Ontem,no fim de almoço, quando tomava café e passava os olhos pelo jornal não pude deixar de ouvir a conversa travada por dois clientes habituais(encontro-os lá regularmente) do estabelecimento que na mesa ao lado conversavam sobre o euromilhões .
Homens na casa dos setenta e poucos anos falavam não sobre o que fariam com o prémio, caso lhes saísse, do jackpot de hoje em termos de comprarem isto ou aquilo, de investirem aqui ou ali mas mais prosaicamente sobre o banco em que começariam por guardar o dinheiro.
Curiosamente nenhum lhes servia!
Começando pelo Novo Banco onde o filho de um deles, emigrante na Alemanha, tinha posto uns milhares de euros de poupanças e agora não sabendo deles fazia parte do grupo dos lesados do BES que andam a tentar não perder tudo.
Depois vinham o Santander Totta, o Popular, o BBV e não sei se mais algum que também não serviam porque são espanhóis e qualquer dia vão embora, diziam eles, e ficavam sem interlocutor e nem sabiam o que lhes podia acontecer ao dinheiro.
A seguir BPI e BIC também não serviam.
Mais ou menos pelas mesmas razões dos espanhóis mas no caso por serem de capitais angolanos o que para eles, condimentado com algumas considerações irreproduziveis, os eliminava liminarmente como local seguro para depositarem as poupanças.
Montepio e Caixa de Crédito Agrícola também não.
"Contam-se muitas histórias"...diziam eles.
E o Banco dos CTT, novo e sem "histórias" serviria?
Não.
Os CTT são para mandar cartas e receber as pensões diziam os dois críticos da banca com cuja angústia eu já começava a sentir-me solidário tantas as objecções ao local onde porem um dinheiro que nem sequer tinham e provavelmente nunca virão a ter.
Mas dado tratar-se de duas pessoas na casa dos setenta e poucos anos,como atrás referi, estava-me a causar alguma estranheza que não se referissem à Caixa Geral de Depósitos a entidade bancária que provavelmente os teria acompanhado ao longo da vida.
Mas lá acabou por aparecer.
Quando um deles se referiu à CGD como um banco com que trabalhavam, um e outro há cinquenta anos e que por isso podia talvez (sem muita convicção) ser uma possibilidade para depositarem o dinheiro do mais que hipotético prémio do euromilhões.
Ao que o outro respondeu de forma liminar e definitiva .
" Na Caixa? Mais valia mete-lo debaixo do colchão!"
Vim embora sem saber se tinham chegado a alguma conclusão.
Mas constatando que Portugal bem pode "agradecer" a António Costa e ao governo da geringonça o desgraçado estado em que está a imagem da Caixa perante os portugueses.
Depois Falamos
4 comentários:
O desprestígio da CGD acho que já começou antes. Como cobrança de taxas para quem tem saldo médio inferior a 3000€ por exemplo... E as taxas incompreensíveis que, de vez em quando, descontam sem sabermos muito bem do que se trata. E dos 20 000€ que transitam na nossa conta sem percebermos o que foi aquilo que apareceu e desapareceu de um minuto para o outro. E das taxas altíssimas no cartão de crédito e no crédito habitação... Há muito que Caixa deixou de ser o banco do 'povo'. Fechei a minha conta em 2011. Já era cliente desde 1982... E não me arrependo. No banco onde tenho conta agora não me cobram nada de nada sem justificarem primeiro. E deram-me a melhor taxa do mercado para a habitação. Ainda existem bons bancos apesar da comunicação social 'arrasar' tudo. Mas a Caixa já não é o que era por culpa própria. Principalmente por ter pago as vigarices de outros bancos. Para mim os bancos privados falidos deveriam ser liquidados como qualquer empresa. E os bancos deveriam ser proibidos de jogar na bolsa os nossos valores na conta à ordem (a maldita liberalização do Clinton a tentar fazer de conta que a Grande Depressão nunca existiu; os anos noventa e o 'fim da História', etc, etc...)
A crise na CGD já vem de longe parece-me.
Miguel Leite
Caro Miguel Leite:
Concordo com a sua opinião.
A CGD vem sendo mal gerida há muitos anos e a situação de hoje é o reflexo de tudo isso.
Nomeadamente no período de 2008 a 2010 foram cometidos muitos erros de gestão o maior dos quais foi a megalomania de querer ser um grande banco também em Espanha.
Claro que o ter de suportar as asneiras feitas noutros bancos também não ajudou nada à sua saúde financeira.
Simplesmente os vários governos com responsabilidades na CGD (ou seja...todos) sempre conseguiram evitar especulações e mediatismos indesejáveis em torno da instituição.
Este não.
E o penoso arrastar da situação do CA por ele escolhido apenas contribuiu para aumentar a desconfiança do povo na CGD.
Foram muitas asneiras.
Demasiados administradores, salários milionários e a deplorável rábula de não quererem entregar as declarações de rendimnentos tudo contribuiu para o desprestigio da Caixa.
E que tal por "os nomes nos bois" e denunciar o varrer do lixo para baixo do tapete por parte de Passos Coelho. A CGD está como está, o culpado tem um nome: Governo anterior, coligação de direita, CDs e PSD.
As últimas sondagens de resto ajudam a compreender o último governo de servidão aos poderes financeiros.
Caro Anónimo:
Acha mesmo? Para não lhe chamar ignorante direi que anda mesmo muito mal informado. Ou seja não sabe mesmo nada do assunto.
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