Cartoon de Miguel Salazar
O mês de Agosto é sempre propicio, dado haver mais tempo, para recordar velhas histórias e contar aqui no blogue episódios de que me vou recordando relacionados com o tempo em que integrei orgãos sociais do Vitória.
O mês de Agosto é sempre propicio, dado haver mais tempo, para recordar velhas histórias e contar aqui no blogue episódios de que me vou recordando relacionados com o tempo em que integrei orgãos sociais do Vitória.
A que vou contar a seguir tem 14 anos mas recordo-me bem porque significou a minha primeira ida à televisão.
Num sábado de Março o Vitória recebia o Benfica e pese embora o clube de Lisboa ter vencido folgadamente (1-4) há uma enorme história em volta desse jogo que ajuda a explicar o resultado e muita coisa mais.
O SLB fez o 1-0 num lance polémico (como tantos outros a favorecerem essa agremiação) e no sururu resultante em plena área vitoriana um jogador deles (Simão Sabrosa) resolveu provocar alguns jogadores vitorianos entre os quais Romeu que resolveu o assunto aplicando-lhe uma certeira cabeçada.
No meio da confusão o trio de arbitragem não viu mas o quarto árbitro, alertado pelo banco lisboeta, fez aquilo que a FIFA expressamente proibia e recorreu aos audiovisiuais como meio auxiliar de arbitragem. Ou seja, foi a uma câmara da RTP ver a repetição da jogada e sinalizou ao árbitro a agressão e este prontamente expulsou Romeu!
Infringindo leis e regulamentos, contrariando as orientações da FIFA, mas importava era favorecer os que são sempre favorecidos.
Na segunda parte o Vitória ainda chegou ao 1-1- mas no ultimo quarto de hora o SLB fez três golos (um de penalti) e lá ganhou.
Ao tempo eu era deputado e secretário-geral do Vitória pelo que aproveitava os fins de semana e os tempos livres à segunda feira para tratar dos assuntos que me competiam no clube.
Na segunda feira a seguir ao jogo chegado à sede do Vitória fui falar com Pimenta Machado que estava no seu gabinete em acesa discussão telefónica com o jornalista Bessa Tavares, ao tempo responsável pelo desporto na RTP, exigindo que no programa desportivo dessa noite no Canal 1 (creio que se chamava "O Dia Seguinte") o Vitória estivesse representado para poder denunciar a fraude cometida pela arbitragem no jogo com o Benfica.
Nesse tempo já haviam paineis como agora só que eram nos canais generalistas e tinham portanto uma audiência consideravelmente superior o que servia os propósito de Pimenta (e do Vitória) em fazer o máximo escândalo possível.
O jornalista bem argumentava que no painel só tinham lugar benfica, porto e sporting (há coisas que não mudam...) e nunca outro clube tinha tido lá assento nem sequer a titulo excepcional como o Vitória queria.
Mas Pimenta estava intransigente.
E tanto argumentou,com uns berros à mistura, que o jornalista acabou por pedir uns minutos para consultar as chefias.
Passados uns vinte minutos devolveu a chamada comunicando que a titulo excepcional, e face ao insólito do que se tinha passado, o Vitória poderia estar no programa dessa noite e pedindo a Pimenta Machado para estar nos estúdios da 5 de Outubro por volta das 22.00 h.
O que ele foi dizer...
Então é que Pimenta berrou mesmo dizendo que não era a RTP que escolhia quem representava o Vitória no programa e que o representante do Vitória seria o secretário-geral (ou seja...eu) e que não admitia sequer outra hipótese.
O "pobre" do jornalista lá pediu mais uns minutos, suponho que para investigarem quem era o secretário-geral, após o que voltou a ligar dizendo que sim senhor aceitavam que fosse o secretário-geral a estar no programa.
Acredito que o facto de ao tempo ser deputado na Assembleia da República deve-os ter tranquilizado quanto ao comportamento que adoptaria em estúdio afastando o receio de algum arremesso de cadeiras ou agressões a comentadores...
E assim foi.
Combinada a estratégia para o programa com o Presidente a meio da tarde lá me meti no carro e fui para Lisboa rumo à minha primeira experiência televisiva.
Recordo que mantive um aceso, mas cordial, debate com Manuel Damásio que era o comentador do Benfica perante o ar divertido do portista Pôncio Monteiro e do sportinguista Eduardo Barroso todos eles admirados por verem um "intruso" de outro clube no "seu" (deles) programa.
E creio, sem falsas modéstias, que soube defender a posição do Vitória e denunciar os favores da arbitragem ao clube de Lisboa.
Como já disse foi a primeira vez que entrei num estúdio de televisão (ainda vinham longe os tempos do Porto Canal) e para mim foi gratificante fazê-lo na defesa dos interesses do Vitória e podendo denunciar o "sistema" de viciação de resultados que retira verdade desportiva ao futebol.
Foi há muito tempo...
E num tempo diferente em muita coisa...
Depois Falamos
5 comentários:
Foram tempos em que tínhamos voz na defesa do clube, tínhamos alma, tínhamos uma massa adepta considerável, tínhamos...tinhamos...perdemos voz, perdemos alma,perdemos adeptos...enfim...esteremos resignados?! Julgo que começamos a estar.
Cumprimentos
F F
Caro FF:
É tal e qual como diz.
Olho com crescente preocupação o futuro do Vitória se continuar por este caminho de banalização a receber jogadores emprestados, a discutir lugares com Arouca e Rio Ave, a não ter voz sequer para se defender dos atropelos que lhe fazem.
Falo com muita gente e constato o desânimo, os lugares anuais que não compraram, as cotas que vão deixando atrasar.
Não que gostem menos do clube. Simplesmente estão a afastar-se como forma de não se aborrecerem com o que veem.
E por este caminho vamos acabar mal.
Caro Cirilo, depois da resposta que deu ao FF, não julga que estará na altura do Sr. considerar verdadeiramente a possibilidade de se apresentar nas próximas eleições presidenciais como candidato??? O que o impede? parece-me ter o apoio de um leque bastante alargado de sócios, a questão financeira (negócio da MEO por pior que seja) já não é um obstáculo e permite liquidez, tem experiência directiva, é Vitoriano (aqui não cumpre os requisitos), tem ideias fundamentadas para o clube, é uma voz ouvida entre os adeptos, o que o impede verdadeiramente de se candidatar???? Dito de outra forma, o que precisa para se candidatar, já que todos sabemos que tem esse desejo?
Cumprimentos
PS: Por favor, não dê uma resposta politicamente correcta.
Caro Pedro:
Não lhe vou dar uma resposta politicamente correcta.
Apenas manifestar a certeza de que nas próximas eleições no Vitória haverá uma candidatura alternativa ao caminho que vem sendo seguido para que os sócios possam escolher entre continuar por esta via ou seguirem por outra muito diferente.
Não quero pessoalizar mas não escondo (nunca escondi) que a presidência do Vitória é a minha "cadeira de sonho" e que se tiver condições para isso tentarei lá chegar.
Não para cumprir desejos pessoais mas porque tenho uma visão do que o Vitória pode ser e um projecto que permite cumpri-la.
E já tenho essa visão/projecto há muito tempo como sabe.
Em 2012 abdiquei de ser candidato, preferindo unir forças com outra candidatura, pensando mais no que me parecia ser o interesse do Vitória do que na perspectiva pessoal mas não tenho hoje qualquer dúvida de que errei.
Devia ter levado a candidatura até ao fim.
Importa agora é o futuro.
E nesse futuro, se a ocasião se proporcionar, não cometerei os erros do passado.
A vinte meses das eleições creio que não posso dizer mais do que isto.
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