Sabemos (?) os tempos difíceis que se vivem.
A crise instalada que parece ter vindo para ficar.
Os sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses num crescendo que ninguém sabe onde e como vai parar.
Um ano de 2011, que até pelas medidas aprovadas em Orçamento de Estado, promete ainda mais dificuldades a juntar aquelas que todos sentem.
Anuncia-se já para a semana que vem, primeira do novo ano, um aumento generalizado de prelos em bens e serviços essenciais.
Toda esta conjuntura apontava no sentido de uma drástica contenção naqueles gastos que ainda são passiveis disso.
Por exemplo nas compras de Natal.
O que se viu ?
O habitual frenesim consumista, os centros comerciais cheios, as filas enormes nos seus acessos.
Dir-me-ão que a quadra justificava isso.
Talvez .
Pelo menos parcialmente.
Mas a verdade é que se tornou difícil descobrir grandes diferenças em relação a anos anteriores.
Hoje mesmo começou a habitual época de saldos.
Lá estavam outra vez os shoppings cheios, o trânsito intenso, a "febre" (diria doença em muitos casos) de comprar,comprar,comprar.
Desconfio que para muitos isto vai acabar muito mal.
E não foi por falta de aviso.
Depois Falamos
terça-feira, dezembro 28, 2010
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9 comentários:
Pois é Caro amigo :
Ocupar os dias, as soirés, as pernas, as cabeças, as mãos, os ventres, os olhos ! Sobretudo não se questionar. Nada mais que possa parar o vai e vem geral : consumir/ produzir, consumir/produzir. A grande ilusão!
O que é grave nos nossos países ocidentais, é que pouco a pouco nem o prazer de produzir nos deixam. Outros encarregam-se dessa tarefa. Como é que podemos continuar a consumir , sem produzir ?
Graças ao cartão de crédito ! Cada um dos pequenos rectângulos de plástico, que constituem por assim dizer um jogo de sociedade, no qual a mesma sociedade se perde. Assim aconteceu aos Americanos, que o pagam hoje muito caro, embora também o façam à nossa custa!
Resumindo, o fim material de toda actividade humana é o consumo !
E neste caso, resignando-se, o infeliz consome a sua infelicidade. Presente e futura.
Bom Ano Novo
Freitas Pereira
Esta questão do consumismo tem de ser encarada com algum cuidado.
Obviamente que só se deve gastar o que se pode pagar, mas os sucessivos apelos à contenção, à poupança e à eliminação de gastos não essenciais, pode dar mau resultado.
Imagine-se o que seria se os centros comerciais estivessem vazios, se toda a gente se metesse em casa para não gastar...
A actividade económica de muitos sectores, nomeadamete comércio e hotelaria acabaria por paralisar, agravando este círculo vicioso de quebra de rendimentos.
Obviamente que a situação está má, mas há tratamentos que podem causar mais danos que as próprias doenças
maso25_migas@hotmail.com
caro Cirilo, penso que a crise se sente mas é no meu bolso.
é uma vergonha os centros comerciais cheios, é vergonhoso a quantidade de livros, perfumes, roupa, joias.
é vergonhoso, posso estar contra o governo, mas sinceramente, pelo que se viu nesta quadra natalicia governo nao deveria colocar o iva e impostos mais altos, deveriam sim dobra-los, porque neste país a crise, a verdadeira crise que exista é psicologica, é a pobreza de espirito, a pobreza na analise da situação financeira. e a crise mais grave que podemos ter é essa. para a grande maioria dos portugueses a verdadeira crise é a soma de : nao ter dinheiro para luxar(roupa de marca, carros e perfumes), e para almoçar ou jantar. enfim, impostos a dobrar, Iva a dobrar em roupa, e luxos!!!
Caro Freitas Pereira:
É realmente o mundo da ilusão aquele que os cartões de crédito "oferecem".
E a pulsão para comprar,para consumir,para acreditar que nos saldos se fazem grandes negócios constitui uma desgraça em crescendo para muitas familias.
Triste mundo este.
Caro Anónimo:
Claro que se o consumo parasse a crise aumentava.
Agora creio necessário que as pessoas optem pelo consumo sensato,moderado e recusando o superfluo.
E acredite que nestas compras de Natal e consequentes saldos se gasta dinheiro muito mal gasto.
Caro maso25
Te razão em muito que diz.A que eu acrescentaria que um dos aspectos mais chocantes da crise é a irresponsabilidade com que muitos estão perante ela.
Critica-se a subida dos bens essenciais, mas ninguém critica a subida das outras "coisas".
Tabaco, vinhos, perfumes, restaurantes, futebois, moda e sapatos...ningém diz nada!
E as viagens de pópó para tudo que é sitio no fim-de-semana,é sempre a abrir, a gasolina e os lanches, ninguém diz que são caros.
Porra só falam do leite e da educação.
Cambada de broncos, muitos portugueses.
Caro Anónimo:
Tudo ajuda á crise.
Mas há coisas mais essenciais que outras.
Se desejasse ser um pouco provocador, diria que a burguesia que domina a economia, tem todo interesse na criação de “necessidades” ,” de ilusão” ou realmente de” desejos” sempre renovados, na sociedade. O mercado, o mercado, o mercado ...
A obrigação de consumir é conseguida de maneira eficaz pela promoção do crédito.
O crédito é na realidade um adestramento ,( como para os animais!) socio-economico sistemático à poupança forçada e ao calculo económico de gerações de consumidores.
Basta lembrar que no decurso do XIX século, o capitalismo procedeu primeiramente ao adestramento das populações rurais ao trabalho industrial. Desde que as forças do trabalho foram solidamente socializadas, só foi preciso socializar as forças de consumo.
O sistema industrial, tendo socializado as massas como força de trabalho, foi mais longe , depois, afim de os socializar ( isto é, controlà-los) como forças de consumo. Para isso, bastava fornecer-lhes uma ideologia que identificasse o objectivo da vida, o prazer e a felicidade, ao consumo.
O controlo foi assim total, porque aqueles mesmos que são controlados não têm outro objectivo senão o que o sistema lhe propõe: Consumir! Num mundo onde a técnica conheceu um tal desenvolvimento, a principal preocupação não é de fornecer trabalho mas de fazer consumir. (Importa lá se é produzido no estrangeiro e se o desemprego aumenta em casa !)Toda a gente não é trabalhador.. mas todos somos consumidores! A única função insubstituível num indivíduo é a de consumidor! Assim, o indivíduo serve o sistema industrial ,não trazendo as suas poupanças nem fornecendo o capital, mas consumindo os seus produtos.
Aliás, não existe nenhuma outra actividade religiosa, política ou moral à qual se prepara o indivíduo duma maneira assim tão inteligente e tão custosa (publicidade) Ah se se dedicasse as mesmas fortunas para educar politicamente o cidadão !.
Aliás, quando alguém fala de boycott, esta ameaça é preocupante para aqueles que dominam o sistema, porque o boycott ataca a finalidade mesmo do sistema da sociedade de consumo.
Porque é que chamamos “associal” ou “marginal” àqueles que não estão integrados no sistema de consumo ? A significação exacta do “excluído” é mesmo de ser”excluido” do sistema de consumo. Não poder ir como a gente “normal” ao supermercado, visitar as ‘boutiques’, vestir-se à moda etc.
Qual é o meio mais eficaz de integrar os jovens? A utilização do uniforme -vestuário , as marcas célebres e reconhecidas. A marca permite a marcação social das populações, ela é o sinal do indivíduo integrado socialmente. E inculcar esta ideologia desde a infância é essencial! O consumo aqui é uma conduta activa , colectiva e selectiva, é uma moral, é uma instituição. E mesmo uma coacção para não dizer uma violência.
E a publicidade em tudo isto ? Efectuar o condicionamento necessário à sua própria auto-perpetuaçao, adestramento à sociedade de consumo. Uma forma subtil de “propaganda” da ideologia de consumo. O elogio frenético do consumo, transformado em “progresso”!
O vosso telefone vai mudar ? Mudemos de telefone! Precisamos de ser inovante, ‘in’, tendência, glamour!
Em suma, a mitologia do progresso legitima e amplifica o consumo. Uma nova religião que substitui a ‘outra’! A milenária !
O problema é que são os mais fracos economicamente que são as vitimas privilegiadas do sistema. Incapazes de resistir às sirenes, o fosso que os espera será mais profundo. Outros há, que procurarão esconder os mesmos problemas, “noblesse oblige”! Mas o resultado é o mesmo!
Freitas Pereira
Se desejasse ser um pouco provocador, diria que a burguesia que domina a economia, tem todo interesse na criação de “necessidades” ,” de ilusão” ou realmente de” desejos” sempre renovados, na sociedade. O mercado, o mercado, o mercado ...
A obrigação de consumir é conseguida de maneira eficaz pela promoção do crédito.
O crédito é na realidade um adestramento ,( como para os animais!) socio-economico sistemático à poupança forçada e ao calculo económico de gerações de consumidores.
Basta lembrar que no decurso do XIX século, o capitalismo procedeu primeiramente ao adestramento das populações rurais ao trabalho industrial. Desde que as forças do trabalho foram solidamente socializadas, só foi preciso socializar as forças de consumo.
O sistema industrial, tendo socializado as massas como força de trabalho, foi mais longe , depois, afim de os socializar ( isto é, controlà-los) como forças de consumo. Para isso, bastava fornecer-lhes uma ideologia que identificasse o objectivo da vida, o prazer e a felicidade, ao consumo.
O controlo foi assim total, porque aqueles mesmos que são controlados não têm outro objectivo senão o que o sistema lhe propõe: Consumir! Num mundo onde a técnica conheceu um tal desenvolvimento, a principal preocupação não é de fornecer trabalho mas de fazer consumir. (Importa lá se é produzido no estrangeiro e se o desemprego aumenta em casa !)Toda a gente não é trabalhador.. mas todos somos consumidores! A única função insubstituível num indivíduo é a de consumidor! Assim, o indivíduo serve o sistema industrial ,não trazendo as suas poupanças nem fornecendo o capital, mas consumindo os seus produtos.
Aliás, não existe nenhuma outra actividade religiosa, política ou moral à qual se prepara o indivíduo duma maneira assim tão inteligente e tão custosa (publicidade) Ah se se dedicasse as mesmas fortunas para educar politicamente o cidadão !.
Aliás, quando alguém fala de boycott, esta ameaça é preocupante para aqueles que dominam o sistema, porque o boycott ataca a finalidade mesmo do sistema da sociedade de consumo.
Porque é que chamamos “associal” ou “marginal” àqueles que não estão integrados no sistema de consumo ? A significação exacta do “excluído” é mesmo de ser”excluido” do sistema de consumo. Não poder ir como a gente “normal” ao supermercado, visitar as ‘boutiques’, vestir-se à moda etc.
Qual é o meio mais eficaz de integrar os jovens? A utilização do uniforme -vestuário , as marcas célebres e reconhecidas. A marca permite a marcação social das populações, ela é o sinal do indivíduo integrado socialmente. E inculcar esta ideologia desde a infância é essencial! O consumo aqui é uma conduta activa , colectiva e selectiva, é uma moral, é uma instituição. E mesmo uma coacção para não dizer uma violência.
E a publicidade em tudo isto ? Efectuar o condicionamento necessário à sua própria auto-perpetuaçao, adestramento à sociedade de consumo. Uma forma subtil de “propaganda” da ideologia de consumo. O elogio frenético do consumo, transformado em “progresso”!
O vosso telefone vai mudar ? Mudemos de telefone! Precisamos de ser inovante, ‘in’, tendência, glamour!
Em suma, a mitologia do progresso legitima e amplifica o consumo. Uma nova religião que substitui a ‘outra’! A milenária !
O problema é que são os mais fracos economicamente que são as vitimas privilegiadas do sistema. Incapazes de resistir às sirenes, o fosso que os espera será mais profundo. Outros há, que procurarão esconder os mesmos problemas, “noblesse oblige”! Mas o resultado é o mesmo!
Freitas Pereira
Caro Freitas Pereira:
Estou tão de acordo que nem me atrevo a comentar. Acho quie o seu diagnóstico está perfeito.
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