O Vazio?

O PSD é um partido que ao longo dos seus 39 anos de vida se caracterizou (quase) sempre por uma intensa vida interna e pela constante assumpção de alternativas quando os seus militantes entendem que as lideranças não estão a cumprir aquilo para que foram mandatadas.
Ou quando perdem eleições.
Sendo certo que nas sua primeira década de vida se questionavam e discutiam lideranças com base em diferenças progrmaticas e até ideológicas.
Que ás vezes levavam a rupturas.
Como o MSD a ASDI ou as "Opções Inadiáveis".
Foi assim que á liderança de Sá Carneiro se opuseram grupos internos liderados por Sá Borges, por Emídio Guerreiro ou por Mota Pinto entre outros.
E a Pinto Balsemão um grupo de que os rostos mais visíveis eram Eurico de Melo, Cavaco Silva, Helena Roseta e Pedro Santana Lopes.
Depois, nos 10 anos de "cavaquismo" , a agitação interna acalmou.
Como já tinha acalmado entre 1978 e 1980 com a liderança indiscutivel de Sá Carneiro.
Acontece que depois do fim do ciclo de Cavaco Silva o PSD entrou numa época de grande agitação interna.
Fernando Nogueira foi eleito num congresso disputadissimo com Durão Barroso e Santana Lopes.
A seguir veio Marcelo Rebelo de Sousa que foi eleito sem oposição mas que a teve continuamente durante os seus quase três anos de liderança.
Quando decidiu sair foi "entronizado" Durão Barroso como "salvador" do partido mas passados escassos meses já disputava a liderança em congresso(Viseu) com Santana Lopes e Marques Mendes.
Substituído por Santana Lopes quando foi para Bruxelas, perante a "resistência" passiva de um sector do PSD, mal este perdeu as legislativas trataram de o "despachar" naquilo que do meu ponto de vista foi um erro gravíssimo que o partido cometeu.
E a agitação intensificou-se.
Em Pombal Marques Mendes derrotou Luís Filipe Menezes, na ultima eleição do líder em congresso, mas não se afirmou como líder "para fora" e viria a ser derrotado pelo mesmo Menezes nas primeiras eleições directas para a liderança.
Menezes, por razões nunca cabalmente explicadas (e que agora também já não interessam para nada), saiu ao fim de seis meses e lá vieram novas directas.
Vencidas por Manuela Ferreira Leite face a Passos Coelho e Santana Lopes mas com resultados tão aproximados entre eles que logo se percebeu que não era para durar.
E não foi.
Derrotada nas legislativas, por Sócrates, saiu e nova disputa entre Passos Coelho, Paulo Rangel, Aguiar Branco e Castanheira Barros.
Venceu Passos Coelho, como é sabido, e é hoje primeiro ministro e líder do PSD.
O líder que menos atenção dá ao partido, tanto quanto me lembro, mas também se percebe face á dimensão e dificuldade das tarefas que tem como primeiro ministro.
Como português e social democrata, rigorosamente por esta ordem, desejo que tenha sucesso e condições para continuar a liderar o partido para lá das legislativas de 2015.
Será bom sinal para todos a começar pelo país.
Mas pode não ter.
E é aí que se poderá por a necessidade de o partido escolher outro líder.
Sendo para mim claro que não poderá nunca ser ninguém da actual direcção, e só muito dificilmente alguém pertencente ao governo, por razões óbvias.
No primeiro caso porque não está lá ninguém com perfil para ser líder do PSD.
No segundo porque o desgaste será para todos caso as coisas corram mal.
E como cá "fora" a única possível alternativa, pelo menos que se conheça, é alguém que foi para casa à espera que numa situação de emergência o vão buscar (nunca gostei, em sitio nenhum, de ter de ir buscar gente a casa...) acho que o PSD está perante uma hipótese de vazio muito preocupante se 2015 correr mal.
Até porque dos antigos lideres ainda na politica activa parte deles olha para Belém e não para S. Bento ou S.Caetano à Lapa.
É o caso de Durão Barroso, Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa e até Marques Mendes.
E dos outros nenhum é alternativa para o partido.
Por tudo isto, mas essencialmente por Portugal, esperemos que daqui até 2015 as coisas corram bem.
Depois Falamos.