Porquê ?

Não há boa forma de receber más noticias !
Hoje de manha,a meio de uma conversa telefónica (quase) totalmente politica,a pergunta fatal:
"È verdade,sabes que morreu o Joao Carlos ?".
Não sabia.
E a noticia dada por amigo comum,provavelmente pensando que sabia,acabou por sendo reveladora não ser surpreendente.
Conheci o Joao Carlos anos atrás,aí pelos finais de 1999,na Assembleia da República onde ao tempo trabalhava.
Eu,deputado recém eleito,chegado a um mundo novo,encontrei nele praticamente desde o inicio um apoio para me ensinar caminhos,metodos,acessos,etc,etc.
Foi,desde logo e á primeira vista,um amigo.
Algarvio,de Portimão,era um optimo conversador sobre o "nosso" PSD,sobre cinema,sobre futebol em que sendo um benfiquista ferrenho,mas lucido,nunca tal impediu,bem pelo contrario,saudaveis discussoes a´volta do imenso nada que é o futebol português.
Foram muitas horas de conversa,quantas vezes noite dentro,sobre uma imensidão de assuntos que a ambos dava prazer conversar e que na maioria das vezes nem pela nossa actividade profissional passava.
Recordo,já com uma saudade irremediável,essas conversas,esses momentos de amizade,essa partilha de gostos e de actividades.
Em 2004,lei da vida,começamos a seguir caminhos diferentes;o Joao Carlos resolveu sair da Assembleia e seguir uma via profissional mais condizente com a sua formação em gestão de empresas.
Enquanto estive por Lisboa,fomo-nos encontrando,almoçando aqui,jantando ali,mantendo viva uma amizade que não custou nada a crescer e a solidificar-se.
Com a dissolução da assembleia fomo-nos perdendo de vista,pese embora os mails,os telefonemas e um outro sms divertido á volta das desventuras do SLB e do Vitória.
Recordo agora que o vi pela ultima vez na campanha de Luis Filipe Menezes para o congresso de Pombal.
Apareceu,de surpresa,numa sessão em Portimão para no meio das habituais "provocações" mutuas me dizer,com a piada habitual,que estava connosco.
De lá para cá...muito pouco.
Um telefonema no Natal,outro de pura amizade quando o Vitória desceu de divisão,um ou outro mail e...o silêncio.
Soube agora,que tinha regressado a Portimão.
O Joao Carlos,no meio de imensas virtudes e qualidades,tinha também os seus defeitos como qualquer um de nós.
Um dos maiores eram os dois maços de Camel que fumava por dia !
Motivo de acaloradas discussões entre nós,em que ele entre duas passas,me dava toda a razão.
Uma certa altura,ai por 2002, anunciou-me,determinado,que ia deixar de fumar.
E deixou.
Por uma ou duas semanas.
Voltou ao vicio,ainda com mais "determinação" e rapidamente voltou aos dois maços.
A ultima vez que o vi,em 2005,achei-o,percebo agora porquê,com mau ar.
Macilento e cansado.
Recordo que me disse com ar feliz que tinha deixado o tabaco,definitivamente,meses atrás.
O cancro nos pulmões é que não o deixou, a ele, definitivamente também.
Morreu novo,aos 36 anos,com uma vida cheia de projectos por realizar,com uma familia que adorava e com o Ricardito que nunca perceberá porque é que o Pai partiu tão cedo.
Porquê ?
Depois Falamos (com o João Carlos é que infelizmente nunca mais.)