O Povo sair á rua é sempre algo diferente, para muito melhor, do que o poder cair na rua como alguns parecem querer fazer acontecer.
Porque o povo sair á rua significa o exercício de um direito de de forma livre e espontânea os cidadãos tomarem posições, positivas ou negativas, sobre aspectos da sua vida sobre os quais entendam dever pronunciar-se.
Já o poder cair na rua significa a desordem, o caos, a falta de autoridade e a possibilidade de a partir daí serem “incubadas” formas de exercício autoritário do poder.
Pela esquerda ou pela direita pouco importa porque não há ditaduras boas e ditaduras más.
Há ditaduras.
No passado sábado os portugueses saíram á rua por todo o país.
Naquela que terá sido a mais genuína manifestação popular desde o 1º de Maio de 1974!
Em que pessoas de todos os quadrantes políticos, de várias gerações, de origens profissionais variadas, vieram para a rua dizer ao governo, em primeira instância, que não estão nada satisfeitas com o rumo do país e com esta austeridade “cega” a que os portugueses estão sujeitos e em que não acreditam.
Porque sacrifícios por uma causa necessária, acreditando que vale a pena e tendo uma meta em vista, é “receita” que a enorme maioria sabe necessária depois dos anos de desgovernação que Portugal viveu.
Agora sacrifícios por um prazo que dia a dia parece alongar-se, pedindo redobrados esforços aos cidadãos sem que tal tenha correspondência noutros sectores económicos, gera revolta e dessolidariza as pessoas do esforço comum que é necessário.
Bem fará, pois, o governo e os partidos que o suportam (mas que cada vez parecem suportar-se menos um ao outro…) se levarem muito a sério a mensagem que de forma ordeira e pacífica (descontando alguns excessos de alguns energúmenos que são um simples caso de policia…) os portugueses lhe transmitiram no sábado.
“É preciso mudar de política, porque senão teremos de mudar de governo.”
Mas a mensagem não foi apenas para o governo.
Foi também para os partidos em geral.
Porque os que as pessoas quiseram dizer, de forma muito abrangente, foi que estão fartas deste regime politico, desta classe politica, desta forma de fazer política.
E isso é carapuça que serve a todos.
Mesmo aqueles que com o oportunismo que é a sua essência profunda (Bloco de Esquerda especialmente) quiseram aparecer á cabeça dos manifestantes como se porventura os partidos ou organizações que lideram tivessem alguma coisa a ver com a grandiosidade das ditas manifestações.
Hoje a sondagem da Universidade Católica, publicada pelo Jornal de Noticias, apenas confirma essa mensagem que os portugueses enviaram aos seus políticos.
Porque entre outros dados revela que 87% (!!!) dos portugueses estão desiludidos com a democracia.
87% é, neste caso, um número assustador.
E a que os políticos não podem ficar insensíveis sob pena de as coisas se complicarem muito seriamente.
Depois Falamos
quinta-feira, setembro 20, 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
E 87% a dizer que não se identifica com este regime,incluindo governo, não augura nada de bom, sendo que, deste tipo de descontentamento, se aproveitam, sempre, "os profissionais" do costume.
Claro que seria necessário analisar os passados 75 anos para compreender porque é que Portugal se encontra hoje na situação actual, tantos foram os erros cometidos pelos dirigentes portugueses, tanto os do regime ditatorial que os que seguiram após a revolução.
Da colonização à descolonização, do após guerra à adesão à Europa de Maastricht, Portugal deixou escapar um certo numero de oportunidades.
Quando analisamos todas as vantagens económicas que a Bélgica retirou do seu Congo Belga, e as comparamos àquelas que Portugal retirou dum Império colonial mais vasto, onde os bancos e os grandes grupos industriais foram os unicos beneficiados, (quem se recorda do Banco Nacional Ultramarino e o poder da CUF, proprietários da Guiné ? ), podemos afirmar que o povo português herdou os piores gestores da sua historia. Os resultados estão à vista .
Se, no após guerra, a única oportunidade que se apresentava à classe desprotegida, sem instrução de base nem educação , e mesmo educada,era a emigração, ilegal ou não, foi porque o governo da época nunca pensou investir no futuro .O êxodo dos anos 60 foi uma verdadeira hemorragia da força de trabalho nacional. Hoje, a hemorragia continua, e o que é mais triste é que são muitos daqueles nos quais Portugal investiu nestes últimos anos, na educação e na formação profissional, o sangue vivo da nação, que procuram de novo o futuro debaixo doutros céus.
A adesão à Europa de Maastricht, sem adopçao dum factor corrector das economias mais fracas, foi um erro imperdoável , não só para Portugal mas também para outros países dotados de economias incomparavelmente mais fracas que o grupo dos sete , promotores da UE.
Portugal, abandonou a sua moeda, portanto uma politica monetária adaptada especificamente à situação económica nacional, para integrar a zona euro. Duzentos escudos para um euro ! Que grande ilusão! Ora a paridade de 200 escudos para um Euro não correspondia absolutamente em nada aos fundamentais da economia portuguesa.
O Euro-Marco é uma moeda sobrevalorizada em relação à competitividade intrínseca da economia portuguesa, como o era para a da Grécia e doutros paises da UE.
A economia tinha necessidade duma moeda fraca para suportar as suas exportações. A adopção do Euro tornou-as mais difíceis. No plano interno, o Euro forte encareceu instantaneamente os produtos de base, sobretudo a partir do momento em que as barreiras alfandegárias desapareceram permitindo a entrada de toda uma série de produtos que até agora eram nacionais. A agricultura e a pesca, foram particularmente sacrificadas às regras impostas pela Comissão de Bruxelas.
Num pais onde os salàrios estagnaram desde entao.
A globalização veio dar a estocada final na indústria portuguesa. A concorrência asiática, a cupidez dos investidores, a má gestão dos dinheiros comunitários , mergulharam o pais na recessão , aprofundando o défice e a divida publica
O FMI, a Troika, como ontem na Grécia e na Argentina, impôs um plano de rigor drástico sem permitir ao pais de sair da zona Euro . E o pais não pode desvalorizar a moeda, ao passo que a Argentina pôde !
Como era de prever, esta politica conduziu a um impasse: sofrimento social, desemprego maciço, agravação da recessão, quebra das receitas fiscais e explosão do défice e da dívida.
Portugal voltou para tràs!
Creio que alguém vai ter de gritar alto e forte em Portugal, que este pais não pode pagar a divida. Uma reestruturação impõe-se . Ou para ser ainda mais claro, um abandono duma parte da divida é necessário.
Um plano de relance deve ser articulado imediatamente , que é o contrario da austeridade que não leva a lado nenhum salvo à falência. O crescimento é necessário para melhorar as receitas fiscais, e diminuir o desemprego.
E começar uma nova vida!
A UE, o BCE, e os governos europeus credores de Portugal, reproduzem os mesmos erros que o FMI.
Freitas Pereira
Isto não é novidade. Se todos bem se lembram se recuar 2 ou 3 anos podemos ver que os portugueses em Salazar para maior político do Sec.XX ou algo assim do género. Isso foi logo um aviso da desilusão dos portugueses para com os actuais políticos... Verdade?
A rua é um tunel!
Ninguém sabe ainda como, nem quando, vamos poder sair do túnel negro no qual o mundo se aventurou! Aqueles mesmos que nos precipitaram nele também não sabem! Mas uma coisa é certa: Quando voltarmos à claridade do dia, o mundo que vamos encontrar à saída do túnel não poderá ser o mesmo. Aqueles que pensam que o que vivemos actualmente faz parte da vida normal da humanidade, que se afunda de vez em quando – eles dizem ‘ciclicamente – no caos, para sair depois, regenerada e pronta para afrontar a próxima catástrofe, enganam-se.
Por trás da crise financeira actual, muitas perguntas vão pedir respostas claras e precisas, porque senão o risco de convulsões sociais graves será evidente.
Que a economia real tenha sido muito seriamente atingida, ninguém tem duvidas; mas para lá de algumas declarações de compaixão, na realidade isso não preocupa sobremaneira esses maestros da especulação mundial.
Eles vivem noutro mundo, o da economia “virtual”, como se fossem colonisadores no interior dos seus próprios países.
Sabemos bem que o génio do capitalismo consiste precisamente na sua falta de moralidade. Sim, porque por definição, o capitalista não se pode fiar noutra coisa que nos seus resultados financeiros.
Aliás, se se aspira unicamente a dotar de um número crescente de bens de consumo um número crescente de seres humanos, sem se preocupar da qualidade dos seres nem das qualidades dos bens, então o capitalismo é a solução perfeita. Sem duvida nenhuma.
Qual é o grito da rua, Caro Luis Cirilo?
Mas, enfim, qual é o futuro de um modelo económico que transforma os cidadãos do mundo em assalariados, depois em desempregados, tornando-os dependentes da loucura financeira quanto mais não seja para simplesmente se alimentarem?
Qual é o futuro de um modelo económico que faz do trabalho (assalariado, claro) o seu valor central et que destrui empregos públicos e privados?
Qual é o futuro de um modelo económico que faz do consumismo o seu motor e a sua droga em venda livre, mesmo ao domingos, ao mesmo tempo que confisca dois terços (2/3) do valor criado pelo trabalho em beneficio do capital? Capital que não reinveste mas joga no casino da bolsa.
Qual é o futuro de um modelo económico que até já nem sabe como se construem os preços e de onde vem o dinheiro?
Qual é o futuro de um modelo económico que faz da divida publica e privada, o seu motor de crescimento em vez da justa retribuição?
Qual é o futuro de um modelo económico que mantém a sua regra sacrossanta de acumulação do capital, deslocalisando as empresas e reduzindo o trabalho ao simples valor de um custo que convém reduzir de não importa qual maneira?
Qual é o futuro de um modelo económico que para continuar um crescimento infinito esgota todos os recursos do planeta, incluindo os humanos.
Qual é o futuro de um modelo económico, o capitalismo do desastre, que se regenera pela acumulação das catástrofes?
Que são estes políticos que acabam de descobrir interesse pelo Estado e do trabalho coordenado, enquanto apregoam a concorrência (guerra) de todos contra todos?
E, finalmente, qual é o nosso futuro?
Confesso que estou preocupado. Estou preocupado porque são os mesmos que nos venderam durante anos, John Maynard Keynes, a filosofia do qual tinha permitido o equilíbrio entre o capital e o trabalho, que nos querem vender agora a economia global e os orçamentos equilibrados dos Estados à força de austeridade e sacrificio dos mais desprotegidos.
A rua pode transformar-se no caos!
É uma luz ao fundo do túnel que se acende! Mas só isso. Finalmente, a Igreja, através da sua cátedra educacional, a Universidade Católica, presta um serviço público à altura do momento! Parabéns! Mas é apenas uma sondagem com resultados pouco ou nada reivindicativos. O Governo fica informado do descontentamento geral. Já o povo fica contente, mas de braços cruzados até às próximas eleições. Esse é o problema! As eleições para a escolha de uma Assenbleia, de um Governo ou de uma Câmara têm quase sempre de recorrer a uma simpatida ou filiação partidária. Vemos por este estudo que a política assente na democracia tradicional e de valores é uma ciência que já deu provas não funcionar em Portugal. Os interesses pessoias das cúpulas sobrepõem-se aos interesses do Estado. Por conseguinte, os interesses do Estado são usados beneficiar privados num ciclo vicioso de impunidade e em detrimento do bem-estar económico e social dos portugueses.
Do ponto de vista da adjectivação até agora era utilizada pelos partidos para convencer as massas, a estabilidade deixou de fazer sentido com a TROIKA a mandar; a transparêcia desapareceu com tanto nevoeiro a pairar em negócios obscuros; a credibilidade volta a ser confundida com nomeclaturas bancárias; e o rigor só o do ponteiro do relógico. Pode-se dizer que o desenvolvimento está parado e com a inexistência do progresso regridem-se as mentalidades ao tempo da pedra e à pedrada.
É inevitável a criação de um novo sistema político que se ajuste com rapidez ao interesse geral. Que passe a auscultar em tempo real as precupações, as necessidades e a vontade do povo de cada localidade e de cada região, agindo consoante parâmetros rígidos e inflexíveis. Um Governo para Portugal tem de ser como um Google e um Facebook para a internet.
Caros comentadores:
Concordando de uma forma geral com os vossos comentários creio que importa fazer um esforço de racionalização.
Governo, sindicatos, partidos, associações profissionais,povo, por mais dificil que seja tem de encontrar uma solução de compromisso. Os tempos que vivemos são tão excepcionais que provavelmente não dispensarão uma solução de...excepção.
Porque o poder na rua não é solução
Enviar um comentário