sexta-feira, abril 22, 2016

Pontas de Lança

No futebol há duas posições no terreno que são eternas e que nenhum sistema táctico, por mais revolucionário que seja, pode extinguir.
O guarda redes e o ponta de lança.
O ultimo obstáculo a quem quer fazer golos e aquele que tem como função primordial fazê-los.
E a grande lenda do futebol, aquilo que mais popularidade lhe traz e mais jovens atrai para a sua prática, é indiscutivelmente o goleador que decide jogos e dá espectáculo na forma como concretiza os lances de ataque.
Não quero com isto tirar mérito aos grandes guarda redes (como Yashin), aos grandes laterais (como Roberto Carlos) aos centrais de eleição (como Beckenbauer), ao médios de fabulosa criatividade (como Rivelino) ou aos extremos lendários (como Garrincha) porque todos eles contribuíram e muito para fazer do futebol a modalidade mais popular do planeta.
Mas com todo o respeito por esses jogadores geniais, que em todas as posições do terreno de jogo tanto deram ao futebol, quando se fala dos pontas de lança a questão muda de figura.
Pélé, Eusébio, Romário, Van Basten, Ronaldo, Gerd Muller, Hugo Sanchez, Bobby Charlton, Tostão e tantos outros que poderia citar trazem-nos à memória aquilo que o futebol tem de melhor e que é a alegria do golo.
Eu sei que no passado jogadores como Cruyff e Maradona, e no presente jogadores como Cristiano Ronaldo e Messi, não sendo pontas de lança fizeram e fazem muitos golos e estão entre os melhores futebolistas mundiais de todos os tempos.
Mas é no fazerem muitos golos, a par de algumas jogadas inesquecíveis como a de Maradona no Mundial de 1986 face à Inglaterra, que assenta muito da sua popularidade e da admiração que tem em todo o mundo.
O ponta de lança é pois insubstituível.
Ainda me lembro de uma das melhores equipas que vi jogar na minha vida, o Brasil de 1982 no Mundial de Espanha, não ter sido campeão do mundo muito por não ter um ponta de lança (e, curiosamente, um guarda redes) à altura da restante equipa.
E no nosso particular do Vitória é sem surpresa que se ainda hoje, quase trinta anos depois de ter saído do clube, Paulinho Cascavel é tão recordado por sucessivas gerações de vitorianos muitos dos quais nem o viram jogar ou só viram no You Tube.
Porque em dois anos fez muitas dezenas de golos, alguns dos quais espectaculares, e com isso elevou para patamares inesquecíveis a prestação de uma equipa já de si muito boa.
O futebol é uma modalidade mais que centenária.
Muita coisa nele mudou ao longo dos anos.
Mas há uma que permanece imutável:
A importância dos golos e de quem os marca.
Depois Falamos.

5 comentários:

MIke_the_Bike disse...

Caro Luís Cirilo,

Sem dúvida que o ponta de lança, é genericamente a referência mediática das equipas, até porque a sua função principal é marcar golos, e essa é a essência do futebol.
Quando o Paulinho Cascavél jogava, eu era pequeno, e não tenho memória de o ver jogar, mas recordo-me dos meus primos mais espigadotes, andarem todos a imitá-lo (bigode e cabelo), mas também nos jogos de bola na rua, todos queriam ser o Cascavél.
Mais recentemente, um ponta de lança que me deixa saudades, é o Saganowski!

Miguel

luis cirilo disse...

Caro Miguel:
Eu dos pontas de lança "lendários" do Vitória nos últimos sessenta anos só não vi Edmur porque ainda não era nascido.
Mas vi Djalma, Mendes, Manuel, Jorge Gonçalves, Tito, Jeremias, Cascavel, Gilmar, Edinho, Saganowski para só falar de alguns e que já não jogam.
De todos os melhores foram Cascavel e Jeremias.
Mas Djalma também era fantástico.

Saganowski disse...

Que bom é ver que, apesar de o meu homónimo apenas ter passado aqui um ano, ainda muitos se lembram dele! Foi, depois de Cascavel, um dos poucos que deixou muitas saudades!

Lembro-me muito bem do Cascavel, da forma como ele jogava e de como os defesas tinham receio de a bola passar pelos seus pés, porque sabiam que, depois de tocar no pé ou na cabeça dele, a bola acabava sempre por ir para dentro da baliza.

Lembro-me da alegria que era para nós com 11 ou 12 anos cruzarmo-nos com o Paulinho (era assim que todos o chamavam fora do estádio!) na rua, no tempo em que os jogadores de futebol eram pessoas normais, andavam a pé na rua e iam a cafés e restaurantes como gente normal, sem se esconderem atrás de grades, em casas com seguranças e carros com vidros fumados.
Nessa altura, eram "gente como nós" e talvez por isso lhes dávamos o carinho que sempre os fez gostarem de viverem em Guimarães.
Sim, porque nessa altura, Guimarães (e o Vitória) era um pouso para muitos jogadores, onde podiam deixar os seus filhos crescer com sossego e não um entreposto de onde os jogadores entravam e saiam a cada 6 meses!
Nesses tempos, os jogadores sabiam o que era ser do Vitória e ser de Guimarães!

Anónimo disse...

Eu de todos aquele de que mais gostei foi sem duvida Djalma.
Teria 8 ou 9 anos e dessa idade há coisas que para nós eram autenticamente magia.
Aqueles dois jogos ao Braga, com 6 golos dele no Municipal e mais 5 no 1º de Maio
fez de mim o miudo mais feliz do mundo!
Lembro-me do Armando guarda redes do Braga o felicitar depois de ele o driblar e entrar pela baiza dentro.Nesse ano marcou outro golo quase igual ao Vitor Damas. Era fenomenal!
Pena a sua vida extra desportiva e o seu vício pelo alcol.

Cumpts.
J.M.

luis cirilo disse...

Caro Saganowski:
Partilho do que dizes.
Quanto ao teu homónimo, quanto ao Cascavel e quanto aos jogadores terem tempo para conhecerem o clube e o meio.
Caro J.M.:
Sem esse vicio o Djalma teria sido um jogador de selecção do Brasil.
Eu era miudo mas lembro-me bem desse jogo com o Braga no nosso estádio.
Fantástico.