrigatoriedade de ir para o modelo SAD/SDUQ, também o Vitória se viu obrigado a colocar os seus associados perante essa opção tendo numa Assembleia Geral, em Novembro de 2012, sido por estes aprovada genericamente a constituição de uma SAD para a gestão do futebol profissional embora com grande desconforto por parte da maioria dos associados que nunca viram a solução com bons olhos.
Mas “dura lex sed lex” e a SAD viria a ser constituida em Abril de 2013.
Não importará agora entrar em grandes detalhes sobre o formato da SAD mas importará realçar duas questões que se viriam a revelar muito importantes nos anos seguintes.
Uma é que os direitos de veto consagrados no pacto social protegeram de forma eficaz os direitos e interesses do Vitória Sport Clube porque não a tornaram, à SAD, tão apetecível como alguns desejariam para os “investidores(???)” que pairam sobre o futebol português como abutres e que já desgraçaram clubes como o Aves, Beira Mar, Olhanense, Vitória Futebol Clube, Belenenses e outros desgraçarão se a legislalação não for alterada.
A outra foi a fraquíssima resposta do tecido económico vimaranense à subscrição de acções porque para um capital de um milhão de euros, do qual o clube ficou com 40% através de acções do modelo A, nem 10 % das restantes acções foram compradas por investidores locais o que deixou o clube no sério risco de nem o milhão de euros conseguir realizar para constituir a SAD.
Foi então que do nada, ou mais propriamente da África do Sul, apareceu o empresário Mário Ferreira que era totalmente desconhecido em Guimarães, excepto por quem o desafiou para investir na SAD do Vitória, a comprar a maioria do capital da SAD tornando-se assim no seu accionista maioritário perante a surpresa generalizada nas hostes vitorianas.
Surpresa mesclada de receio porque o investidor não só se assumia como sportinguista (nada o ligava a Guimarães e ao Vitória em boa verdade) como não se sabiam quais as suas reais intenções quanto ao clube e à SAD em que assumia posição determinante.
A verdade é que Mário Ferreira teve um comportamento absolutamente exemplar nestes sete anos de participação na SAD não só porque em nada interferiu na gestão da mesma, como era seu direito, mas essencialmente porque recusou várias ofertas pelas suas acções vindas de parceiros internacionais que despertavam os maiores receios nos associados e adeptos do clube receosos de verem acontecer ao Vitória o que já acontecera a outros clubes.
A todas as ofertas, e algumas ao que se foi sabendo que lhe proporcionariam importantes mais valias, foi Mário Ferreira resistindo dando provas de um vitorianismo que embora recente era assumido e sentido e salvaguardando o Vitória de mergulhar em aventuras de consequências imprevisíveis.
Chegamos assim a esta semana em que se dá o facto histórico que referi no início deste texto.
Mário Ferreira decide vender as acções ao Vitória Sport Clube, garantindo as mais valias naturais para um investidor mas sabendo que nessa venda o clube ficava salvaguardado, que assim ficará detentor de mais de 90% do capital social da SAD.
É um grande acto de gestão do presidente Miguel Pinto Lisboa e da sua administração que dá novamente ao clube, e para sempre assim se espera, o controle absoluto da sua SAD e simultâneamente uma grande alegria e um grande alívio para todos os vitorianos que nos últimos anos tinham vivido no permemnte sobressalto perante a possibilidade de verem a maioria da SAD cair nas mãos sabe-se lá de quem se Mário Ferreira acabasse por ceder aos “cantos de sereia” que periodicamente lhe iam chegando de vários quadrantes.
Abre-se agora um novo e gratificante ciclo na vida do clube.
Que volta a ter o controle total da SAD, sendo soberano nas decisões quanto ao futuro desta, e que possibilita que os seus associados possam ficar tranquilos quando à paz social entre direcção do clube e administração da SAD (ao contrário do que acontece noutros clubes de que o Belenenses foi o pior exemplo) bem como à avaliação convergente que a cada momento poderão fazer de ambos os orgãos.
Importa agora que este momento histórico seja salvaguardado em termos estatutários para impedir que no futuro alguma direcção, mais importada com comissões e percentagens sobre mais valias do que com os interesses do Vitória, caia na tentação de querer alienar novamente a maioria do capital da SAD.
Sendo igualmente admissível, e desejável, que a actual direcção/administração possa alienar parte das acções agora adquiridas para através de um parceiro fiável e confiável reforçar o investimento no futebol profissional do clube e projectar o Vitória para outros patamares de ambição e de conquista.
Creio que o Vitória e os vitorianos ficam com um enorme preito de gratidão a Miguel Pinto Lisboa e a Mário Ferreira que souberam, de forma discreta e muito bem sucedida ,chegar a um acordo importantissímo para a instituição e que devolve o clube aquelas origens de que tanto se orgulha permitindo a todos os adeptos poderem dizer, de novo, que “o Vitória é nosso”.
Esta foi uma semana muito feliz para o Vitória Sport Clube.
E é com muita alegria que aqui o realço numa crónica que hoje nunca poderia ter outro tema que não este.
2 comentários:
Bem verdade. A melhor notícia que os vitorianos tiveram nos últimos anos. É um profundo alívio ver o clube depender apenas se sí próprio para traçar o seu futuro. Miguel Pinto Lisboa tem grande mérito nesta decisão. Esperemos, como diz, que os estatutos não permitam que no futuro haja tentações de alienar mais de 51% da SAD. Saudações vitorianas.
Mjguel Silva
Caro Miguel Silva:
Seria trágico voltarmos a perder o controle do destino do nosso clube. Por isso espero que nos estatuto fique claramente consagrado que nenhuma direcção/SAD poderá alienar mais de 49% do capital.
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